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CAP. REESCRITO

Maya

'Acabo de organizar a cozinha, algum tempo após a saída de nossos convidados, quando uma mensagem de Pandora chega em meu celular.

Meredith pediu para avisar que foi visitar Kate e

estará de volta em dois dias

Que droga, eu sai de casa sem minhas chaves.

Onde você está? Posso dormir com você?

Numa boate, eu acho. Já bebi demais para ter certeza

"Merda" - Reclamo para mim mesma.

"Aconteceu algo?" - Ouço a voz de Damon reverberando do escritório no qual ele se enfiou desde o fim do jantar.

"Não é nada. Eu só preciso procurar um hotel para passar a noite" - Comento, pesquisando na internet  um hotel próximo e de valor decente.

"Você pode ficar aqui" - Oferece, vindo até o balcão da cozinha onde estou sentada.

"Não precisa disso, eu vou para um hotel. Tudo bem"

"Maya, fique" - Repete.

"Ok" - Concordo, levantando as mãos em rendição, aceitando a oferta.

Ele parece satisfeito conforme anda de volta para o escritório.

Dentro da casa retiro meus sapatos, substituindo-os por chinelos, e por falta de roupas confortáveis - já que minhas amigas resolveram trazer apenas as boas e duas das camisolas mais sem pudor que tenho, tomo a liberdade que não deveria e me apodero de um conjunto de moletom cinza do guarda-roupas de Green.

Ao sair do banheiro encontro o dito cujo no sofá da sala, digitando algo em seu celular.

"Minhas amigas não trouxeram nada minimamente confortável, por isso peguei uma roupa sua. Espero que não se importe" - Falo, sem graça.

"Tudo bem" - Sua voz sai indiferente, os olhos em nenhum momento fora da tela do telemóvel.

Recostada no batente da porta do quarto localizo o romance de Emily Bronte sobre a mesinha de centro logo a frente de Damon, por isso ando até o sofá, me sento de pernas cruzadas e abro o livro recém encontrado.

Estou na terceira página quando o olhar de Green sobre mim me começa a dar calafrios.

"O que foi?" - Indago, arqueando uma sobrancelha em confusão.

"Você é muito..." - Ele dá uma pausa procurando por palavras - "Espontânea"

"O que está querendo me dizer?" 

"Sabe, desde que chegou na empresa as pessoas sorriem" - Ele bloqueia o celular, deixando-o no colo conforme lista sua justificativa - "Você sai vestindo minhas roupas de repente. Fez uma torta sem açúcar para mim. E olhou para esse livro como se estivesse em frente a uma loja de diamantes"

"Só acho que não há motivos suficientes para pensar demais e não fazer o que se quer. São as coisas simples que fazem a vida valer a pena, sabe?" - Reabro o livro - "Meu pai sempre dizia isso" - Concluo, com a voz um tom mais baixo.

120 dias - EM PROCESSO DE REESCRITAOnde histórias criam vida. Descubra agora