A Protegida - MÁFIA

05. SOBRE MIM

lua menezes

Estou deitada no quarto de hóspedes olhando para a sacada em minha frente, e nesse momento eu penso o tanto que a minha vida mudou.

Como pode, em menos de 3 dias inteiros, a minha vida já não é mesma, logo, estou indo morar sozinha e estarei tendo a minha liberdade.

Não me recordo perfeitamente sobre a minha infância, mas tenho comigo que ela foi bastante conturbada. A minha adolescência não foi diferente, aos 12 anos meu padrasto me batia e com 14 anos começou a me abusar.

Detesto que me toquem sem a minha permissão, justamente por isso. E vocês podem achar que é frescura e qualquer coisa do tipo, mas somente eu sei como é você querer apenas brincar de boneca como qualquer outra adolescente normal, e ter um cara te abusando, e o mais, um cara que até então era um pai para você.

Nunca conversei abertamente com ninguém sobre isso, Marc sempre andava com pessoas envolvidas no crime, e eu não sei ao certo o que eles são e qual a suas posições dentro da hierarquia, mas não arriscava.

Com tudo, sempre fui muito esperta, desde criança, então eu sei de coisas que ninguém nem imagina.
Marc acha que sabia me dominar, mas na verdade tudo fazia parte de planos estratégicos.

E quando ele menos esperar eu vou me vingar. Sei que ele vai fugir, afinal está devendo até as cuecas e não um cruzeiro para pagar. Frouxo.

Me perco nos meus pensamentos e quando me dou conta já estou chorando horrores, não sei se de saudade da minha mãe e de ter uma família tradicional, ou por ter passado tudo que passei e ser forte por obrigação.

Mas uma coisa eu sei, hoje eu sou uma mulher livre e independente, jamais iram me pisar e me usar simplesmente.

O erro do ser humano é demonstrar fraqueza a seus aliados e inimigos, ou seja, está doendo e muito, mas eu vou me levantar e começar o meu dia com o pé direito.

[...]

Lua: Bom dia Joyce. Cadê o povo dessa casa? - Dou um abraço pequeno e me sento na mesa.

Joyce: Bom dia minha menina, nem te conto, os meninos foram jogar lá na quadra de baixo e as meninas estão assistindo. - Fala enquanto lava a louça.

Lua: Misericórdia, eu tô tão cansada. - Digo preguiçosa.

Joyce: Chega de preguiça menina, termina o café e vai lá se divertir também. - Se vira e me dá um sorriso meigo, retribuo.

Joyce é a governanta da casa da Lia e do Diabo da noite, desde que eu cheguei ela tem sido um amor de pessoa e está me dando muita força nessa jornada.

Coloco uma roupa bem casual e desço para a quadra.

De longe avisto Aghata e Lia sentadas na arquibancada e vou em direção a elas.

Pelo que eu vi, é chefes X vapores.

Lua: Bonito em, ninguém me fala nada. - Faço um leve drama assustando as duas.

Aghata: Que susto garota, você dorme demais. - Da de ombros e eu fecho a cara a batendo levemente mas rapidamente caio na risada.