Capítulo IV

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Entrei no quarto, e fiquei maravilhada.

Era muito maior do que a casa que morava com meus pais. Tinha uma cama de casal enorme, com suportes em cada ponta dela, e cortinas em volta em um tom suave de amarelo. Havia uma penteadeira com itens de higiene e escovas de cabelo, e um espelho. Do outro lado, um guarda-roupa enorme, e ao abrir, várias peças de roupa, dentre saias longas, camisetas, casacos, xales e vestidos. A maioria deles em tons suaves de azul, rosa, lilás e amarelo e verde. Tinha uma luminária no teto, parecida com a que tinha na sala de entrada, mas não tão grande quanto ela. Fiquei fascinada do mesmo jeito. Tinha uma pequena mesa com uma cadeira, uma estante com alguns livros, e uma porta que dava para o banheiro.

Eu estaria nas nuvens, se essa não fosse claramente a minha cela. Era nítido, tento em vista das barras de ferro que estavam nas janelas de vidro, que ainda podiam ser abertas por dentro, mas as barras não pareciam ser possíveis de serem arrancadas, ao menos não com a minha força. Aparentemente eles estavam tentando me deixar no conforto, mas ainda assim, eu era uma prisioneira.

Bom, ao menos uma prisioneira de primeira classe...

Peguei uma toalha que estava no guarda-roupa e fui tomar um banho na banheira. Fazia dias que eu não tomava um banho decente, e nunca tinha tomado banho numa banheira. Passei vários minutos lá, até finalmente decidir sair. Me sequei e voltei para o quarto. peguei uma camisa branca e uma saia longa azul e me vesti. Penteei meus cabelos e os amarrei em um rabo de cavalo, como de costume.

Fiquei o resto do dia deitada, lendo um dos livros que tinha na prateleira do meu quarto, e à tarde, escuto batidas na minha porta, e uma voz vindo de fora:

- Sophie? Eu posso entrar?

Não era a voz nem de Reiner e nem de Bertholdt. Fiquei um pouco apreensiva.

Levantei da cama e fiquei em pé, e então, respondi:

- Sim, pode entrar.

Abriu a porta, e quando eu olhei, era o mesmo loiro que estava no porto. Ele sorriu ao pôr seus olhos em mim, e fechou a porta atrás dele, mas não sem antes eu poder observar os seguranças plantados na porta do meu quarto.

- Nós não fomos apresentados antes. meu nome é Zeke, sou o chefe de guerra do exército de Marley. – disse, se aproximando de mim e oferecendo a mão para um aperto.

Eu hesitei.

"Colabore."

Merda, Reiner!

Me aproximei dele, e apertei sua mão.

- Eu me apresentaria, mas você já sabe quem eu sou.

O vento da janela aberta invadiu o quarto, e fez o cabelo dele voar em seu rosto. E agora, mais próxima, eu pude entender por que o achei tão familiar quando o vi pela primeira vez.

Era o homem que eu via nos meus sonhos.

Estava diferente, claro. No sonho, seu cabelo era na altura dos ombros, não usava óculos, e sua barba estava menor. Mas era ele, com toda certeza. Não sabia o que isso significava, e eu fiquei assustada. Soltei sua mão subitamente e me afastei dele, e ele notou que algo não estava certo.

- Tudo bem?

Não ia dizer que eu sonhei com ele quase que ininterruptamente por cinco anos. Não o conhecia, não sabia das suas intenções. Decidi não falar nada.

- O que veio fazer aqui? – Perguntei.

- Reiner me disse que você é bem direta, mas não achei que fosse tanto... – Disse, com um sorriso no rosto e com uma das mãos esfregando o cabelo.

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora