660 days after

Capítulo 17.

Me despedi de Chloe após muito trabalho e segui para o quarto. Eu sentia minhas pernas doerem e meus braços pesados. Apesar de não ter ficado compeltamente com a parte pesada, eu não era a pessoa mais forte do mundo, me cansava extremamente rápido. Posso admitir que já usei meu tamanho e fraqueza para me safar de muito trabalho braçal.

A noite já estava caindo, o céu era refletido por belas cores laranjas, em perfeita harmonia com os chalés.

Eles ainda eram simpáticos, feitos de madeira, portas, janelas, e as chaminés de tijolo alaranjado. Foram recém pintados, acredito que para nossa chegada.

Empurrei a porta para entrar, ouvindo o rangir similar ao de um lugar antigo. Acho que esse era o intuito. Nada era moderno, o clima antigo dava um conforto ao peito de quem chegava da cidade grande.

Havia uma grande cama de casal, um tapete peludo e uma pequena lareira já acesa. As luzes eram amareladas deixando o ambiente extremamente confortável. Uma pequena estante levava a televisão antiga. Passei os dedos sobre ela, não acho que ela funcionasse mais. Eu ganhei uma dessa no meu aniversário de 6 anos. Sorri com as lembranças.

- Ei você. - Theo saiu do banheiro usando apenas uma calça de moletom. Ele tinha os cabelos molhados e o ambiente estava embassado devido à fumaça do banheiro.

- Ei você. - Ele me abraçou forte, mal tive tempo de pensar. Seu corpo estava quente demais, e através de seu peito pude sentir o coração batendo acelerado e sem ritmo algum. Me desvinculei de seus braços. - Seu coração, Theo.. O que aconteceu?

- Você fez isso. - Ele carregava um brilho no olhar.

- Eu sou tão feia assim? - Brinquei, mas ele parece não ter visto graça. Permaneceu me olhando, olhos, nariz, boca... - Theo...

- Becs, eu acho que eu te amo.

Paralizei completamente. Essa era uma revelação e tanto para mim. Eu sei que eu e ele viramos amigos muito próximos, também sei que ele gostava de mim desde a primeira vez que trabalhei com Khaled, mas isso era algo grande demais, forte demais. Digo, amor.. Como ele ama alguém que não lhe da nenhum estímulo?

Chloe me veio à mente. Sentimento grande demais, significado de amor.

- Me ama? - Ele concordou. - Theo, eu já disse...

- Eu sei, somos amigos e você não gosta de misturar relacionamento com trabalho. Mas veja só... - Ele pegou minha mão e me puxou até a cama, me olhando fundo nos olhos. - Somos ótimos juntos Becs.. Eu quero tanto você que não paro de pensar por um segundo em quanto seria bom. Já imaginou?

Neguei com a cabeça algumas vezes e desviei meu olhar do seu. Não, nunca imaginei. Eu queria chorar, estava confusa e com muito medo. O rapaz levantou meu queixo com a mão, delicadamente, obrigando-me a encará-lo.

- Negue que somos ótimos juntos Becs, e então eu não volto a tentar ficar com você.

- Eu não posso negar isso. - Admiti.

- Seja minha namorada...

Soltei uma risada, eu não queria ser debochada, não era a minha intenção, mas as vezes nosso corpo agia por conta própria. Como agora.
Eu não acho que ele entendia o real significado dessa palavra. Namoro, amor. Não eram apenas palavras, e minha relação com ele era definitivamente vazia de amor romântico.

- Eu estou falando sério. - Ele fechou o rosto.

Eu o amava. Theo era uma das pessoas que eu com certeza lutaria para ter em minha vida para sempre. Mas eu não o amava verdadeiramente. Quando eu olho para o meu futuro, com uma casa no interior com um quintal grande e espaçoso, um cachorro que eu odeio e toda a minha família ama, três filhos... Não é Theo que está ao meu lado nesta imagem. Chloe está.