Capítulo Três.

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Os dias foram tranquilos depois que Taehyung se mudou para a casa de seu vizinho, mais do que imaginava na verdade. Estava tão confortável que seus produtos de skincare se encontravam no mármore da pia do banheiro, seus livros misturados nas prateleiras de Jeon e seus objetos de decoração pelos cômodos.

Jungkook era lento e calmo, o ômega estranhava isso, mas nunca reclamou. O alfa não achou ruim nem mesmo quando Tae comeu seu cupcake favorito por engano.

O ruivo até chegou a se perguntar se o outro tomava calmantes ou usava supressores, alfas costumavam se irritar fácil, principalmente os dominantes, que se sentiam desregulados entre ódio e amor.

A situação do trabalho do Kim melhorou, após a cafeteria concorrente ter que fechar por problemas com a vigilância sanitária. Obviamente, ele não estava feliz com isso, nunca desejaria o mal alheio, mas ainda assim, não poderia mentir dizendo que não estava feliz com seu salário normal novamente.

Seu turno diminuiu, não precisaria passar tanto tempo se estressando com o cheiro forte dos clientes e o desaforo de seu chefe exigente.

Jeon sempre chegava tarde do trabalho e Taehyung se pegou pensando no que o mesmo trabalhava, nunca tinha parado para perguntar. Ele não era rico, mas era bem financeiramente, sua casa custava mais que o melhor carro da atualidade.

Mas no fundo, o ômega não sabia porque estava tão curioso, como uma criança recebendo um brinquedo novo. Quanto mais perguntas fazia, mais dúvidas tinha.

[...]

Taehyung chegou em casa primeiro, como o de costume. Ao abrir a porta, foi abraçado pelo cheiro de produtos de limpeza, Jeon adorava abusar da faxina nos finais de semana.

Tirou os sapatos com bastante desânimo, só queria deitar logo e descansar. Se aproximou do sofá, deixando sua mochila ali, perguntou a si mesmo se estava folgado demais porém logo deu de ombros, indo até seu quarto.

Deitou sobre a cama macia, bagunçando os cobertores dobrados, todos brancos, "mórbido e sem graça", como o ômega descrevia.

O silêncio da casa foi interrompido pela porta abrindo de forma bruta, fazendo Taehyung dar um pulinho, pelo susto. O cheiro de lavanda e flores logo foi tomado por um aroma ácido, forte e intenso.

Confuso e assustado pelo cheiro, o ômega se levantou, indo até a sala em passos ágeis. Deu de cara com Jeon, que estava com uma expressão horrível, enquanto segurava uma pasta, cheia de papéis.

- Eca, o que está acontecendo? Por que seu cheiro está péssimo?- Falou o mesmo, logo cobrindo o nariz.

Jungkook abaixou o olhar, encarando o Kim, que se afastou rapidamente, assustado com a expressão tenebrosa.

- Meu cheiro fica assim alguns dias antes do cio. Eu te avisei por mensagem, deveria olhar mais o celular.

Um suspiro saiu dos lábios do ômega, que realmente não tinha olhado o celular e não poderia debater sobre.

- Aish, por que tão ácido?- Se afastou mais.

O semblante sério e desgastado de Jeon sumiu, quando o mesmo deu risada da reação de Kim, achando sua indignação hilária.

- O cheiro fica ruim para afastar os ômegas e betas. Por ter ficado muito tempo com o cheiro de um ômega "desconhecido", meu alfa interior simpatizou e acha que sou seu. Então, é basicamente um mecanismo.

Taehyung escutou as palavras com atenção, gostava quando Jeon explicava alguma coisa sobre si mesmo, já que o alfa sempre falava tão pouco.

- Ele acha que você é meu? Quantas vezes isso já aconteceu?

- Que eu me lembre, quatro vezes - Disse o alfa.

Jeon foi até a cozinha tomar água, o ômega resolveu não ir atrás, já que não aguentava mais o cheiro estranho.

- Fiz uma reserva em um motel, vou ficar lá até meu cio acabar.

Kim não sabia dizer se estava feliz ou triste por saber que ficaria com a casa inteira só para ele. A presença de Jungkook era ótima, mas a liberdade, sem comparação.

[...]

Se passou uma semana e o cio de Jungkook começou de madrugada, acordando Taehyung com o aroma forte, dessa vez, bom. Cobriu o nariz e tentou voltar a dormir, não queria ficar animado a essa hora da madrugada.

O alfa arrumou uma pequena mala, com dificuldade, sua visão estava embaçada e o leve cheiro de Kim o deixava pior. Fechou o zíper de forma desajeitada, quase o quebrando e saiu do quarto.

Jeon estava tonto e não sabia como conseguiria dirigir, tudo piorou quando uma tempestade começou, tudo para o azar do mesmo.

- Taehyung, tranque a porta. - Gritou.

Com certeza não era o dia de sorte de Jeon Jungkook.

365 Dias com Jeon Jungkook. Onde histórias criam vida. Descubra agora