Capítulo XI

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Como "prometido", lá estava ele novamente em minha cela disfarçada de quarto, quatro noites depois.

- Boa noite, Sophie. Como você está? – perguntou, enquanto fechava a porta, trancando-a em seguida.

- Como você acha que eu estou? – respondi, ríspida.

- Desculpa, foi uma pergunta idiota.

Ficamos em silêncio por alguns momentos, então eu decidi puxar conversa. Não conversava com ninguém ali, a não ser com ele. Nem Reiner e nem Bertholdt apareciam mais no meu quarto, então, conversar com Zeke era melhor do que nada.

- Então... como estão as coisas no quartel?

- Ah... nada de mais. Estão escolhendo as crianças que serão as próximas candidatas a guerreiras. Além disso, Marley está em guerra com boa parte do mundo, então estamos tendo muito trabalho.

- E sobre... seu serviço? – falei me referindo ao plano que ele havia citado na última noite que nos falamos.

- Aquilo, por enquanto, está correndo bem. Já conseguimos alguns soldados voluntários, a maioria deles eldianos, e outros soldados de outros países que foram obrigados a servir, prisioneiros de guerra de Marley. É muito fácil encontrar aliados contra uma nação como Marley, que quer dominar tudo, e já destruíram várias nações.

- Eu imagino que seja.

E novamente, o silêncio pairou entre nós dois. Mas dessa vez, ele quem quebrou o silêncio do ambiente.

- Eu queria te perguntar uma coisa.

- Você e suas perguntas... – eu disse, sentando na beira da janela, de costas para a mesma. – Pergunte.

- Você... quer caminhar comigo? Sabe, não precisa ser amanhã, ou depois, mas é que eu não gosto de ver você trancada aqui todo o tempo. – Ele falava um pouco contido, provavelmente com medo da minha resposta.

E de repente, eu pensei sobre tudo o que tinha acontecido, e sobre as ações de Zeke com base em tudo. Desde aquela maldita noite, ele tem tentado quase que incessantemente me deixar confortável. Ele sempre me olha aflito, e triste. Eu acredito nele, sobre ele não ter tido escolha, e de acordo com tudo o que ele disse, sinceramente, acho que foi melhor ele ter feito isso do que outro homem. Não que isso deixe de ser estupro, eu ainda não queria ter transado com ele, ao menos não naquelas circunstâncias..., mas dos males, o menor. Ele me salvou, por mais que eu mesma tenha procurado minha própria morte, e cuidou de mim nesses dias que se seguiram. Sempre esteve preocupado com minha saúde e meu bem-estar..., mas uma coisa daquelas não se apaga da noite pro dia, por mais esforço que eu faça para deixar esse acontecimento ruim no passado.

Mas eu tinha que admitir que ele estava tentando fazer o que podia, e isso já era um começo. Apesar de tudo, eu ainda tinha um resquício de esperança, principalmente depois dele me revelar suas verdadeiras intenções, sobre não estar realmente aliado a Marley.

Mas o trauma ainda estava ali, entranhado no meu psicológico. Por mais que eu tentasse esquecer, eu não conseguia.

Descobri depois de um tempo que a melhor coisa que fiz naquela noite foi não olhar para ele. Agora, parecia mais fácil visualizar seu rosto sem lembrar das coisas que aconteceram. Eu sei que foi ele, mas eu não o vi fazendo aquilo. Parece idiota, eu sei, mas a mente funciona de maneiras que às vezes não podemos explicar.

- Sophie? – ele me chamou. Eu estava perdida nas minhas divagações até ouvi-lo me chamar.

- Sim?

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora