Capítulo IX

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ZEKE P.O.V.

Três dias depois, eu ainda não tinha tido coragem de encará-la. Sempre me certificava de ela estar segura e sendo vigiada, para que ela não tentasse mais nada contra a própria vida, e sempre tinha notícias dela através dos soldados que ficavam de prontidão. Mas não podia deixar explícito meu interesse pessoal nela, e sempre usava o pretexto de estar cuidando da saúde da mulher que deveria gerar crianças para a "grande nação de Marley".

Grande nação de merda, isso sim.

Depois de três dias pensando em como agir e no que dizer a ela, eu teria de enfrentá-la. O combinado foi que eu deveria ter relações com ela a cada quatro dias, até ela engravidar, mas eu não queria fazer aquilo de novo. Eu não sabia exatamente o que fazer, mas precisava convencê-la de mesmo tendo feito o que eu fiz, eu não era seu inimigo. Cheguei em sua porta, e dispensei os dois guardas que estavam de vigia. Os observei sair, e bati em sua porta.

- Sophie? Eu posso entrar?

[...]

SOPHIE P.O.V.

Estava sentada na janela, abraçando meus joelhos dobrados contra meu tórax e olhando para os soldados que transitavam pela base, quando ouvi batidas na porta.

- Sophie? Eu posso entrar?

Zeke.

Desde quando ele me ressuscitou e eu fui dopada por aquele médico, eu não o havia visto, e já tinham se passado três dias. Não queria vê-lo, mas ali eu não tinha voz, nem opinião, e nem escolha. Eu não passava de um útero com pernas, no máximo.

Ele não esperou por minha resposta, e pouco tempo depois da pergunta, abriu a porta. não me virei para observá-lo. Continuei olhando pelas grades da janela.

- Eu gostava daquela coisa que iluminava o quarto antes dessa que colocaram. – Eu disse, assim que ouvi ele fechando a porta do quarto.

- Aquilo se chama lustre.

- Lustre... acho que é um bom nome.

- Posso pedir para trazer de volta depois, se você quiser.

- Ah, que gentil da sua parte. – falei, em um tom debochado, agora olhando para ele. Achei que nunca mais conseguiria olhar nos olhos dele, mas eu estava mais firme do que achei que conseguiria ficar. – Obrigada pelos morangos, também. Só não sei se você os manda para mim na tentativa de me agradar de alguma forma ou de diminuir a sua culpa. Mandar essas merdas de morangos te ajuda a dormir à noite, depois do que você fez? Foi por isso que me levou para caminhar com você, naquela tarde? Você já sabia o que aconteceria comigo, não é? Sabia que seria você. Achou que seria mais fácil para mim se eu tivesse alguma afinidade com você? Por isso perguntou se eu era virgem. E aproveitando pra responder a sua pergunta: sim, Zeke. Eu era virgem.

- Sophie, por favor, me deixe explicar...

- Não, eu já tive explicações o suficiente. Vocês me tiraram da minha terra natal, me arrastaram até aqui e estão me forçando da pior maneira possível a ter filhos, filhos que nunca serão meus, só vou servir de barriga de aluguel. Não tenho direito a nada, não tenho alternativas a não ser aceitar calada. Vocês roubaram tudo de mim, até meu direito de escolha entre viver ou morrer. Não sou nada além de um objeto pra vocês.

Levantei da janela e caminhei até o lado da minha cama, e comecei a tirar minha roupa.

- Eu sei o que você veio fazer aqui, mas sinceramente, eu não ligo mais. Não quero mais lutar. Não adianta mesmo lutar, eu nunca vou conseguir vencer vocês.

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora