Capítulo XVII

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Paulo Guerra

— Como você cresceu, Paulo! Nem parece o mesmo pré-adolescente revoltado... — Minha primeira namorada diz, com um sorriso de canto. Nós namoramos quando eu tinha 13 e ela 17. E sim, eu sei que isso é bizarro e me arrependo muito por ter acontecido.

— As pessoas mudam, não é? — Eu digo com a cara fechada e os braços cruzados. Olho para Alicia que parecia atenta no diálogo entre mim e Clarice. — Essa é Clarice, foi a minha primeira namoradinha. E essa é Alicia, minha atual namorada.

Dito isso as duas garotas arregalam os olhos. Logo, Alicia normaliza sua expressão e abre um sorriso tímido, pegando uma das minhas mãos e a segurando com força. Clarice parece ter um misto de raiva e tristeza em seus olhos, mas não diz nada a respeito.

Depois da adulta ter chamado a enfermeira oficial, já que ela estava apenas fazendo um estágio no acampamento e ainda não tinha todas as habilidades necessárias para ser enfermeira titular. Uma velha chega e começa a analisar o pé de Alicia, que solta alguns gemidos de dor.

— Quebrado não está, mas foi deslocado. — Ela diz e eu olho para minha garota com preocupação. Tudo isso é culpa minha. — Segure firme no seu namorado que vai doer bastante para reposicionar.

A enfermeira posiciona Alicia sentada, que tinha um olhar assustado e não largava da minha mão. Quando a enfermeira começa sua contagem regressiva para o reposicionamento, a garota aperta a minha mão ainda mais forte e eu me sento ao seu lado. E é quando a enfermeira coloca o pé dela no lugar que um grito de dor e agonia escapa por seus lábios.

— Tá tudo bem, amor? — Eu pergunto enquanto a ajudava a sair da enfermaria. Foi colocada uma bota ortopédica no seu pé para imobilização e seria retirada apenas no final da semana.

— Parece que tá tudo bem? — Ela diz seca, mas logo ameniza seu olhar. — Desculpa, Paulo. Tá... tá tudo bem, eu só estou cansada.

— Vem, eu te levo para o dormitório. — Eu digo, pegando a garota no colo.

— Podemos ir no Jardim das Borboletas primeiro?

— Claro que podemos, lindinha.

Andei com ela no colo até chegarmos no jardim, onde as borboletas pareciam ter parado para nos receber. Depois de um tempo, quando sentamos, diversas delas pousaram na bota de Alicia, parecendo que queriam curá-la.

— Paulo, você ainda gosta dessa Clarice? — A garota me pergunta após alguns minutos de silêncio.

— Eu namorei com ela quando tinha 13 anos e ela 17, Alicia. Eu era mais um burro de carga do que um namorado pra ela. Óbvio que não sinto mais nada por ela, nem que me pagassem  eu voltaria com a garota.

— Fico mais tranquila assim, Paulinho. — Ela diz, mordendo um lábio.

— Ah é, Aliciazinha? Tava com ciuminho? — Eu pergunto, me aproximando dela. Coloco uma mão em sua nuca e vejo-a arrepiar.

— Eu? Nunca, Paulinho! Só nos teus sonhos.

— Meus sonhos vão se realizar agora mesmo. — Eu digo, encostando meus lábios nos de Alicia.

Alicia Gusman

— Ai, Alicia! Depois eu te digo para não ficar fazendo essas coisas de menino e você reclama! — Maria Joaquina diz depois de Paulo me levar de volta ao dormitório.

— Para de ser sexista, Maria Joaquina! Não tem essa de coisa de menina ou de menino. — Valéria começa e a outra revira os olhos. — Alicia faz o que ela gosta, só deveria ser mais cuidadosa.

— Ah, para né! Daqui uma semaninha eu já vou estar bem, nem esquentem. — Eu falo e as duas franzem as sobrancelhas, parecendo preocupadas.

— Alicia, o que você vai fazer sem esportes e adrenalina? — Carmen pergunta, se juntando as outras duas.

— Eu dou meu jeitinho.

— Por que isso não me parece uma boa ideia, ein? — Valéria diz.

— Todas as minhas ideias são boas.

Depois desse pequeno diálogo, deito em uma cama normal, já que não consigo subir no meu beliche. Pego no sono em dois minutos e quando acordo me sinto renovada.

— Bom dia, lindinha! — Vejo Clarice encostada perto da porta. Meu sangue borbulha ao ouvi-la proferir o apelido que Paulo me deu.

— Não me chama assim.

— Eu te chamo do jeito que eu quiser. — Ela fala tranquilamente e anda em direção a minha cama, onde eu ainda estava deitada. — Preciso trocar algumas palavrinhas com você.

— Sou toda ouvidos.

— Você não pode continuar vendo o Paulo. — Ela fala e eu caio na gargalhada, surpresa pelo assunto repentino. — Para de ri! Estou falando sério. O Paulo não merece alguém tão ruim e feia, ele merece a mim.

— Tarde demais, Clarice! Saiu do ar perdeu o lugar. — Eu digo e ela se aproxima ainda mais, seu olhar se contraindo em raiva.

— EU FUI A PRIMEIRA NAMORADA DELE, EU TENHO DIREITO QUE FICAR COM ELE QUANDO EU QUISER. — Ela grita e me proporciona outra crise de gargalhadas.

— Cara, se você não fosse tão bonita, eu te chamaria de louca. — Eu digo e ela sai batendo o pé.

Me levanto e faço minha rotina higiênica, pronta para mais um incrível dia no Acampamento Panapaná.

— Pronta, florzinha? — Paulo fala quando eu saio do quarto, me dando um susto. Ele estava escorado na parede da porta e tinha um olhar faceiro no rosto.

— Sempre estou pronta pra você! — Eu digo dando um selinho no garoto e entrelaçando nossos dedos, segundos antes de puxá-lo em direção ao refeitório.

Chegando lá, Paulo me puxa para a mesa dos garotos. Sento-me entre ele e Koki, que me encara com um olhar desconfiado.

— Você anda roubando meu melhor amigo, Alicia Gusman! Vai ter que lidar com a força de um samurai. — Ele fala brincando e eu abro um pequeno sorriso, faziam anos que eu não falava sobre.

Depois de tomarmos café da manhã, os garotos começaram a planejar seu dia e uma tristeza me bateu. Realmente, não seria tão fácil passar essa semana sem exercícios quanto eu havia imaginado.

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Eai, gente? Desculpa pelos dias sem atualizar a história, tive alguns imprevistos! Espero que tenham gostado dessa capítulo e muito obrigada por estarem acompanhando a história!
Estamos em primeiro lugar na #paulicia e a isso eu só devo agradecer vocês!

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Com carinho, R.

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