Indecisão

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"Tens a beleza da rosa

Uma das flores mais formosas

Tu és a flor do meu lindo jardim

E eu a quero só para mim."

José Ribeiro


Erwin P.O.V.

Quando Ethan me indicou uma enfermeira de Trost para a base, eu acatei por confiar no trabalho dele, e sabia que ele não indicaria qualquer pessoa, ele sabia que eu era exigente quanto ao pessoal que trabalhava no quartel. Sempre gostava de ter os melhores sob meu comando. Nem sempre isso era possível, mas no fim, eles se tornavam os melhores, simplesmente por terem a coragem de entrar para a tropa de exploração.

Mas quando eu vi a enfermeira da qual ele indicou, algo dentro de mim pulou. Eu sou um homem cético, não acredito em amor à primeira vista, mas aquela moça tão delicada conseguiu mexer com algo dentro de mim. Pude perceber ela ajeitando seu vestido lilás para parecer mais apresentável, mas ela com certeza não precisava daquilo, estava linda do jeito que estava.

Ela parecia um pouco contida perto de mim. Será que estava com medo? Esse é o último sentimento que queria causar nela.

[...]

As bochechas rosadas e os olhos verdes brilhando enquanto falava com tanto gosto da tropa de exploração me deixavam cada vez mais sedento em conhecê-la melhor, estar mais perto... Agora eu sabia que ela era sozinha, e isso me deu uma pontada de alegria, de certa forma. Não era casada, e aparentemente não estava em nenhum relacionamento. O caminho estava livre pra eu tentar algo... queria tê-la comigo, protegê-la, por mais que aparentemente ela não precisasse de proteção. Apesar de ser delicada, com certeza era forte. Mesmo assim, queria ser um porto seguro pra ela.

Mas eu não podia. Minha situação não permitia isso. Tinha que permanecer distante.

[...]

Me contive apenas em observá-la de longe, enquanto ela trabalhava. Já havia dois meses que ela estava trabalhando na enfermaria. Hoje as coisas estavam conturbadas, por conta dos soldados que se feriram em território titã na última expedição, e ela trabalhava quase que incessantemente, afim de lhes dar o melhor tratamento, curar suas feridas, e diminuir suas dores através de remédios. Ela estava um pouco descabelada, o suor descendo pela testa, o jaleco meio sujo de sangue, mas era nesses momentos que eu a achava ainda mais linda. A dedicação com que exercia o seu trabalho fazia com que eu a admirasse cada vez mais. o cuidado que ela tinha com meus soldados... nunca vi ninguém ali tratá-los com tanto gosto. Ela parecia um ser angelical enviado para cuidar da minha tropa.

- Quando vai chamá-la pra sair?

Me assustei com a voz atrás de mim, e quando me virei, vi Hange me fitando com um olhar alegre e um sorriso malicioso no rosto, enquanto os braços estavam cruzados.

- Do que você está falando? – perguntei.

- Ah, Erwin, sério? Vai se fazer de desentendido? Isso não é do seu feitio. Claro que eu estou falando dela.

Ela apontou discretamente para Angelle, e eu segui seu dedo com os olhos. Angelle agora estava fazendo um curativo em uma das soldadas, que tinha sofrido alguns ferimentos no braço. As duas pareciam estar conversando sobre algo, eu a vi abrindo um sorriso tímido para a soldada, e depois, olhou para frente. Assim que me viu, pude perceber que ela ficou sem jeito e eu sorri pra ela, e ela devolveu o sorriso. Depois disso, ela voltou sua atenção para o curativo que estava fazendo, e voltou a conversar com a soldada.

O preço de entregar o coraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora