4 - Olhos oblíquos

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Quando subi pelas escadas e atravessei a porta, eu me questionei novamente se a resposta para a pergunta que se quer deveria ser da minha conta realmente valia todo aquele esforço e tempo.

Mas agora, em queda livre para a morte, não posso e nem há motivos para me enganar. Não foi não foi apenas uma resposta que me levou àquele apartamento na região mais pobre e marginalizada de Trost. A cada minuto na companhia de Ilya, mais e mais perguntas brotavam na minha mente. A intuição de que éramos muito mais parecidos do que poderíamos imaginar me atraía como uma força gravitacional.

O distrito que recebeu um ataque de titãs já não era um lugar atraente para o tipo convencional de habitação por motivos óbvios. Parte considerável da cidade foi destruída ou danificada pelos titãs, muitos dos antigos moradores ainda não se sentiam seguros naquele lugar, mesmo depois que Eren usou sua transformação para carregar a grande rocha e selar o portão.

Como era de se prever, a maior parte das pessoas que voltaram depois da limpeza dos titãs foram os habitantes mais pobres, sem qualquer condição de recomeçar suas vidas em outro lugar. Além dessas, o distrito também recebeu pessoas sem casa de outras regiões, atraídas pela expectativa de ter um teto sob suas cabeças. Até mesmo as que já tinham uma boa vida antes, retornaram consideravelmente mais pobres, por conta dos efeitos da destruição.

Nos primeiros anos de recuperação, Trost era uma cidade dividida entre os quartéis das tropas de Reconhecimento, Guarnição e Cadetes e a população de civis repentinamente empurrada para a marginalidade.

Foi certamente nessas circunstâncias que Ilya conseguiu se apropriar do apartamento onde eu a assistia de costas pra mim e virada para a pia, levando uma chaleira e dois corpos.

Enquanto a acompanhava pelas ruas até aquele lugar, ela foi cumprimentada por diversas pessoas, principalmente crianças. Quanto mais decadente o caminho se tornava, mais popular ela parecia ser. Uma garotinha com não mais seis ou sete anos chegou a entregar um ramo de flores, como agradecimento pelos remédios que, aparentemente, Ilya comprou para a mãe dela. Algo que inevitavelmente me fez lembrar do Furlan.

"Ilya... Então você é o que se pode chamar de 'uma puta boa'?" repeti no nome que ouvi das várias pessoas que a cumprimentaram e perguntei, a fim de confirmar as minhas observações.

"Eu sou puta, se sou boa ou não vai depender de quanto o cliente pode pagar." ela respondeu com naturalidade e sem se voltar para mim, agora enchendo a chaleira de água da torneira.

Eu não estava perguntando se ela fodia bem, também não acreditei na resposta e ela sabia, mas não insisti. Em lugar disso olhei ao meu redor, analisando o ambiente.

Chamar aquele lugar de apartamento seria um exagero. Estávamos dentro de um dos cômodos do último andar do prédio parcialmente destruído por um ataque de titã. As paredes rachadas daquele andar poderiam desabar a qualquer momento, não fossem as pilastras de madeira improvisadas pela nova moradora.

So ist es immer - Levi AckermanOnde histórias criam vida. Descubra agora