Clube dos Perdidos

O Monstro

Naruto

Meu coração ficou em pedaços por deixar a Hinata. Eu já sabia que a polícia viria atrás de mim e que seria rápido, mas mesmo assim, quando aconteceu, senti o chão se abrir sob os meus pés. Quase faltou o ar, eu tremia. Não me importo nem um pouco da escola inteira ter me visto sendo levado, mas sim com as pessoas que eu amo que ficaram ali confusas, impotentes, sem saber o que estava acontecendo. Sei que eles devem estar se corroendo em desespero agora e isso acaba comigo.

O policial leu meus direitos e pouco tempo depois, já estávamos na delegacia. Eu me mantinha calado, não resisti, não falei nada. Um dos homens me levou pra uma sala de vidro e me algemou na mesa. Logo outro policial entrou e ficou de frente pra mim.

- E então, Naruto Uzumaki? - ele era um cara de meia idade, feio pra caralho, um tanto asqueroso e me encarava de um jeito arrogante - Está disposto a fazer sua confissão?

- Confissão? - questionei, mantendo minha voz e olhar firmes.

- Suas digitais foram encontradas na arma que foi usada pra matar a vítima, sabemos que você tem um relacionamento com a filha mais velha e herdeira dele, ou seja, temos os motivos. Você vai ser condenado de qualquer jeito, mas podemos abrandar sua pena se você facilitar as coisas. Você não resistiu à prisão, tem tudo pra conseguir um bom acordo e evitar um longo e cansativo julgamento. O que me diz?

- Eu digo que não vou falar nada sem a presença do meu advogado.

- Você é o único suspeito desse crime. Seu advogado não vai conseguir nada.

- Obrigado pelo aviso, mas prefiro pagar pra ver.

- Olha garoto, você não está em posição de--

- Quero ligar pro meu advogado. Agora.

Ele me olhou torto e saiu da sala. Por fora eu me mantinha altivo, mas por dentro estava tudo bagunçado, eu estava apavorado. Não me arrependo de nada, mas a possibilidade de nunca mais poder ficar perto do pessoal e não voltar a viver minha vida normal, me assombra. Pensei no que o Sai e o Sasuke fariam no meu lugar. Eles sempre tiveram frieza mesmo nas situações mais difíceis, eu precisava fazer o mesmo, pois dessa vez, eles não poderiam me salvar. Consegui acesso a um telefone e liguei pra única pessoa que eu sabia que podia me ajudar e pra quem eu mais devia explicações.

- Alô?

- Oi, pai... - respondi cabisbaixo, respirando fundo e me preparando para o que estava por vir.

- Oi, filho! Sua voz está estranha, aconteceu alguma coisa?

- Pai eu... Eu fui preso.

- O quê?!! - afastei o telefone do ouvido com o grito que ele deu - Que história é essa?? Eu não gosto desse tipo de brincadeira, Naruto!

- É verdade, pai. Preciso que você venha aqui. Eu te explico tudo.

- Eu tô indo pra aí.

Ele desligou com a voz um pouco alterada. Eu sabia que tinha deixado meu pai preocupado e a coisa só ia piorar, mas ainda era melhor ligar pra ele do que pra minha mãe. Ela com certeza iria surtar, acabaria tudo na mesma, ou pior. Meu pai conseguiria lidar com a situação.

Depois de um tempo que me pareceu uma eternidade, meu pai chegou. Quando ele apareceu na minha frente, corri pro abraço dele como quando eu era criança. Naquele momento, eu me sentia uma. Não segurei o choro, mas ele se manteve firme e me acalmou. Me fez sentar e respirar pra tentar entender o que era tudo aquilo.

- Agora me conta o que aconteceu. - ele pediu, sentando de frente pra mim com uma das mãos no meu rosto - No que foi que você se meteu dessa vez, Naruto?