Capítulo V

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Eu olhei para ele, e ele estava com uma cara de quem tinha visto um fantasma.

- O que foi? – perguntei.

- C-Como ele era? O pai do Eren, como ele era?

- Bom, ele era alto, magro, cabelos castanhos, usava óculos... Ele era médico, sempre cuidava de mim ou dos meus pais quando ficávamos doentes. Ele era meu padrinho.

A cada palavra que saía da minha boca, Zeke ficava mais catatônico.

- Zeke, você tá bem?

Ele piscou os olhos rapidamente, e virou o rosto, desviando o olhar.

- S-Sim, está tudo bem.

- Hum... vou fingir que eu acredito. Minha vez.

- O quê?

- Minha vez de fazer uma pergunta.

- Não sabia que era um jogo.

- Agora é. E a minha pergunta é: qual seu interesse no pai do Eren? Todos aqui parecem ter interesse nele, e não no pai dele.

Ele continuou apreciando a vista. Momentos depois, ele levanta do gramado onde estávamos sentados.

- Está ficando tarde, temos que voltar.

Olhei pra cima, para ele, e disse:

- É sério? Eu confiei em você e estive disposta a responder sua pergunta, mas quando sou quem faço a pergunta, você foge? Muito justo, Zeke.

- Quando chegarmos na base, eu te conto. Feliz?

- Vou estar feliz quando voltar para a muralha. – Respondi, seca, enquanto me levantava e limpava a parte de trás da minha saia com as mãos.

Começamos a caminhar de volta, e eu puxo assunto.

- Tá, outra pergunta: por que alguns de vocês usam essa braçadeira e outros não?

- Você fez duas perguntas. Vai ficar me devendo uma pergunta.

- Tanto faz. Você pode fazer uma pergunta, mas você não pode me obrigar a responder nada. – disse, em tom de deboche.

- Você sempre foi chata assim, ou só é comigo?

- Pergunta pro Bertholdt. Ele me fez a mesma pergunta, hoje cedo.

Ele riu.

- Tudo bem, vou perguntar. Mas enfim, sobre as braçadeiras... é pra diferenciar eldianos de marleyanos.

Fiquei olhando pra ele com cara de quem não entendeu nada, e fiz um sinal pra que ele continuasse a falar.

- Eu, você, Reiner, Bertholdt, e todas as outras pessoas que usam as braçadeiras somos eldianos, descendentes do antigo império de Eldia. Desde a queda do império de Eldia, nosso povo é visto como uma escória, algo a ser erradicado da terra.

- Como demônios? – perguntei.

- Sim. Somos chamados assim, também, e se acostume, pois uma hora ou outra, você também pode ser chamada assim. Tá vendo aquela muralha ali? – ele apontou pra direita, e eu segui com o olhar na direção em que seu dedo apontava. – Ali é um distrito de concentração. Os eldianos de Marley vivem ali, e não são permitidos de sair de lá a não ser que tenham permissão por escrita. E só tem um jeito de sair dali e virar um cidadão de Marley: se tornando um marleyano honorário. E é aí que eu, Reiner e Bertholdt entramos.

- Vocês são marleyanos honorários, então?

Ele assentiu com a cabeça.

- Mas o que isso significa?

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora