Capítulo XI

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Paulo Guerra

Foram dois dias. Dois longos e exaustivos dias em que Alicia Gusman só dava atenção a Mário Ayala. Dois dias em que perdi a única garota que já chamou a minha atenção pra porra do meu melhor amigo.

Ver os dois juntos quebrou meu coração em pedaços, mas no fundo, eu ainda tinha esperança de que aquela aproximação repentina tivesse alguma explicação plausível.

Veja bem, eu sei que a Alicia não é nada minha e que eu não tenho direito de controlar a vida dela, nem nunca terei, porém ver aqueles dois juntos fez o meu sangue ferver.

Sou obrigado a admitir que o que eu sentia era o mais puro dos ciúmes.

Depois de dois dias distantes, vê-la sozinha sentada em um banco qualquer, me fez sentir necessidade de me aproximar. Infelizmente, não soube fazer isso direito.

Eu cheguei cobrando explicações de algo que nem era da minha conta e, como Alicia não é boba nem nada, não aceitou isso calada.

E foi nessa briga que eu me arrependi amargamente de ter me aproximado da garota dos meus sonhos naquele momento.

O medo de perdê-la me invadiu quando percebi que nem ela e nem Mário estavam no refeitório, mas diminui um pouco ao notar que Marcelina também não estava por lá.

Com a preocupação ainda passeando pela minha cabeça, resolvo ir procurá-la. Passo pelo lago e vou direto aos dormitórios, seria um alívio se ela estivesse por ali.

Eu entro no quarto tentando ser silencioso e olho ao redor. Vejo uma sombra em uma das camas.

— Alicia? — Eu pergunto e minha voz sai rouca, já que eu estava a algum tempo sem falar nada.

— O que? — A sombra na cama, que realmente era Alicia, responde de maneira seca.

— Você... você está bem? — Eu pergunto, não sabendo muito bem por onde começar.

— Melhor impossível. — Ela responde, mas sua entonação revelava o contrário.

— Eu queria te pedir desculpa. — Eu falo, mas ela não se pronuncia. — Eu perdi a cabeça e falei coisas que não devia, coisas mentirosas.

— É. — Ela diz simplesmente e eu franzo as sobrancelhas. Ou aquela garota estava com uma chateação profunda de mim, ou ela simplesmente não se importava. Nenhuma das alternativas me agradou.

— Alicia, eu... eu não acho nenhuma daquelas coisas. Eu não acho que você dá em cima de todos os garotos, nem que você é uma "falsa inocente", nem que você está tentando roubar o namoradinho da minha irmã. Eu só estava de cabeça quente e... escapuliu!

— Você deveria pensar antes de deixar escapulir! — Ela diz, com a voz ácida.

— Alicia, por favor me perdoa. Eu não vou conseguir passar mais tempo sem falar contigo! — Eu falo e ela desce do seu beliche subitamente. A garota usava uma blusa larga que batia na metade de suas coxas e estava apenas de calcinha por baixo. Ela tinha uma expressão neutra, o que me assustou ainda mais.

— Você é um puta de um inconsequente, Paulo Guerra! — Ela começa, colocando um dedo no meu peito e olhando no fundo dos meus olhos. — Você acha que pode falar o que quiser e fica por isso? E fica tudo bem? Você acha que o que tu fala não é impactante e que a sua opinião não muda nada na minha vida? — Ela se aproxima ainda mais, fazendo com que eu comece a sentir sua respiração quente no meu pescoço, já que ela era uns 20 centímetros mais baixa que eu. — Por que se sim, você está completamente enganado. Eu me importo pra caralho com o que tu pensa de mim, Paulo. Me importo tanto que perdi a porra da fome por culpa dos teus comentariozinhos impulsivos e de cabeça quente. Você é um babaca, Guerra. Até o teu sobrenome mostra que contigo não dá pra ter paz!

Eu engulo em seco. A garota estava próxima demais e, ainda depois do sermão que ela me deu, tudo que eu queria era beijá-la. Tudo que eu queria era que ela me desculpasse e que eu pudesse simplesmente dar um abraço na pequena.

— Alicia, me... me desculpa! Eu não sabia que você se sentia assim e não sabia que você se importava. — Eu digo, acariciando a bochecha dela, que surpreendentemente não afasta a minha mão.

— Puta merda, Paulo! É tão difícil de entender que eu me importo mais contigo do que com qualquer outro? — Ela fala e eu travo. As suas palavras ecoam pela minha cabeça e eu abro um sorriso.  

— Eu me importo mais contigo do que com qualquer coisa, Alicia. — Eu falo simplesmente, fazendo-na abrir um sorriso gigantesco também.

Eu desvio o meu olhar de seus olhos para seus lábios rosados. Ela percebe a minha ação e aproxima um pouco mais seu rosto do meu.

— Você está me deixando maluco, Gusman. — Eu sussurro no seu ouvido e vejo sua pele se arrepiar. Coloco as minhas mãos em sua cintura e aperto de leve, fazendo-na arrepiar mais uma vez.

— E eu já estou doida por você, Guerra. — Ela sussurra próxima a minha orelha e agora é a minha vez de arrepiar.

Ela dá mais um passo para frente e agora nossos corpos estão colados. Eu encaro ainda mais profundamente nos seus lindos olhos castanhos e ela sustenta o olhar, fazendo-me sentir como se estivesse lendo a minha alma.

— Porra, Alicia, como você consegue fazer isso comigo? — Eu pergunto baixo e a minha voz sai rouca. Ela estremece, abrindo um pequeno sorriso.

— Isso o quê, Paulo? — Ela pergunta, com a voz baixa e livre. Parecia uma sereia chamando os navegadores para entrarem no mar: irresistível.

— Me deixar viciado em algo que eu ainda nem provei. — Eu digo, ainda com a voz rouca, e o sorriso da garota se expande. Eu aperto sua cintura mais forte e a puxo para mim.

— Então prova, Paulinho. — Ela diz e eu, finalmente, encosto meus lábios nos seus. Seus lábios eram macios e quando minha língua invade sua boca, ela retribui.

Constantes arrepios sobem pelo meu corpo e eu sinto que definitivamente esse foi o melhor beijo da minha vida, com a melhor pessoa da minha vida.

Quando falta o ar, nós nos separamos e Alicia Gusman encara ainda mais fundo nos meus olhos, com um sorriso de canto nos lábios.

— Agora quem me fez viciar, foi você. — Ela fala com a voz em um suspiro, antes de me beijar mais uma vez.

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E ai, gente? Eu não posso ser a única surtando com o primeiro beijo
do nosso casal favorito, né?
Espero que você estejam gostando
da história e muito obrigada
por terem lido até aqui!

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Onde histórias criam vida. Descubra agora