Capítulo 1

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Já era tarde da noite quando finalmente cheguei em casa, depois de horas em uma biblioteca procurando por artigos antigos de meu interesse. Fracassei quanto a isso, não achei coisa alguma.

Coloquei a mão sobre a maçaneta, mas antes de abri-la ouvi um barulho vindo de dentro da minha casa.

Automaticamente, peguei minha arma que carrego dentro da minha calça e posicionei-a na minha frente.

Girei a maçaneta e abri a porta, sem precisar de chave, pois ela já estava aberta, deixando claro que havia alguém ali. Afinal, eu nunca a deixo aberta.

As luzes estavam apagadas, exceto a luz da cozinha, ouvi barulhos vindo da mesma. Seja lá quem fosse o desgraçado, era um péssimo dia para me tirar do sério.

Assim que cheguei na cozinha guardei minha arma imediatamente de volta na parte de trás da calça.

— Oi, amor. — disse Finley se afastando da bancada, a qual estava cozinhando, e se aproximou de mim. — Você demorou, achei que nem voltaria para casa. — ele disse irônico e me deu um beijo breve.

Parei para respirar, me acalmar e tentar entender a situação.

— Está fazendo o que aqui? — questionei serenamente.

Ele voltou para o balcão e continuou preparando seja lá o que ele estiver fazendo.

— Desculpa vir sem avisar. — ele me olhou. — Só queria preparar algo especial para quando você voltasse da reunião...

Reunião... eu menti sobre isso...

Conheço o Finn a quase dois anos, mas nunca contei nada sobre mim a ele, nada real...

Tudo o que ele sabe sobre mim é que minha família mora em uma ilha particular em Fiji e que eu estou terminando a faculdade de Direito e estagio regularmente em uma firma de advocacia.

Detalhe: fazem anos que não sei o que é ter uma família; e a parte do Direito... não é totalmente mentira, mas também não é verdade.

Conheci o Finley em uma cafeteria, cinco meses depois de ter abandonado completamente a vida antiga que eu tinha. Eu só queria seguir em frente... levar uma vida tranquila e nada complicada. E aí o Finn apareceu, sentamos e conversamos por horas, ele fez com que eu voltasse a acreditar em pessoas, pessoas boas. Ele é bom. Ele é puro. E ele me faz feliz. Faz com que a minha vida seja mais leve. E que o meu passado seja apenas o meu passado.

Ele não precisa saber nada sobre quem um dia eu fui, não quero que ele saiba.

— Ah. — fui até ele e dei um abraço apertado. — Obrigada meu amor.

Ele beijou o topo da minha cabeça.

— E o que você está preparando aí? — perguntei puxando uma cadeira para me sentar e observá-lo.

— Sua receita de torta preferida, claro... o que mais seria?! — ele respondeu sorrindo de canto.

— Finley Mads. — falei comemorativa. — Eu declaro você o homem que mais chega perto da perfeição do mundo.

Ele riu.

— S/n. — ele segurou meu queixo com uma das mãos. — Você é a mulher mais incrível que existe em todo o mundo.

Seu olhar sério e brilhante fazem com que eu tenha certeza de que ele acredita firmemente em suas próprias palavras. É inexplicável o jeito com que ele me faz sentir como se toda a minha vida fosse tranquila. Como se o meu passado não existisse.

Depois que ele terminou de preparar a torta, nós sentamos, comemos e conversamos sobre muitas coisas. Claro que ele me perguntou se eu estava tendo contato com a minha família nos últimos dias, e eu disse que sim, depois mudei de assunto o mais rápido possível.

Assim que terminamos de comer, Finn não aceitou que eu lavasse a guardasse a louça sozinha e me ajudou. Quando acabamos, nos despedimos e ele foi embora.

Antes de me deitar fui tomar um longo banho.

Saí do banheiro e fui direto para o meu quarto. Coloquei uma arma embaixo do travesseiro como de costume, e logo peguei no sono.

..........

Escutei um barulho no meio da madrugada e fiquei atenta, ainda na minha cama. Peguei minha arma.

Poderia ter sido coisa da minha cabeça, mas não era. Pois ouvi passos subindo as escadas, vindo em direção ao meu quarto.

Os passos param em frente a porta, consegui vê-la com clareza pelas luzes dos postes da rua que invadem o quarto pela janela.

A maçaneta começou a girar lentamente e eu me levantei rapidamente, pronta para atirar em seja lá quem for o psicopata.

A pessoa finalmente abre a porta e entra.

— Ei, ei, ei. — disse levantando as mãos. — Calma aí caçadora.

Abaixei a arma.

Meu olhar era pura interrogação, minhas sobrancelhas estavam franzidas e eu pisquei algumas vezes na intenção de ver com mais clareza.

— Sam?!

Carry On - s/n em supernatural Onde histórias criam vida. Descubra agora