Capítulo VIII ( ALERTA DE GATILHO)

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NOTAS INICIAS

- ATENÇÃO: Este capítulo conterá cenas de suicídio. Se você é sensível a esse tipo de conteúdo, recomendo que não leia.

XXX



"- Sophie!"

Agora, eu conseguia ver o seu rosto com nitidez, diferente de todos os sonhos que tivera com ele ao longo de cinco anos. Seu olhar estava aflito, e demonstrava urgência, urgência que eu chegasse logo até ele. O céu estava negro, e a chuva caía forte enquanto eu corria até ele, que estava parado no topo da colina, estendendo sua mão para mim.

E, como sempre, acordei antes que pudesse tocá-lo.

Acordei assustada, quase como se tivesse sido acordada bruscamente. Estava atordoada, no chão, onde eu adormecera, e ainda estava nua, enrolada na toalha. A dor no meu baixo ventre e os lençóis ensanguentados só confirmaram que o que aconteceu comigo não foi um sonho ruim, mas a dura realidade.

Em todas as vezes que sonhei com Zeke, eu sentia que ele queria me proteger de algum mal, que eu estava correndo do perigo, e ele estava lá, estendendo sua mão para me salvar de algo terrível. Quando eu o conheci anteontem, eu tive um lampejo de esperança, de que as coisas talvez não ficassem totalmente ruins para o meu lado, mesmo sendo sequestrada e estando do outro lado do mar, em território inimigo. Mesmo ele aparentemente sendo o inimigo. Sentia que talvez pudesse confiar nele, algum dia, se eu julgasse que fosse seguro.

Depois do que ele fez, eu só pensava em como eu estava completamente errada em achar que ele poderia ser algum tipo de salvação. Não existia salvação para mim.

Ou talvez existia.

Me levantei devagar, e fui até o guarda-roupa e peguei a primeira peça de roupa que vi, um vestido rosa. Particularmente não era muito chegada à rosa, mas isso era a última coisa com a qual eu me importava agora. De que adiantaria ficar escolhendo? Futilidade demais, não mudaria nada. Vesti o vestido. Olhei para a janela. Os raios de sol começavam a entrar por ela, anunciando a chegada de mais um dia. Olhei para cima e vi o objeto que eu tanto admirava desde que chegara aqui. Parecia bem firme no teto, apesar de suas pedrinhas delicadas balançarem ao vento que entrava no quarto através da janela.

"Colabore."

- Já chega de colaborar, Reiner. – disse para mim mesma, enquanto tirava da cama os lençóis sujos, dando um nó na ponta de um deles, fazendo uma espécie de argola.

"Isso é pelo bem de todos, inclusive de quem você ama. Armin, Eren e Mikasa... todos naquela maldita ilha que você tanto ama."

- Não acredito que ser estuprada da forma como fui os ajudaria de alguma forma. Agora, eu só posso ajudar a mim mesma.

Coloquei o lençol em meus ombros e puxei o mais silenciosamente possível a mesa que havia no quarto, deixando-a de baixo da luminária, mas eu ainda não alcançava a base dela que a mantinha no teto. Então eu me abaixei até alcançar a cadeira que eu usei para subir na mesa, a coloquei em cima da mesa, e subi em cima dela. Consegui alcançar o meu objetivo.

Amarrei a outra ponta do lençol na base da luminária com um nó forte, e o puxei para baixo, com a força do meu corpo. Estava firme.

"O governo de Marley pode fazer coisas horríveis com você."

- É, Bertholdt... Se eu soubesse o quão horrível seria, teria me jogado no mar. Me pouparia de passar pelo que eu passei.

Desci da cadeira, com dificuldade por causa da dor entre minhas pernas, e a coloquei no chão, para poder usá-la para descer da mesa. Desci, empurrei a mesa novamente para o canto, e subi na cadeira novamente, colocando o lençol em volta do meu pescoço.

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora