Lembre-se de mim (DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 10

Três anos atrás… 

― Amor, cheguei! ― Gritei, tirando as minhas botas. Os meus pés agradeceram ao pisar no tapete macio e aconchegante da sala. Joguei a minha bolsa em cima do sofá, sentindo um cheirinho delicioso de bolo recém-saído do forno. A minha boca salivou, imediatamente caminhei até a cozinha. Isaac estava jogando uma calda de chocolate em cima de um bolo fofinho e redondo.

― Oi, pêssego… Chegou na hora exata. ― Ele terminou de raspar a calda, entregando a panela para mim. ― Você gosta de comer o restante do chocolate que fica no fundo da panela.

Soltei uma risada, pegando a panela e a colher para raspar o restante da cobertura de chocolate. Isaac aprendeu a preparar minhas comidas preferidas, ele sabia assar o melhor bolo de cenoura que já provei. Eu tinha minhas qualidades na cozinha, mas Isaac conseguia me superar. Ele dominava qualquer receita como pinceladas em uma tela, infelizmente odiava preparar o jantar. 

― Consegui adiantar alguns trabalhos no ateliê, cheguei mais cedo em casa. ― colocou uma xícara de café na minha frente. ― E aproveitei a oportunidade para assar um bolo de cenoura, acho que estamos merecendo algo doce para comemorar a nossa decisão. 

A decisão de ter um bebê…
Eu senti aquele friozinho delicioso na barriga, ansiosa para enfrentar com coragem e força todos os desafios da maternidade. Isaac ainda estava se acostumando com a ideia, mas quando parei com meu anticoncepcional tinha ciência dos sonhos e desejos que poderia deixar para trás. 

― Eu sei que você precisa de tempo, a possibilidade de ter um filho nunca fez parte dos seus planos. ― Falei com sinceridade. ― A sua decisão foi inesperada, não estava esperando…

― Pêssego, está tudo bem. Os seus sonhos são meus sonhos, não posso apenas idealizar os meus objetivos e pensar somente em mim, estamos juntos há seis anos. ― Isaac exigiu um sorriso singelo. ― A minha maior realização será sua felicidade, podemos ter um bebê. E vou fazer o que estiver ao meu alcance para ser o melhor pai do mundo. E o que não estiver, darei meu jeito… porque é isso que os pais fazem. 

Não importa os anos que passamos juntos ou tudo que já vivemos. Isaac sempre me surpreendia, as suas palavras eram o meu maior conforto. Ele me conhecia tão bem e conseguia me decifrar totalmente em poucos minutos, sendo o melhor companheiro que uma mulher poderia ter. 
Eu não tinha dúvidas que meu marido seria um ótimo pai, apesar da sua indiferença com sua família paterna nos Estados Unidos. Isaac não tinha uma relação amigável com o pai, principalmente quando soube o real motivo das brigas que resultaram na separação de seus pais. Ele não consegue perdoar o poderoso magnata que domina clubes de cassinos e tem um império imobiliário no exterior, até mesmo Andréa tentava amenizar a indiferença do filho. Ela sempre ressaltou que meu marido um dia será o herdeiro de um império bilionário. Isaac, por outro lado, nunca usou a influência do pai ou sua conta bancária para se beneficiar. Ele odiava ostentar o dinheiro do Warren Miller, tudo que girava em torno de sua família paterna era descartado.

― É isso que pais fazem, eu também vou me esforçar para ser a melhor mãe do mundo. Vamos conseguir, o nosso filho será extremamente amado. ― Concordei, largando a panela em cima da mesa e me aproximei. ― Obrigada por embarcar comigo nesta nova aventura e por sempre me apoiar. 

Obrigada por me mostrar todos os dias como somos perfeitos um para o outro!
Isaac esbanjou um sorriso lindo… um sorriso que ilumina qualquer escuridão que possa existir no mundo.
A sua camiseta estava suja de tinta, havia uma pequena mancha azulada na sua sobrancelha. Eu amava isso nele, as cores faziam parte da sua alma.