Capítulo seis - Passado

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A cadeira de metal rangeu silenciosamente quando o homem de cabelo verde deitou a cabeça em sua mesa. Os murmúrios da turma e as conversas fiadas chegaram ao fim quando o professor entrou na sala de aula, conduzindo todos para se sentarem. 

   — Peguem seus cadernos mas, se vocês realmente quiserem, mas não é obrigatório escrever nada. Hoje é uma lição de vida. - Midnight falou, sentando-se suavemente em sua mesa na frente da sala de aula.

Ela correu os dedos ágeis pelos cachos negros e apoiou o queixo na palma da mão, sorrindo gentilmente para os alunos. Seu olhar mudou para um certo ômega, que mal parecia estar acordado o suficiente para funcionar.  Sua cabeça estava apoiada nos braços e suas pálpebras fechavam a cada dois segundos. 

   — Midoriya, você ainda está conosco? - Ela gritou, virando-se de costas para ele enquanto preparava um pequeno livro em sua mesa. 

   — Ah, sim, desculpe. - Ele respondeu, sua voz calma e falsamente apologética. Após uma inspeção mais aprofundada, Midnight avistou sua pele pálida e figura trêmula, imediatamente decidindo que algo estava errado. 

   — Ok, primeiro eu tenho uma história para contar a todos vocês. Ela vai iluminar os tópicos do segundo gênero que você nem sabia que existiam, mas todos vocês têm idade suficiente para entender. - Midnight explicou, sentando-se em sua mesa e cruzando uma perna sobre a outra. A classe estava ouvindo, ou agia como se estivesse respeitando, mas todos eles tinham suas próprias origens e Midnight estava levando isso em consideração. 

Seu olhar pousou em uma mesa vazia perto do fundo da sala de aula, uma pequena carranca entrelaçando suas feições quando ela viu dois olhos verdes fixos na cadeira empoeirada. Ela suspirou e esfregou suavemente a têmpora antes de começar. 

   — "Há muito tempo, um rei e sua rainha criaram dois gêmeos do sexo masculino. A mãe ensinou-lhes tudo, desde luta de espadas até modos básicos à mesa. O pai nunca interagiu com o segundo filho, e só falava com o outro quando  completamente necessário.

Lucian era um Alfa, um maldito forte nisso. Ulrik era um ômega, banido por seu pai por nenhuma outra razão além de seu segundo gênero. À medida que os dois cresciam, eram melhores amigos, apoiavam um ao outro e se tornavam excelentes rapazes. 

Aos 19 anos, Ulrik ultrapassou seu irmão em quase todos os assuntos. O que faltou em força, ele compensou em intelecto. Ele era um menino alto, mais alto que seu irmão e seu pai, mas isso não impediu os olhares nojentos que ele começou a atrair quando seu irmão não estava mas lá para protegê-lo. 

Uma princesa chegou ao castelo uma noite enquanto o rei e a rainha estavam viajando a negócios, e os dois rapazes se apaixonaram instantaneamente. Por seus cachos platinados até sua cintura fina, ela era a definição da perfeição beta. 

No mês seguinte, Lucian pediu sua mão em casamento. Ela recusou, alegando ter se apaixonado por seu irmão ômega. Lucian aceitou seu desejo e observou de lado enquanto os dois se casavam. 

Um ano depois, a amante engravidou. Lucian não podia mais conter sua ganância, e seu Alfa assumiu. Ulrik estava cumprimentando convidados no salão principal, e Lucian arrastou a esposa de seu irmão para um armário, estuprando-a e matando o bebê no processo.  Ele não a marcou, ele não podia. Ela ainda estava marcada por Ulrik, mas oh, ele teria feito isso. 

Quando os convidados partiram, Ulrik deitou-se ao lado de sua esposa, confortando-a. No entanto, no dia seguinte, Ulrik desapareceu. Ele nunca foi visto deixando o castelo nem o reino, e foi considerado que fugiu secretamente. 

A mulher sofreu depois que sua marca desapareceu, e ela sabia o que estava acontecendo. Quando uma marca só desaparece em três ocasiões: quando o par não se quer; O dominante no relacionamentose levanta e se prepara para procurar um novo parceiro; Ou nunca mas acasalam.

O outro, entretanto, o ômega, ou superará o parceiro e seguirá em frente, ou mergulhará em uma espiral interminável de depressão e tristeza. 

Naquela noite, Lucian entrou em um quarto ensanguentado e se deitou com uma lâmina entre as mãos. 

Ela cortou a garganta. Lucian não podia lidar com isso, sabendo que matou o amor de sua vida e seu irmão, e terminou sua vida ao lado dela."

Midngth focou os olhos com Izuku, e seu coração parou. Seus olhos estavam brilhantes, mas sem nenhuma sensação de tristeza por dentro. Suas sobrancelhas estavam franzidas enquanto ele esfregava o ombro, os olhos nunca deixando Midnight. 

   — A moral da história é: Lucian amava seu irmão mais do que tudo, mas a ganância de um Alfa pode matar se você se entregar a ela. Ulrik era muito confiante e nunca tirou vantagem de seu status de ômega. As mulheres eram um exemplo de como os Beta têm opções, gostem ou não.

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