Capítulo XIII

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Alicia Gusman

Eu entro no quarto feminino e vejo todas as garotas dormindo, menos Marcelina, que estava sentada em sua cama encarando as mãos.

Lembro de todas as coisas que a garota me disse ontem e, ao invés de ir ao seu encontro, me direciono direto ao banheiro. Ouço-a suspirar e escuto os seus paços vindo em minha direção.

— Alicia, eu...— Ela trava, parecendo não saber como começar. — Eu sinto muito! Eu tive uma crise de ciúmes por causa do Mário e explodi contigo, falei coisas que não devia. Quando ele me contou que vocês dois passaram dias organizando tudo aquilo que a minha ficha caiu e eu percebi que merda eu tinha feito.

— Ok. — Eu digo simplesmente e saio do banheiro, indo em direção ao meu beliche.

— Alicia, por favor me perdoa. — Ela diz vindo atrás de mim. Eu deito em minha cama e viro de costas para a garota. Meu dia foi tão bom até agora, eu não posso deixar as palavras que Marcelina me disse ontem voltarem a minha cabeça, então melhor evitar o assunto por enquanto.

Pego no sono algum tempo depois e acordo com Valéria gritando em meu ouvido.

— A mocinha não vai nos contar onde esteve ontem? — Ela diz quando eu desço do beliche.

— No Jardim de Borboletas. — Eu digo e Maria Joaquina me olha confusa.

— Tem um Jardim de Borboletas aqui?

— Sim, mas não é aberto aos campistas.

— Enfim, você estava lá sozinha? Por que os meninos disseram que o Paulo também desapareceu. — Carmen diz, me lançando um olhar malicioso.

— Ele estava comigo lá. — Eu digo, não tentando disfarçar o que realmente tinha acontecido. — A gente se beijou pela primeira vez desde o show.

— Ai, isso é tão romântico! — Laura fala, com os olhos brilhando. — Nunca imaginei que o Paulo poderia ser tão sentimental!

— Nem eu, Laurinha, nem eu. — Eu digo e as garotas me encaram com grandes sorrisos.

— E vocês passaram a noite lá? Dormiram juntos? — Agora quem pergunta é a Margarida, parecendo ansiosa com os detalhes da noite.

— Nós dormimos juntinhos sim, mas nada demais aconteceu. — Eu falo e a Valéria bate palmas, com o sorriso maior que o próprio rosto.

— Achei que vocês tinham ido pra floresta depois que eu e a Maria Joaquina vimos vocês se beijando aqui, ficamos até preocupadas quando não voltaram! — A garota disse, parecendo aliviada que estava tudo bem.

— E vocês tão tipo dating, now? — Bibi pergunta e a dúvida surge na minha cabeça. O que eu e Paulo éramos agora?

— Acho que não, Bibi. Mas não sei o que somos. — Eu respondo e, pela primeira vez, Marcelina parece interessada na conversa.

— Espero que você seja minha cunhadinha logo! — Ela fala e eu a encaro séria, ainda não consegui esquecer tudo que a garota me disse ontem.

— Ih, acho que estamos interrompendo uma DR aqui, meninas! Vamos tomar café da manhã e as duas se acertam. — Maria Joaquina fala, puxando Valéria com uma mão e Bibi com a outra.

— Eu vou junto, não tenho nada para conversar. — Digo enquanto seguia as garotas. Marcelina me encarou chateada, mas veio junto do grupo para o refeitório, conversando com Laura.

— O que aconteceu entre vocês? — Carmen me pede, enquanto sentávamos na mesa de sempre.

— Ela me chamou de vadia, talarica e traidora. — Eu falo e ela arregala os olhos.

— Eita, achei que era algo menos assim. — Ela responde e eu concordo. — Ela disse isso por causa do Mário?

— Aham, teve uma crise de ciúmes por que eu andei dois dias com o garoto justamente para preparar uma surpresa pra ela. — Eu explico e Carmen parece entender.

— Você não acha que deveria dar uma second chance pra ela? Quem sabe a Marcelina só estava nervosa e acabou overreacting, speaking sem pensar. — Bibi fala, entrando na conversa.

— Eu não estou afim de olhar na cara dessa garota agora. — Eu digo simplesmente.

— Você talvez esteja sendo muito dura com ela, Alicia. — Carmen começa e eu arqueio uma sobrancelha. — Deixa o teu orgulho de lado e desculpa a menina!

— Desculpa você já que quer tanto assim. — Digo, cortando a conversa.

Ficamos comendo em silêncio por alguns minutos até que sinto uma voz grossa e rouca no meu ouvido, o que me fez arrepiar.

— Oi, lindinha. — Diz Paulo, colocando suas mãos em minha cintura e me virando de frente pra ele. Já que o banco era alto e não possuía encosto par as costas, eu estava quase da sua altura, cara a cara com ele.

— Oi, lindinho. — Eu respondo, não conseguindo segurar o sorriso. Eu jurava que ele sumiria hoje e não falaria comigo.

— Por que essa cara de surpresa? — Ele fala depois de me dar um selinho rápido, esse que tirou gritinhos das garotas ao redor.

— Achei que você me abandonaria hoje. — Eu digo e ele arqueia uma sobrancelha.

— Abandonar a garota mais linda desse acampamento, livre para que qualquer um chegasse e te roubasse de mim? Nunquinha! — Ele fala e um sorriso se abre em meu rosto, mas ao mesmo tempo reviro os olhos.

— Você sabe que eu sei me defender sozinha né, Paulo? — Eu digo e quem sorri agora é ele.

— Por isso mesmo! Vai que você matasse algum desses ladrões de Alicia e fosse expulsa do acampamento? Eu não conseguiria viver com você na cadeia! — Paulo fala e eu caio na gargalhada, poucos segundos depois sendo acompanhada por ele. — Eu estou falando sério!

Antes que pudéssemos voltar a conversar, meu avô entra no refeitório acompanhado de Alan.

— Preparados para a prova de hoje, campistas? — Ele pergunta e todos gritam em concordância.

— Não precisam gritar, crianças! — Professora Helena, que estava em uma mesa junto com Graça, disse.

— Não somos mais crianças, professora! — Jaime diz e a mais velha revira os olhos.

— A prova de hoje será em grupos de quatro! Dois de uma equipe e dois de outra. Alan vai separá-los agora!

— Valéria e Kokimoto, da equipe roxa, contra Davi e Bibi, da laranja! — Meu primo começa anunciando. — Mário e Laura, da roxa, contra os laranjas, Daniel e Carmen! Maria Joaquina e Cirilo contra Jaime e Margarida! Marcelina e Alicia contra Paulo e Adriano!

Nesse momento, não sabia se comemorava por estar contra Paulo ou se chorava por estar junto de Marcelina.

— Pronto pra perder, Paulinho? — Eu pergunto com um sorriso de canto.

— Só se for pronto pra ganhar, Aliciazinha! — Ele responde com a mesma expressão que a minha.

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Mais uma competiçãozinha entre
nosso casal, como será que
vai ser? E Alicia e Marcelina,
vão ficar brigadas pra sempre?
Espero que estejam gostando da história e muito obrigada por terem lido até aqui!

Com carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Onde histórias criam vida. Descubra agora