Pessoas normais

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A tristeza já é tão familiar para mim que passou a trazer conforto. Isso é ainda mais aterrorizante para mim porque parece que por causa disso eu tenho medo de ficar bem. Eu não quero ajuda, eu não quero melhorar, só faço isso para enganar o peso no subconsciente.

Todos os dias para mim parecem sempre os mesmos, independente do que faça de novo logo se torna rotina. O dia do meu aniversário, festa, trabalhos da escola, cinema com amigos, formatura, tudo parece e acaba se tornando pacato para mim. Porque isso continua assim? Porque eu continuo aqui?

O dia em que eu morrer vai ser só mais um dia comum e pacato. Quando admiti isso para mim mesma percebi que as coisas não vão mudar definitivamente, vai haver uma melhora momentânea para em seguida tudo voltar a ser como antes.

Quando eu morrer vou ser uma morta livre. Livre das coisas do mundo, livre de esperanças e temores, livre das frequentes preocupações, livre de qualquer outra coisa, só não talvez livre de mim mesma. E não adianta mudar o cenário ou o plano espiritual se os problemas sempre vão estar em mim.

Estou vivendo em um estado que não tenho razões para partir, além de dar um fim em tudo isso que sinto, mas também não tenho motivos para ficar. É tudo sempre tão apático.

Acho que independente do que eu vá fazer e do que eu escreva para justificar ninguém nunca vai olhar pelo meu ponto de vista, então ninguém nunca vai entender de verdade.

O fato de eu não conseguir dar uma razão para toda essa confusão que eu sinto me faz pensar que talvez eu sempre tenha sido doida assim. 

Eu não sei. Eu não consigo ver o fundo, posso olhar para cima e ver o quanto eu caí, o quanto eu piorei, mas não consigo dizer se esse é o fim, se eu cheguei no fundo porque as coisa se estabilizaram dessa forma ou se daqui algumas semanas eu vou me afundar um pouco mais.

Eu costumava rir de tudo até um tempo atrás, hoje em dia costumo não sentir graça de nada, apesar de soltar risadas forçadas na maioria das vezes.

Acho que eu simplesmente sou assim e vou ficar assim.

Eu poderia ter te contado que sou suicida, que não quero continuar vivendo na maior parte do tempo e que venho lutado contra mim mesma a no mínimo 9 anos, poderia ter te contado sobre tudo isso e muito mais porque nunca mais vou ver você. Mas não fiz porque por um momento eu quis ser como as pessoas normais.

Flores, cigarros e textos sem sentido no final do diaOnde histórias criam vida. Descubra agora