Capítulo 11

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Eu me encontrei com a Lena na semana seguinte, depois de quase um mês sem vê-la que para mim parecia como se o dia estivesse parado e as manhãs não tivessem fins. O que fez meu coração bombardeava compulsivamente como estivesse em ritmo de 'Ragatanga', ao menos era isso que eu acho que o  grupo 'Rouge' se refere, todavia, mesmo acelerado, não me machucava, não me feria, era como se estivesse feliz.

E lá estava ela como sempre falando sem parar, gesticulando com braços com tamanha liberdade enquanto a brisa acariciava seus cabelos cada vez mais forte quando nos aproximávamos da praia, caminhando pela Rua das Pedras. Ela ria, gargalhava como se estivesse me contando a história mais engraçada do mundo e eu retribuía, mesmo sem saber do que se tratava.

Me assustei quando ela do nada deus três passos longos e logo rodopiou parando em minha frente, buscando meus olhos para encará-la enquanto mordia lábios inferiores. Segurando o sorriso, ela disse:

— Eu tive uma ideia — Disse ela, soltando a frase que já imaginava que diria — Vem comigo!

Então ela pegou na minha mão e me puxou correndo.

Era a primeira vez que ela fazia isso.

Uma aproximação rápida demais, um toque intimo demais que me arrepiava, que parecia que era um furação forçando a abrir aquela barreira imposta por mim, a sensação de como um vidro voltasse a rachar mais uma vez e que logo fosse partir ao meu. Que, em frações de segundo, fazia meu coração acelerar tanto que parecia sair pela boca e a minha mente gritava comigo.

Eu tive vontade de recolher o meu braço, puxar minha mão de volta e guardá-la em algum bolso na minha calça, impossibilitando que ela a tocasse de novo. Meu subconsciente gritava, ele exigia por isso.

Entretanto, antes de tomar qualquer atitude ela me soltou.

Ela me levou para uma área de jogos que fica na praça, o lugar mais concentrado por crianças e adolescentes, causando receios e querendo ao máximo camuflar a minha presença e que aquela sensação de estranheza não fosse o suficiente de me fazer correr como aconteceu no Pub. Estávamos em frente a Máquina de Pegar Ursinho, combinando de fazer apenas três tentativas.

— Eu quero pega a abelha — Disse ela colocando a nota de dois reais.

— Por quê?

Será que ela ama mel? Ou achava interessante as classes sociais do inseto? Ou porque se parece com ela, já que é um dos insetos que mais dá frutos e sementes as plantas, e assim fazer com que cada novas plantinhas se alimentam e cresçam? Pensei nas possíveis respostas que ela me daria.

— Eu acho bonito a cor amarelo e preto — Respondeu sorrindo, me fazendo soltar um desanimo "entendi" em resposta.

Ela caminhava na rua como se o ursinho fosse o seu mais novo tesouro sem esconder o sorriso de felicidade e orgulho com o prêmio conquistado com suas próprias mãos com sucesso. Às vezes, ela o levantava o máximo que podia balançando de um lado para o outro, como se imaginasse que abelha saísse e voasse por aí.

Andava devagarinho enquanto ela se afastava de mim sem perceber, deixando-a ser o centro das atenções que ela gostava de receber, de ser notada e de arrancar os risos de simpatia e os suspiros de quem passava por perto.

 — Não fique triste — Falou vindo em minha direção se segurando para não rir se juntando a mim — Na próxima eu tento pegar uma flor para você.

Seu tom de voz e ela mordendo os lábios para não rir me dava a impressão que ela estivesse brincando comigo pelo meu fracasso na Máquina de pegar Ursinho.

— Por quê uma flor? — Perguntei curiosa.

 — Não é o que significa 'Magnólia'? — Novamente ela rodopiou para mim, rindo — Vou pegar um girassol.

Magnólia (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora