Capítulo 2.

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P.O.V - Chloe Beale.


Um dos piores jeitos de acordar honestamente era aquele em que você mal conseguia abrir os olhos de ressaca, ou tinha seu sono bruscamente interrompido por algo incômodo. No caso de hoje, ressaca e cigarro.
Minhas narinas só expiravam cigarro, não havia mais nada no ar.

Abri os olhos forçadamente, eu só queria dormir pelo resto do dia, mas minha dor de cabeça era mais um incentivo pra me levantar e tomar algumas aspirinas. Dor, ressaca e cigarro. Senti meu estômago embrulhar.

Espreguiçei-me lembrando da noite passada, gemi em reprovação.
 
- Bom dia minha ruiva. – Ashley me deu um beijo estalado nos lábios.

Eu definitivamente não tinha boas lembranças da loira, mas eu não a via desde que me mudei para Las Vegas, no entanto foi a primeira pessoa que vi quando retornei a Atlanta, e bom, uma coisa leva a outra...

- Você não podia fumar em outro lugar? – Torci o nariz. – Esse cheiro me enjoa.

- Você precisa se acostumar, como vai reagir quando nos casarmos?

Não pude deixar de rir. Ashley era convencida demais, ou se preferir, iludida demais. Era a primeira vez que transávamos em quase dois anos, e com certeza foi obra da bebida.

- Qual a graça?

- Isso definitivamente não irá acontecer. – Me enrolei nos lençóis pois eu ainda estava despida, e me levantei sem pressa, afinal o mundo inteiro parecia girar.

- Por que?

- Por que não.

- Ainda é sobre a morena? – sua voz era carregada de ironia, e me fez paralisar. Eu não tocava nesse assunto. Delicado demais, doloroso demais. – Qual é Chloe, eu não sei o que você vê nela.

- Isso não é da sua conta, e muito menos algo aqui é sobre ela, está bem? – Esbravejei.

- Toda vez que você ia vê-la, ficava  estranha comigo, não é diferente agora, é? – Tragou o cigarro. – Você vai vê-la, não vai?

Ignorei, batendo a porta do banheiro com força. Beca foi um tópico sensível para mim por muito tempo, não mais.. digo, ela me odeia agora, já se passaram quase dois anos, eu se quer tinha motivos para estar nervosa em vê-la.

Aubrey já estava me ligando loucamente desde às 10 da manhã, aparentemente eu era a primeira Bella a chegar em Atlanta, depois de Stacie que na verdade, nunca saiu. Tomei meu banho as pressas e mal me despedi de Ashley, que estava emburrada como sempre. Meu carro estava cheirando a bebida, ainda havia algumas garrafas no chão, resquícios das loucuras de ontem a noite. Olhei com nojo.

Por algum motivo, Atlanta me despertava um modo selvagem, ou realmente Ashley estaria certa, talvez eu estivesse receosa em finalmente reencontrar Beca depois desse tempo, já que as únicas vezes que caí na bebida foram as vezes que o nome de Beca estava envolvido em alguma situação. Mas não importa, tudo isso afinal era sobre Bree e Emily.

Cheguei em seu apartamento em exatos dez minutos, joguei todos os restos de bebida para fora, ou Aubrey me daria um sermão de uma hora, e finalmente subi. Décimo quarto andar, corredores familiares. Eu e Beca vivíamos neste apartamento. Meu sorriso se desfez. Todas as memórias com Beca de repente se tornaram tristes.

- Olha quem está aqui! – Emily que estava de chegada no apartamento gritou quando me viu, pulando em meus braços. – Uuh, eu estou tão feliz que você veio.

- E eu estou tão feliz por vocês. – A apertei junto a meu corpo. - Parabéns, e cuide da minha melhor amiga está bem?

- Eu irei. Entre. - Entramos no apartamento repleto de caixas, vestidos, decorações de madeira. Elas iriam organizar pelo menos 80% do próprio casamento, quando o assunto era importante pra Aubrey, todos sabemos que ela ficava um pouco... Controladora demais. Essa era Aubrey. Preferindo organizar o proprio casamento do que ter tudo nas mãos por verdadeiros profissionais.

- Chlo! - A loira saiu do quarto com os cabelos emaranhados e um pijama amassado, e correu para meus braços. A última vez que eu a vi foi há 3 meses, ela era minha energia, eu precisava dela por perto para poder me recarregar.

- Oh como é bom sentir seu cheiro. - Funguei seu cabelo.

- Hmm, não posso dizer o mesmo você cheira a cigarro. - Fez uma cara de nojo. - Andou fumando?

 - Uhn, não. Na verdade eu estava na Ashley. - Fechei os olhos esperando pela bronca.

- Ashley? - Emily se pronunciou. - Aquela, Ashley?

- Não é grande coisa.

- Tem razão, é enorme. - Aubrey estourou. - Como você pôde, você sabe o que esse romance te custou. - Senti meu sangue ferver.

- Não me custou nada, eu só me relacionei com a Ash por culpa da Beca e você sabe muito bem. Vocês vivem culpando a mim e a Ashley e esquecem quem tem grande parcela da culpa, não é? - Elas se calaram. - Além do mais, foi uma noite. Nada mais. Podemos voltar ao seu casamento?

Elas concordaram. Beirei pensamentos de culpa, mas logo me livrei deles. Perder a amizade da Beca foi uma das piores coisas da minha vida, uma das razões pela qual eu me culpei e me afundei em uma depressão durante muito tempo, até eu me dar conta que isso não era minha culpa. Eu não poderia me culpar e não deixaria ninguém fazer isso.

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- Você está linda, cheirosa e gostosa, podemos ir, por favor? - Pediu uma Aubrey impaciente. Torci o nariz por que sinceramente eu não estava satisfeita. Eu coloquei uma calça jeans azul escuro, camisa social preta, saltos e para não perder o costume, o lenço das Bellas amarrado a meu pescoço. - É só um jantar, Chlo.

- Não é só um jantar. - enfatizei. Era apenas a primeira vez que eu veria as Bellas em muito tempo.

- Escute. - Caminhou até mim, repousando as mãos nos meus ombros. - Não vamos deixar que ela destrate de você, vai ser um jantar normal, como nos velhos tempos. Tudo bem? - Concordei com algumas lágrimas chegando. Eu queria rebater e dizer que nada disso era sobre ela, que eu estava realmente anciosa para rever as Bellas, mas para ser sincera, nada que eu dissesse iria convencer Aubrey. Ela conhecia cada olhar e sinal do meu corpo.

A loira tirou uma mexa de meu rosto e a ajeitou atrás da orelha. Ela era meu lugar seguro.

Ouvimos Emily gritar pela décima vez o quão estávamos atrasadas, então resolvemos deixar os afetos para quando estivéssemos todas reunidas novamente.

Reúnidas novamente. 660 dias depois.

660 days afterOnde histórias criam vida. Descubra agora