O preço de entregar o coração

Jantar

Cheguei de volta na enfermaria, e com certeza a felicidade estava estampada no meu rosto, porque Manuela logo chegou perto de mim e perguntou:

- O que o comandante queria conversar com você? Parece que foi algo bom, tento em vista a cara de alegria que você está. Está tentando disfarçar, mas não está conseguindo.

Olhei para os lados, cuidando para que ninguém escutasse o que eu falaria. Assim que me certifiquei, disse baixinho:

- Eu falo, mas você tem que me prometer que não vai contar pra ninguém.

Ela cruzou os dedos e mostrou para mim.

- Juro que não abro minha boca. Agora fala, o que o comandante queria com você?

A deixei dois ou três segundos na expectativa. Depois, disse:

- Ele me convidou pra jantar no sábado.

A boca dela fez um "O" enorme, e seus olhos se arregalaram.

- Eu não acredito! O com-

Tapei a boca dela rapidamente.

- Fala baixo, Manu! Ninguém pode saber disso ainda!

Tirei a mão de sua boca, e a deixei falar.

- Amiga, eu não acredito! – ela falou, agora quase que num sussurro. – E você aceitou? Que pergunta a minha, claro que aceitou! Mataria você se não aceitasse jantar com um homem que nem o comandante Erwin!

- Eu estou tão nervosa... ele é o comandante! Nunca achei que teria olhos pra mim...

- Só se ele fosse cego pra não te notar. Você é a mais linda desse quartel!

- Amiga, para! Tá me deixando sem jeito...

- Mas eu estou falando a verdade! Bom, eu espero que vocês aproveitem muito esse jantar. E depois dele também! – disse, em um tom malicioso.

Paralisei por milésimos de segundo. Não tinha pensado nessa parte ainda, depois do convite dele, mas era obvio que isso poderia acontecer. Já tinha pensado nisso algumas vezes, pensado em como seria ir para a cama com ele, mas a verdade é que eu não estava segura sobre isso. Ele tem experiência, já deve ter saído com muitas mulheres, enquanto eu...

- Eu ainda não tenho certeza se as coisas se encaminhariam pra isso, Manuela... e se isso acontecer, eu não sei o que fazer...

- Como assim, não sabe o que fazer?

Olhei para ela até que ela entendesse o recado. Assim que entendeu, o "O" se formou novamente na boca dela.

- Você é virgem?

- Sim... - respondi, com vergonha.

- Mas por que?

- Ah, sei lá... nunca liguei muito pra isso, sempre estava muito focada no trabalho, e nunca conheci um homem que eu julgasse que valesse a pena.

- E o comandante... acha que vale a pena?

...

Erwin P.O.V.

Entrei em minha sala e Mike ainda estava lá, e junto com ele, Hange e Levi.

- E então, Erwin, ela aceitou? – Hange perguntou, eufórica.

Olhei para Mike com um olhar de reprovação, e ele deu de ombros. Os dois só podiam estar conspirando juntos, sempre um passando informações pro outro.

Continuei caminhando até minha cadeira, e sentei nela. Hange ainda esperava uma resposta minha, e Mike também. Levi, como sempre, parecia não se importar.