O Céu Nunca Esteve Tão Azul

Rebeca

   A sexta feira chegou mais rápido do que o flash. Ontem Antônio pegou o meu número para passar o horário, sendo que ele podia apenas aparecer na janela, mas tudo bem.
   Eu estava ansiosa, mesmo começando a me acostumar com Antônio era a primeira vez, depois de muito tempo, que eu ia na casa de alguém. Não sabia com que roupa eu iria, se eu chegava antes, em ponto ou um pouco depois. Essas dúvidas ficaram na minha cabeça o dia inteiro, e de tanto pensar, fiquei atrasada.
   Era 19:30 quando sai dos meus pensamentos e despertei vendo a hora. Antônio tinha marcado às 20h e até eu me arrumar, eu chegaria atrasada, pelo menos a dúvida de qual horário chegar foi embora.
   Tomo um banho e coloco uma calça jeans e uma camisa roxa, e pra completar um all star da mesma cor da camisa. Passei perfume e coloquei brincos e um cordão, pego meu celular e saio de casa.
   Dou três batidas na porta de Antônio quando chego, batidas fracas, obviamente mostrando o meu medo. Fico receosa se ele escutou, mas a porta abre antes que eu pense em bater de novo.

- Você chegou, vem entra. - Ele abre a porta deixando espaço para que eu possa entrar. O apartamento dele é igual ao meu, apenas algumas coisas em lugares diferentes. - Pode ficar a vontade, vou arrumar a mesa.

- Eu posso te ajudar. - Tento ir na direção que Antônio está indo, mas ele não deixa.

- De jeito nenhum, você é minha convidada, só veio para comer. Fica aí que eu já volto. - Me sento em uma cadeira que estava perto da mesa e fico observando Antônio ir e vir colocando os pratos na mesa, depois os copos, o suco, o arroz, batata palha e por fim o Strogonoff.

- É Strogonoff de frango ou carne?

- Frango, vai me dizer que gosta do de carne?

- Se tiver até como, mas o de frango é muito melhor.

- Aí graças a Deus você tem bom gosto. Strogonoff de frango é a minha especialidade, vamos lá, experimente. - Antônio serve o Strogonoff para mim, colocando um pouco de arroz e batata ao lado.

   Pego um pouco de tudo e coloco no garfo e levo a boca, Antônio fica me observando ansioso pela minha aprovação. Balanço a cabeça confirmando que está bom.

- Muito bom mesmo, parabéns. Aprendeu com quem a fazer?

- Eu aprendi a fazer esse Strogonoff com a minha vó, é a receita secreta dela que fica diferente dos outros. Essa receita se torna especial porque ela me ensinou a fazer algumas semanas antes de sua morte.

   Aperto o braço dele em uma tentativa de conforto, já que eu não vejo mais significado nas palavras sinto muito.