Rebeca

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   Eu estava nervosa dentro do carro, eu não sei o que aconteceu comigo que aceitei convite do Antônio. Eu conhecia ele a pouco tempo, e isso poderia ser um sequestro, mas  o jeito que ele fala é muito convincente.

   Uma música anima tocava no rádio enquanto ele batia os dedos no volante no ritmo da música.

- Chegamos. - Ele parou em um campo com algumas pessoas fazendo piquenique. - Vamos? - Concordei com a cabeça e abri a porta, um vento gostoso passou por mim e me fez querer ficar presa naquele momento.

  Desde que os meus pais morreram eu não saia de casa,só para a escola ou pagar contas, então aquele vento me trouxe a nostalgia de quando fazíamos piquenique em um campo parecido com esse, eu senti uma saudade imensa deles, e quando percebi, já estava chorando.

- Rebeca, tá tudo bem? Não gostou do lugar? - Antônio fazia muitas perguntas que eu não conseguia responder, então comecei a andar, fui subindo uma colina que tinha, tentando tirar da minha cabeça a ideia de querer morrer e dar um fim a isso tudo.

   Quando eu cheguei no topo da colina, reparei que Antônio vinha atrás de mim com um cesta e uma toalha. Ele me observou por algum tempo, e depois estendeu a toalha, tirando as comidas da cesta que ele tinha trago.  Sento ao lado dele, observando os seus movimentos.

- Você quer conversa sobre você está chorando?

- Eu ... - Suspiro pensando como vai ser difícil dizer isso. - Eu sinto saudades dos meus pais, faz 2 anos que eles morreram e eu ainda sinto muita falta deles. Foi uma sexta feira como essa, eles iriam visitar meus avós na cidade vizinha, eu não quis ir porque teria uma festa. - Dou uma risada anasalada - Um motorista bêbado estava na estrada na via errada, e como foi na curva bateu no carro dos meus pais, sem tempo para desviar. Morreram na hora.

- Deve ter sido horrível para você .... Não sei nem o que dizer

- Ninguém nunca sabe. O pior é que toda vez que sinto saudades deles, penso em em acabar com essa dor. - volto a chorar - Dói muito.

   Antônio me abraça, e aquilo é um alívio para mim. Desde que meus pais se foram, nenhum parente tentou me consolar, só tentavam se livrar de mim para não precisar cuidar de mim, e foi assim que acabei morando sozinha.

- Você quer um pão de mel? - Dou uma risada meio abafada e aceito.

   Comemos e conversamos sobre vários assuntos, ele é mais legal do que eu imaginava. Quando era 18h arrumamos as coisas para voltar para casa.

- Você gostou do piquenique?

- Gostei, você não é tão chato como pensei.

- Fico lisonjeado. - Antônio coloca a cesta dentro da mala. - O que acha de fazermos alguma coisa toda sexta? Você sai da sua zona de conforto e nos aproximamos.

- Acho que você vai desistir de mim rápido, mas vamos sim.

O Céu Nunca Esteve Tão AzulOnde histórias criam vida. Descubra agora