cabecinhas de vovó

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Eu pedi de todos os jeitos para conseguir voltar a escrever. Assoprei cabecinhas de vovó e desejei do fundo do coração algum tipo de inspiração, e quando deu 11:11 eu não desejei que ele voltasse como fazia antes, eu desejei voltar a escrever.

Isso era a única coisa que eu fazia, que me deixava feliz, mas de repente, ao tentar relatar que o mundo era azul, verde e cinza eu percebi que já não tinha mais inspiração. Eu chorei, implorei e gritei com todo ar dos meu pulmões para que pudesse voltar a escrever.

E a inspiração veio depois de orações internas e muitas cabecinhas de vovó, depois de incontáveis 11:11, finalmente, enquanto eu lavava as mãos, elas vieram, as palavras, e eu as escrevi, e depois ela foram embora de novo.

Sobre o que eu poderia falar?

Hoje o dia foi bom para algumas pessoas, ruins para muitas outras. Definitivamente não foi bom para mim, então eu me pergunto quando, o dia foi realmente bom para mim. Qual foi o dia? O mês? O ano? A estação na época? Eu não me lembro porque não teve um dia realmente bom. Não teve um dia em que eu sorri ao acordar e ao final do dia o sorriso me acompanhou até eu fechar os olhos e dormir.

Porque eles não percebem, ou quando percebem não perguntam o que podem fazer para melhorar, não, eles perguntam se estou bem. Não eu não estou bem, eu não sei o que está acontecendo, não existe mais aquela motivação para contínua, e nunca houve dias bons, mas como eu poderia explicar esse vazio constante dentro de mim? Se nem eu mesma entendo. Eu só queria que alguém se orgulhasse, eu queria ser precisa em algum lugar, ser útil e fazer alguma coisa certo.

Mas dias bons nunca existiram para mim. Não, na verdade existiam ainda as falsas esperanças, na época em que eu achava que estava bem. Eu nunca estive realmente bem também? Então, se é realmente essa a realidade, o que eu tanto busco? O que eu procuro inconscientemente? Qual será o motivo de tantas lágrimas derramadas? Porque sempre tantas perguntas? Por quê?

Eu acho que é por isso que eu me acabei tanto dessa vez, porque eu achava que estava bem, e de repente fiquei mal, sem motivação. Eu já superei tudo que eu tinha que superar, as mágoas, as decepções, o arrependimento, tudo. Mas o que sobrou, o que me atormenta e não me permite dormir?

Essas perguntas, mesmo sabendo que ficaram sem resposta, por que questiono tanto, mesmo sabendo que no fundo, nem a pessoa que poderia me ajudar compreende.

O que eu posso fazer agora? Seguir em frente, mesmo estando assim... Não consigo explicar isso que cresce dentro de mim. Eu tenho medo de tudo, tenho que evitar tudo para não ter mais uma crise.

Como eu, uma pessoa normal, posso seguir em frente, nada me prende, mais nada me segura, mas mesmo assim eu não quero ir embora. Não ainda não, porque mesmo não compreendendo, eu sei que ainda não fiz tudo que deveria, ainda tem coisas, que mesmo ocultas ainda tem que ser feitas.

Quantas cabecinhas de vovó eu terei que assoprar? Quantas orações terei que fazer? Quantos 11:11 eu teria que esperar? O quão profundo eu terei que desejar? Para que tudo isso faça sentido. E depois, quando for compreensível, o que mais terei que fazer, quantas vezes, para poder superar?

A inspiração finalmente veio, mas com ela também veio a tona tudo que eu tentava a todo custo esconder, mentindo que estava tudo bem...e agora? O que fazer?

Flores, cigarros e textos sem sentido no final do diaOnde histórias criam vida. Descubra agora