capítulo nove

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Camden nunca bebeu pesadamente, preferindo manter a cabeça e o
juízo claros.
Exceto esta noite.
Ele se perguntou, olhando para o líquido âmbar em seu copo, quanto
álcool exatamente seria necessário para lavá-la de sua mente, mesmo por
um tempo. Através do fluido instável, ela apareceu, uma imagem vacilante
em um vestido tão verde quanto seus olhos, girando na pista de dança.
Com um gole, ele esvaziou o copo e o colocou na bandeja de um
garçom que passava. Jogo longo, ele entendeu. Planejar, planejar, deixar as
peças se encaixarem antes que ele se movesse - nada disso irritava seus
nervos normalmente.
Por outro lado, ele só conhece Jeanie há alguns dias. Se ele a
conhecesse mais cedo, tinha certeza de que ela o teria ensinado a bela arte
da frustração há muito tempo. Apertando os olhos, ele os forçou a se
concentrar no homem que dançava tão habilmente com sua esposa
planejada.
Lowe. Sempre Lowe.
Ele deveria demiti-lo. Ele poderia. Mordendo o interior de sua
bochecha, ele considerou o quão difícil seria substituir Lowe.
Ele sentiu a figura se aproximando momentos antes que o tom
cuidadosamente modulado de sua voz invadisse sua introspecção.
― Eu pensei que tudo isso era uma farsa, destinada a esconder o fato de eu
te trair. Considerando que você está verde de ciúmes, fico imaginando se
você se desviou e não ficou tão preocupado com minhas indiscrições quanto
eu presumi.
Diante de Tasha, ele inclinou a cabeça e ergueu as sobrancelhas.
― Eu diria que é um prazer, mas é rude mentir.
― Sempre a resposta inteligente, certo, querido? - A taça de champanhe
lembrava a mulher que a segurava - de aparência estreita, elegante e frágil.
Longos cabelos negros pendiam em uma manta de escuridão em torno de
seus ombros bronzeados e esculpidos, a seda de sua pele realçada pelovermelho rubi de seu vestido. Ela olhou para ele, seus olhos tão escuros que
brilhavam como ônix polido.
Seu olhar se desviou dela, buscando a luz vibrante de Jeanie.
Tasha, que não gosta de ser ignorada, inclinou-se para o braço dele,
e mechas de seu perfume serpentearam ao redor dele.
― Você acha que ela se importa que você a esteja olhando como um
cachorrinho perdido enquanto ela desliza nos braços de seu melhor amigo?
Talvez ela tenha descoberto que Lowe é tudo o que você não pode ser -
aberto, arrojado, disposto a arriscar seu coração por amor ... - Afastando-
se, Tasha acariciou seu braço - acariciando-o, realmente.
Ele deveria sair do lado dela, sair. Talvez pegar um pouco de ar.
Em vez disso, ele contemplou suas maçãs do rosto perfeitas.
― O amor é um mito, e nós dois sabemos disso, então eu não tenho ideia
do porquê você está jogando isso na minha cara. Ela não é como você,
Tasha. Ela não é como nós dois.
― Hmm, você está bastante apegado, não é?
― Ela é minha noiva.
― Eu também era e ainda estou usando o anel para provar isso. - A mão
que usava a aliança em questão acariciou sua bochecha, as unhas
arranhando levemente quando os lábios de Tasha se curvaram em um
sorriso.
― Então, oi, eu sou Jeanie e quem diabos é você?
Ele não conseguiu conter um sorriso enquanto se virava para sua
amada noiva fingindo diante deles. Ele capturou o pulso de Tasha e
considerou a loira curvilínea transformada em dragão que cospe fogo.
― Jeanie, Tasha. Tasha, Jeanie. Pronto, agora que fizemos as
apresentações ... - Ele levantou a mão, sinalizando para o garçom, que
obedientemente forneceu mais uísque.
― Felicidades.
Ele o engoliu, deleitou-se com a queimadura que lhe escorria pela
garganta e esperou a onda de calor seguir.
― Estamos indo para casa. - afirmou Jeanie, depois se voltou para Lowe,
que ...Desgraçado - parecia bastante divertido com o quadro de muitas noivas
para apenas um noivo.
― Lowe, você pode ligar para um carro? Ele não está dirigindo.
― Casa? - Lutando para conter uma risada, Camden pegou outra bebida. -
Você sabe onde é, pequenina?
Jeanie não respondeu e Tasha não recuou. A ideia das duas se
enfrentarem não o perturbou como deveria, fazendo-o pensar se ele bebeu
mais uísque do que imaginara. Coçando a bochecha, ele notou dormência
no rosto, depois se perguntou se o rosto ou a mão haviam perdido a
sensação. Talvez alguém o tenha envenenado?
Tasha, cabelos escuros, um mar de noite caída, acariciou seu braço,
e ele se perguntou se deveria puxá-la para mais perto ou sair.
Jeanie decidiu por ele. Seus dedos pegaram os dele e o pequeno
choque elétrico que a tocou parecia amplificado com o contato. Ele se virou
para ela e encontrou seu olhar verde.
― Você parece preocupado. Por que você parece preocupado?
― Além do fato de eu estar no chamado baile com o belo príncipe e ele estar
na merda? E que estou tentando pensar em uma maneira de passar pela
imprensa sem que eles te vejam cambaleando? Não se preocupe, Camden.
Eu dou conta disso aqui.
Ele não resistiu ao chamado da sereia pela carne dela, em vez disso
enredou os dedos nos cabelos dela e acariciou sua bochecha.
― Isso não conta para a aposta.
Ela bufou. O som deselegante, vindo dela enquanto ela usava um
vestido verde e sua fachada de noiva, o fez rir.
― Oh, agora ele está rindo. Vamos, garanhão.
― Você não me viu realmente fazer minha representação de amante,
pequena noiva. Deixe-me te mostrar. - A mão dele pode não funcionar
direito, mas os lábios dele, procurando os dela como haviam feito
repetidamente nos últimos dias. A boca dela respondeu a dele, exigente,
mesmo quando ele a puxou para mais perto. Ele seguiu o beijo até
conseguir capturar o lóbulo da orelha dela, o movimento que ele fez causou
o mais delicioso arrepio percorrer seu corpo tentador e cheio de curvas, e
ele sussurrou: ― Eu posso te mostrar muito, Jeanie. Vamos fingir, só por
um momento.Ela não se afastou, então ele a abraçou, balançando levemente por
causa da névoa quente de álcool que nublava sua mente.
― Oh, a imprensa vai adorar isso. - ela sussurrou. - Especialmente se você
me deixar.
― Eu não vou te largar. Deixe-os tirar fotos. Príncipes deveriam ter
donzelas de vez em quando. Está em todos os livros. - A sensação dela, todo
calor e curvas arredondadas em seus braços, tentaram que ele se movesse
mais rápido. Chegando às portas, o ar frio bateu nele como uma parede,
ajudando a limpar algumas das teias de aranha.
O flash dos fotógrafos iluminou o caminho para o carro, onde Lowe
estava parado junto à porta, com uma expressão de horror chocado clara
em seu rosto normalmente impassível.
― Caro senhor, Cam, como cuidar disso?
Camden deu de ombros, sem vontade de soltar sua braçada. Em vez
disso, ele a sentou no carro, ignorou o suspiro dela enquanto ela
mergulhava na escuridão que estava esperando e bateu a mão no ombro do
melhor amigo.
― Francamente, Lowe, eu não dou a mínima.
Com isso, e o som de risadas ecoando na multidão reunida da mídia,
ele se juntou a Jeanie no carro.
― Bem, eu não sei como você vai explicar isso, mas acho que...
Ele deslizou a mão de volta nos cabelos dela. Ele não queria falar com
ela. Eles conversaram por dias. Ele queria aquele lábio inferior inteiro entre
os dentes, os braços dela em volta do pescoço, e ele não estava disposto a
esperar para chegar em casa.
Congelada, ela olhou para ele com seus olhos verdes de cristal, sem
revelar nada sobre o que ela pensava.
Como sempre.
― Ninguém pode nos ver, exceto o motorista. O que você está fazendo? -
Ela sussurrou as palavras, como se temesse que alguém pudesse ouvir.
― Por um segundo, vamos fingir. - respondeu ele. Esfregando o nariz no
dela, ele usou a mão livre para acariciar o comprimento do braço dela, à
mostra pelo vestido. ― Eu preciso ver alguma coisa.― Camd... - Ele beijou os lábios dela, silenciando-a. No começo, ela não se
mexeu, simplesmente permitindo que ele provasse seus lábios. Paciente,
ele testou sua determinação, usando truques que praticou para a audiência.
As pontas de seus dedos, leves como uma borboleta, tocaram sua
bochecha, e ele se inclinou para trás o suficiente para vê-la.
― Essa é uma ideia horrível. Se você não estivesse bêbado ...
― Culpe a bebida. Imagine que alguém está assistindo. Seja como for,
apenas por um momento, finja comigo. - Ele não sabia por que de repente
parecia tão importante, mas tinha que saber. Tinha que sentir.
Inclinando a boca na dela, ele liberou todo o desejo reprimido que
tocá-la despertou. Ele engoliu seu grito suave e tentou preencher o vazio
com o gosto dela.

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