O coração bate na cabeça
O que vem então a ser o amor?
Uma química previsível e bem engendrada
E mesmo assim quando por fim e dor se esqueça
O que foi avassalador já não é nada.Armam suas teias às minhas costas
Tecem engodos em frias quimeras
Tentam lograr-me em suas apostas
Mas eu fui criado num covil de feras.Convivendo numa alcatéia de lobos
E o que tenho comigo é herança de poucos
O meu silêncio é o castigo dos bobos
E em minhas palavras bradam cães loucos.E que ninguém ouse ou a mim vocifere
Pois como disse sou da alcatéia de lobos
Sou da aldeia dos que matam e ferem
Sou mais um dos cinquenta cães loucos.E todo castigo ainda pode ser pouco
Porque minha paciência é um cão amarrado
Que de tanto latir e rosnar já está rouco
Mas não ouse passar do seu lado.E ora vez fogem meus cães, lobos, todos
A caçarem pela madrugada
Ora outra a morder feito loucos
Quem por má sorte encontra-los na estrada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dentro do Vale Profundo da Alma
PoesiaSegunda parte da trilogia de poesias de Alessandro Vargas. Nessa continuação podemos verificar um aprofundamento nas inquietações e obscuridades da mente e da alma. O autor tentar criar um cenário etéreo e muitas vezes soturno dentro dos pensamentos...