Capítulo XVIII

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Descemos da muralha para Trost, e eu estava feliz de estar em casa. Agora que tinha conhecido outra realidade fora daqueles muros, as coisas na muralha, mesmo sendo as que eu cresci vendo, pareciam um pouco estranhas para mim. Mas eu nunca deixaria de amar aquele lugar, e lutaria com tudo para que ele voltasse a ser como era, e melhor, até.

- Poxa, eu queria ter trazido o meu lustre... – disse, enquanto cavalgávamos em direção ao quartel do reconhecimento.

- Desculpe querida, mas você sabe que não tinha como trazê-lo. Aqui não tem essas coisas?

- Se tem, deve ficar nos castelos da realeza...

Cavalgamos por um tempo até chegarmos no nosso destino. Assim que chegamos, nos dirigimos até a sala de reuniões: eu, Zeke, comandante Erwin, capitã Hange, capitão Levi, Eren, Armin e Mikasa. Eren ainda parecia estar alheio a tudo, por causa da enxurrada de informações e revelações que havia recebido. Mikasa, como sempre, não saía de perto dele, tentando fazer com que ele mantivesse a calma e a cabeça centrada.

[...]

- Então a ideia brilhante de vocês é que nós aceitemos Reiner e Bertholdt no reconhecimento? Vocês estão tirando sarro da nossa cara? – Eren vociferava, exalando raiva por todos os seus poros. – Você esqueceu o que eles fizeram, Sophie? Eles destruíram nossas vidas! Quantos milhares de civis e até mesmo soldados morreram por causa deles ao longo desses cinco anos, e agora você quer que nós nos aliemos como se nada tivesse acontecido?

- Eren, por favor, entenda. Não estou pedindo para perdoá-los. Nem eu os perdoei ainda, mas eles estão dispostos a ajudar. Você não tem ideia do que eles dois, Zeke, e todo o resto que está lá fora nos esperando arriscaram pra estar aqui agora, pra salvar o povo dessa ilha, pra salvar a nós, eldianos! Eren, o mundo lá fora nos odeia mais do que você pode imaginar! Eles nos querem destruídos, dizimados da face da terra! Nós não podemos permitir isso, mesmo que a nossa única saída seja unir forças com o inimigo! Eles VÃO nos ajudar, eles estão do nosso lado, e eu ponho minha mão no fogo por eles. Se eles nos traírem, eu entrego minha vida com prazer, como punição.

- Sophie, você não pode fazer isso! – Zeke exclamou, preocupado.

- Não há problema nenhum, Zeke. Por mais que eu os odeie, eu confio na motivação deles, do mesmo jeito que confio na sua. Afinal, vocês todos tem a mesma motivação. Se você não nos trair, então eles também não irão. E eu sei que você não irá nos trair.

Ele me fitou por um momento, e esboçou um sorriso fraco. Depois, voltou sua atenção para frente.

- Se me permite falar, comandante Erwin, - Zeke começou – Marley tomou um golpe severo perdendo três dos seus sete titãs, isso sem contar na titã fêmea. Nós éramos a maior força deles, e agora que desertamos, eles estão quase que sem cartas na manga, mas isso não quer dizer que eles não vão revidar. Marley agora está numa saia justa, porque assim que os inimigos deles descobrirem que eles não têm mais essas forças, com certeza declararão guerra contra Marley. Eles não vão ter escolha, e vão ser obrigados a lutar em duas frentes: contra vocês, e contra o resto dos inimigos do mundo. Marley tem aliados também, e com certeza convocará todos deles a esta ilha, para recuperar o que foi perdido antes que travem uma guerra contra o resto do mundo. Eles nos usam, eldianos, como soldados para morrer em nome da pátria deles, mas eu também tenho uma carta na manga. Espero que vocês saibam mesmo como matar titãs, porque eles vão cair do céu.

Depois da longa reunião, o comandante Erwin decidiu aceitar Zeke, Reiner e Bertholdt, assim como Yelena e os outros soldados nos navios. Nossa primeira prioridade era fechar o buraco de Shiganshina e na muralha maria, a fim de reconquistarmos território, e nos preparar para o que viria a seguir.

Predestinados - Zeke JaegerOnde histórias criam vida. Descubra agora