2 - O homem que se tornou o diabo

136 14 8
                                    


Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


"Desista de todos os seus sonhos e morra."

É... acho que nunca vou conseguir escapar mesmo dessas malditas palavras, menos ainda da expressão de alívio no rosto do Erwin ao saber que finalmente poderia descansar.

O Comandante Erwin Smith da Divisão de Reconhecimento morreu com bravura, cumprindo seu dever. Seu sacrifício e de mais cento e noventa e oito soldados permitiu a retomada da muralha Maria, a descoberta dos diários do Dr. Yeager e uma vitória da humanidade sobre os titãs jamais vista em séculos de história.

Eu estava lá para enterrá-lo, mesmo que naquela época não tivesse conseguido cumprir a última promessa que o fiz. Em algum lugar, aquele pedaço de bosta do Zeke ainda estava vivo, se recuperando para planejar o próximo ataque.

Enterramos os corpos dos nossos companheiros dois dias depois de retornarmos para Trost, antes que a notícia se espalhasse por todo o reino. Hange decretou cinco dias de luto para os nove sobreviventes das tropas de exploração e realizou o sepultamento antes da cerimônia oficial, em respeito à privacidade das famílias dos mortos.

Erwin não tinha família. Os figurões do comando militar preferiam guardar seus trajes chiques de luto para a cerimônia oficial com a presença da Rainha. Foram poucas as pessoas que perderam seu tempo paradas na frente daquele túmulo.

Mikasa e Eren foram presos assim que atravessaram os portões de Trost e ainda estavam cumprindo a pena por me encher o saco como bebês chorões implorando pela vida do Armin, digo por insubordinação. Então compareceram o resto do meu esquadrão, Hange, Keith Sadies, o instrutor da formação de cadetes, e o Nile Dawk, Comandante da polícia militar.

Eu nunca vi muito sentido em olhar pra uma pedra entalhada com um nome em cima de um cadáver deixado pra apodrecer debaixo da terra. Mesmo assim, eu estava lá.

Chovia naquele dia, mas nada que se comparasse à tempestade que caía no dia em que eu tomei a decisão que selaria o meu destino.

Furlan, Isabel e eu estávamos infiltrados no batalhão de Reconhecimento. Nossa missão, matar o homem que nos encontrou no subterrâneo e nos convidou a fazer parte de sua equipe na superfície. Nossa recompensa, uma passagem só de ida com cidadania garantida para fora do buraco imundo onde nascemos.

"Não. Você não deve se arrepender. Se você começar a se arrepender, isso vai interferir nas suas futuras decisões e deixará que os outros façam as suas escolhas por você. Então, tudo o que restará para você será a morte."

Foi o que o desgraçado arrogante do Erwin falou diante dos restos de corpos mutilados das primeiras pessoas que eu chamei de amigos.

Eu me afastei dos meus amigos para cumprir a nossa missão. No ápice do meu desespero ao encontrá-los mortos, consumido pela culpa e odiando a mim mesmo, tentei matar o Erwin, mesmo sabendo que não teria a menor chance. Ainda assim, ele não se arrependeu de ter me estendido a mão e manteve o convite para me juntar a ele como um companheiro.

So ist es immer - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora