Vou convidá-la para uma catalepsia
Para sentir-se como eu. Estrangeiro
Para sentir a catarse. A aplasia.
Que faço sentir o ano inteiro.Fiz da pena um bisturi afiado
E uso sangue morto no meu tinteiro
Sou o profeta que fala calado
Agora escrevo no seu corpo inteiro.Sua insatisfação é vil, tumoral
E com meu pacto, meu afã, meu ardil é que jogo.
O coração e o sistema nervoso central
É o post factum, post mortem, é o diabo Ipsis litteris, réprobo.E hoje é dia de letargia animada
À base daquele velho som setentista
Hoje é dia de anestesia localizada
Hoje é dia de ir ao dentista.Quando adentra pela porta da sala
Está ali no sãguão, só, fumando
O seu conviva, tal e qual mestre-sala
Como anfitrião não o deixe esperando.E terão uma conversa afiada
Que vai durar uma cara
Temos a eternidade a gastá-la
Mas a fumaça não se dissipara
Mas é como armadilha montada:
Um passo em falso e dispara.
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Dentro do Vale Profundo da Alma
PoetrySegunda parte da trilogia de poesias de Alessandro Vargas. Nessa continuação podemos verificar um aprofundamento nas inquietações e obscuridades da mente e da alma. O autor tentar criar um cenário etéreo e muitas vezes soturno dentro dos pensamentos...