Capitulo10

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Depois de uma manhã e tarde, empregadas em esforço inútil para despertar seus poderes, Mikael caiu agradecido no chão quando Anúbis declarou que o treino estava acabado. Com um suspiro, seu professor o pegou pela mão e o puxou do chão para ajuda-lo a levantar.

- Ao contrário de seu talento nato para as armas, você não tem nenhum excepcional talento na magia não é? - disse Anúbis com um sorrisinho sarcástico.

- Me dá um tempo também né? Dois meses atrás, eu nem sabia de nada disso. Ainda estou me acostumando. - respondeu um Mikael meio mal humorado.

- Não quero desculpas. Não me importa que você tenha pouco tempo para aprender magia. Seu pai me deu você para instruir, e será isso que eu farei mesmo que tenha que abrir sua cabeça e colocar o aprendizado aí dentro. - respondeu Anúbis numa brincadeira ao ver a cara engraçada de mal humorado de seu aprendiz.

- Agora vá dar uma volta pelos jardins para esfriar um pouco a cabeça. - disse o mestre enquanto enxotava-o para fora.

Enquanto ia pelos jardins, viu um balanço de madeira vazia numa árvore e resolveu usar para relaxar, e lembrar aquela manhã constrangedora que tinha passado.

- Muito bem, estão todos aqui. - disse Anúbis em frente da turma, quando percebeu que Mikael tinha chegado.

- A maioria dos alunos já está conosco faz um tempo, e outros são novatos que acabaram de chegar, então vamos às apresentações. Meu nome é Anúbis, o deus egípcio dos funerais que embalsava os mortos, e envia as almas para o julgamento do meu senhor Osíris. Aqui, na mansão de Osíris ele criou uma espécie de escola de treinamento para os descendentes dos magos que o serviram desde os tempos antigos, que sua linhagem sobrevive até hoje, apesar de estar misturada por várias partes do mundo. A resposta para esse mistura, se deve a nós os deuses.

- explicou Anúbis aos pupilos.

- Os deuses desde tempos imemoriais, sentiram-se atraídos pelos mortais por causa de sua fragilidade e também por sua beleza ao lutar pela vida que é tão breve comparada as nossas. Houve um tempo, em que nós decidimos que assim como os mortais tinham sua prole povoando o mundo, e por consequência o controlando e influenciando, nós os deuses também queríamos deixar nossa influencia no mundo mortal, e se possível obter um poder a mais a disposição. E com isso, resolvemos seduzir os mortais para que gerassem a prole mais poderosa da Terra, que seriam semideuses. Para ter maior chance de acerto, vários deuses espalhados pelo mundo, escolhiam os humanos que tinham maior potencial para a magia, e magos verdadeiros para cortejar. Naquele tempo, a maior parte dos magos vivia no Egito, servindo a Osíris. E é por isso que hoje, a linhagem daqueles magos se espalhou pelo mundo, onde nós os encontramos e o senhor Osíris os traz aqui para aprenderem se assim quiserem. Alguns quando iriam ter os filhos, iam para os países de origem da parte divina. E não só nós cortejavam os mortais, como alguns de vocês conseguiam atrair atenção divina e gerando mais semideuses que ficavam a cargo dos mortais de criarem. - terminou Anúbis de explicar.

Mikael percebeu que estava quase adormecendo ao lembrar a história no balanço, quando viu de relance de onde estava, uma garota chegar pelo outro lado da árvore em que ele estava, e deitar-se na grama verde que cobria o chão. Ele ficou mais atento sem se mover para não assustar, e pôs a cabeça ao lado da árvore para observa-la antes, de decidir falar com ela. Tinha um cabelo liso e de um dourado pálido, quase branco caindo até o meio de suas costas que estava trançado. Olhando de frente ele pôde ver: olhos azuis e que demonstravam gentileza e bondade, um rosto arredondado que parecia muito delicado e frágil, lábios rosados e pequenos, bochechas pálidas na pele branca que agora dava sinais de ficar bronzeada pelo sol. Dava para perceber, que aquela garota não crescera em um país quente, por sua pele branca e alva que lutava bravamente contra ser bronzeada pelo sol escaldante do Egito. Ela era meio baixa, medindo uns 1,70 estimando de longe. Seu corpo em resposta ao seu tamanho era sutilmente belo: seios médios que eram redondos e adoráveis, cintura fina e forte parecida com um violão, e para espanto do rapaz, a garota carregava um grandioso arco de prata de aparência delicada e bela, com uma aljava de flechas prateadas em suas costas.

Mikael não sabia por que observava tanto aquela garota, mas sentia seu coração bater mais forte no peito ao vê-la, sua respiração acelerava, e seus pensamentos se embaralhavam em sua mente ao pensar nela. Ele nunca tinha sentido isso antes, e resolveu parar de pensar, e foi até ela para se apresentar.

- Olá. - disse Mikael a garota, que abriu os olhos que estavam fechados e fitou o estranho cara que falava com ela.

- Oi, quem é você? - disse a garota.

- Meu nome é Mikael, e sou novo aqui. - ao dizer essas palavras, Mikael percebeu que a gentileza da garota sumiu, e foi preenchida pela indiferença.

- Ah sim, o novo queridinho da mansão do julgamento não é? O poderoso, e importante filho de Osíris que vai salvar o mundo e blá, blá, blá. - respondeu a garota indiferente.

- E, aliás, meu nome é Freya. - disse Freya.

- Bom Freya, porque você diz que sou o queridinho da casa? Sim meu pai pode ser Osíris, mas tenho certeza que desde que cheguei aqui, nunca fiz nada que poderia causar algum ressentimento por aqui, mesmo que as pessoas daqui o tenham comigo. - desabafou Mikael a Freya que o observava atentamente.

- Hm, você parece que não é o que eu esperava depois de ouvir todos os boatos ao seu respeito. - disse Freya, deixando de lado a indiferença e dando um sorriso com covinhas que Mikael achou muito atraente.

- E... E o que você esperava exatamente? E que boatos são esses? - perguntou Mikael curioso para saber enfim o que as pessoas falavam dele pelas costas. Sempre que pegava algum aluno falando dele, quando chegava perto elas desconversavam, e saíam de perto dele.

- Ouvi dizer que tinha chegado o herdeiro da mansão, o filho do grande Osíris. E que no momento de sua chegada, entrou num transe hipnótico e conseguiu despertar uma parte de seu poder para expulsar temporariamente Seth. E depois disso, construíram sua imagem como um arrogante filhinho de papai, que deveria ser respeitado e adorado como o filho de Osíris, mas que era melhor não tê-lo por perto, pois se mesmo que não fosse intencional, qualquer coisa que acontecesse com você, os que estiverem em sua presença sofrerão a fúria de seu pai. - disse Freya contente de ver a ira se elevando em Mikael que secretamente, o achava atraente com a expressão de fúria em seu belo rosto, mas não admitiria isso.

- Mas isso é ridiculamente imbecil. Eu nunca, nunca desde que cheguei aqui de nenhuma forma fui arrogante com ninguém, ou tratei mal a alguém e ficam falando de mim pelas costas. - disse Mikael num jorro de raiva, que impressionou um pouco Freya ao ver rapidamente, seu pai no rosto do filho quando este ficava zangado, pois os dois pareciam o espelho do outro tirando a pele.

- Me desculpe Freya, eu não queria explodir assim. É que desde sempre por eu ter sido cego desde o nascimento, as pessoas sempre falavam pelas minhas costas, ou na frente em voz baixa para que eu não ouvisse o que não dava em muita coisa porque eu tinha ouvidos apurados. Mas não quero começar com o pé esquerdo com você. Vou me apresentar novamente: eu sou Mikael filho do deus egípcio do submundo Osíris. - disse Mikael estendendo a mão a Freya.

- Prazer em conhecê-lo. Sou Freya, filha do deus nórdico do reino de asgard Balder, o deus da luz, bondade, sabedoria e justiça. - disse Freya apertando a mão enorme de Mikael e olhando em seus belos olhos dourados como o sol, sentiu seu coração acelerar e seu sangue ferveu olhando para aquele sorriso zombeteiro e sexy.

O Filho do JuizOnde histórias criam vida. Descubra agora