capítulo um

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Helena Magalhães alisou seu vestido, nervosa. Ela estava ansiosa, porém animada com a ideia que estava indo propor para a turma do segundo ano. A sua turma favorita, onde todos os alunos eram muito queridos pela mulher e ela em dobro por eles. Antes de começar a aula, ela entrou na sala. Depois de checar que todos estavam na sala, ela se pronunciou com um "Bom dia".

─ Bom dia, Diretora Helena! ─ Todos os alunos berraram em uníssono.

Ela sorriu, ainda era difícil para a mulher se acostumar com eles a chamando de "diretora" ao invés de "professora". Depois que Olívia se aposentou, rapidamente Helena foi colocada no cargo da direção, tornando-se a melhor que aquela escola já teve. Um dos seus feitos foi adicionar os módulos de ensino médio na escola.

─ Bom, como sei que vocês são os mais animados ─ ela sorriu observando os olhares atentos que recebia. ─ Vou falar primeiro para vocês!

─ Você está grávida de novo!? ─ Valéria deixou escapar.

─ Não! ─ A diretora Helena riu. ─ No final desse ano, vamos realizar o primeiro baile da escola!

Oh my God! ─ Bibi levantou da cadeira, animada. ─ Como nos bailes de escolas americanas?

Rapidamente, todos começaram a falar entre si. Valéria queria combinar roupas com o Davi, enquanto Mário bufava e Paulo já planejava algo maligno com Kokimoto. A única que não se mostrou muito animada foi Alícia.

─ Vai ter uma rainha do baile, diretora? ─ Maria Joaquina perguntou, subindo em sua cadeira, para ficar acima de todos. Logo, o burburinho parou.

─ Sim, Maria Joaquina. E um rei também.

Num passe de mágica, o burburinho voltou. Alícia se afundou na sua cadeira, ela não entendia o porquê de ficarem tão animados com isso. Ela gostava de eventos e gostava da sua turma, mas não havia se empolgado muito com a ideia.

***

Durante o intervalo, as meninas se reuniam no pátio. Alícia chegou junto com Laura na rodinha, que estava em uma conversa liderada por Maria Joaquina. Maria Joaquina havia mudado muito desde o segundo ano do ensino fundamental. Ela agora era mais bela, esbelta, mas o que mais havia se transformado eram seus pensamentos e atitudes. Bom, algumas.

─ Sim, eu seria a rainha do baile perfeita! ─ A menina rica falou.

─ Por que você? ─ Carmen perguntou, genuinamente. ─ Acho que a Valéria ou a Alícia seriam ótimas rainhas do baile também.

─ Não me leve a mal,─ a outra menina respondeu. ─ Mas a Valéria não combina para ser a rainha do baile... Ela é uma ogra!

─ Garota? ─ Valéria Ferreira rebateu. ─ Ogra é você! E além do mais sou a única que tem um par para ir.

Valéria mudara apenas de cabelo, depois de passar por uma transição capilar, agora usava seu cabelo ondulado e natural. Apesar de ter amadurecido bastante, ainda continuava sendo barraqueira e não aceitava desaforo.

─ Rainha do baile... ─ Laura suspirou. ─ Tão romântico.

Well, A Alícia não tem par também... ─ Bibi falou, tentando explicar o motivo de Alícia não poder ser a rainha.

─ E ela também não é a mais bonitinha... ─ Maria Joaquina completou.

─ Ei! Eu estou aqui, sabia? ─ Alícia reclamou, revirando os olhos.

Alícia Gusman ainda continuava sendo "masculina", ela preferia mil vezes usar calças a vestidos. Ela também era uma skatista muito talentosa, sempre se encontrava com os meninos de sua sala nas rampas da cidade. Ela também mantinha uma mecha rosa em seu cabelo. Ela se sentiu bastante ofendida pelas palavras de Bibi e Maria Joaquina, apesar de não demonstrar externamente.

─ Bom, e você não ter par é só porque você não quer. ─ Valéria falou provocativa.

─ O que isso quer dizer? ─ A skatista perguntou honestamente.

─ Você sabe, eu sempre te digo. ─ a outra falou transmitindo um olhar confiante para a menina. ─ O Paulo está totalmente caidinho por você. Só você não vê.

─ O Paulo odeia ela. ─ Marcelina deixou escapar, tapando a boca logo depois do que falou.

─ Eu preferia morrer do que ir para o baile com ele!

Alícia realmente não gostava de Paulo, ele era egoísta, malvado e tentava fazer de tudo para ferrar com todos. Ela honestamente o achava um frustrado com a vida, por isso se tornou quem era. Ele parecia ter melhorado fisicamente, mas continuava com o mesmo cérebro que tinha no segundo ano do ensino fundamental, só que com mais testosterona.

─ Isso para mim é amor... ─ Laura falou, sonhadora.

E naquele momento, uma ideia se acendeu na cabeça de Alícia.

faz de conta ➵ paulíciaOnde histórias criam vida. Descubra agora