Capítulo I

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Paulo Guerra

Faltavam exatos 30 segundos para tocar o último sinal antes das tão esperadas férias de verão. Eu estava atônito olhando para o relógio, já contando os segundos.

Subo em minha mesa rapidamente quando faltam 15 segundos e inicio a contagem regressiva. A professora insuportável de matemática me olha com a cara fechada, mas não ligo.

— CINCO, QUATRO, TRÊS, DOIS... — Todos gritam junto comigo, visivelmente animados, mas a gost-, quer dizer, a chata da Alicia arranca o relógio da parede antes do último segundo.

— Porra Alicia, de novo essa porcaria? — Jaime pergunta irritado, lembrando que ano passado ela fez a mesma coisa. A garota revira os olhos, mas abre um sorriso.

— Eu só queria perguntar se vocês topam passar as férias no Panapaná de novo! — Ela fala, fazendo todo mundo começar a gritar em concordância. O sorriso da Gusman se expande ainda mais, me fazendo abrir um sorriso também. — Saímos amanhã de manhã. E dessa vez a Professora Helena vai no lugar da Diretora Olívia!

Depois desse anúncio, a turma fica ainda mais animada. Eu e Kokimoto trocamos olhares travessos, já sabendo que esse ano iríamos nos divertir pra valer no acampamento.

— PAULO! — Marcelina vem correndo atrás de mim enquanto eu saía da escola, alguns minutos depois da bagunça de último dia de aula. — Por que você nunca me espera, ein?

— Vê se não enche, Marcelina! — Eu digo, revirando os olhos e continuando a andar pelas ruas em frente da escola, mas agora com a tampinha ao meu lado.

— Eu mal posso esperar pelo acampamento. Espero que eu fique na mesma equipe do Mário de novo! — Ela diz, fazendo com que eu arregalasse os olhos.

— Epa, epa, epa, Marcelina. Que história é essa de Mário, ein? Tá achando que pode ficar de namorinho por aí? — Eu falo, olhando sério para ela. Confesso que as vezes eu trato a minha irmã mal, mas mesmo assim me preocupo com ela.

— Ah, deixa de ser super-protetor, Paulo! Eu sei me cuidar sozinha. — Ela diz, me fazendo bufar e cruzar os braços. Depois de alguns minutos chegamos em casa e eu vou direto para o meu quarto.

Alicia Gusman

O despertador toca as 08:30 da manhã e eu, pela primeira vez na vida, levando super animada e disposta. O sorriso no meu rosto era impossível de conter e a minha animação tava quase me fazendo tremer.

Desço as escadas correndo e tomo o café da manhã que minha mãe havia disposto na mesa. Ela sorri pra mim e eu sorrio de volta, então ela começa a me passar as recomendações para as férias.

— Se divirta muito, mas não seja inconsequente, não faça nada que eu não faria. E vê se não quebra nenhum osso dessa vez, viu filha? Hospital tá caro... — Eu rio e dou um abraço de urso nela, sem dúvidas vou sentir saudades.

— Pode deixar, mãe! Vou sentir muito a tua falta. — Dou um beijo na sua bochecha e depois subo as escadas correndo.

Entro no meu quarto e pego a minha mala grande que eu tinha arrumado ontem à noite, pego também a pequena mochila com as coisas mais essenciais e o meu skate não podia faltar.
Minha mãe me ajuda a colocar tudo no porta-malas e rapidamente vamos em direção a Escola Mundial, onde o ônibus estava nos esperando.

— Oi, Valéria e Margarida! Animadas? — Eu pergunto ao sair do carro e encontrar minhas amigas.

— Muito, Alicia! — A Valéria diz e logo começa a tagarelar sobre como ficou 3 horas tentando decidir se trazia ou não sua tiara de arco-íris. No fim das contas, ela tinha perdido a tiara e não poderia trazê-la nem se quisesse.

— Eu tô tão ansiosa pra entrar em contato com a natureza de novo, meninas! Não tava mais aguentando esse caos da cidade, preciso de um pouco de paz. — Margarida disse, nos fazendo abrir grandes sorrisos. Era impressionante o amor que ela tinha pelas plantas e animais.

Depois de meia hora esperando pela chegada de todos, finalmente começamos a entrar no ônibus. Fui a última a entrar, para garantir que ninguém ficaria para trás, e quando olhei para os bancos tive uma surpresa não tão agradável.

Só um banco tinha sobrado, bem no fundo do ônibus. E era ao lado do Paulo.

— Oi, Aliciazinha! Ótimo passeio vai ser esse, não acha? — Ele disse, me fazendo revirar os olhos pelo tom irônico.

— Sem dúvida alguma, Paulinho! — Eu digo com a mesma entonação, fazendo-o abrir um sorriso de lado.

Passamos quase que a viagem inteira em silêncio. Paulo botou seus fones de ouvido e ficou olhando para a janela, enquanto eu lia um livro que estava pendente: Harry Potter e o Enigma do Príncipe.

Eu estava lendo tranquilamente, imersa na leitura quando de repente um dos meus personagens favoritos morre. Sinto meus olhos começarem a marejar e eu fecho o livro em choque, fazendo Paulo virar para mim assustado.

— Que porra... — Ele começa, mas para ao perceber que eu estava chorando. Ele coloca a mão em meu queixo e me faz encarar seus olhos. — Ei, o que aconteceu, Alicia?

— Ele... ele morreu! E-eu não acredito, Paulo! E-ele morreu mesmo. — Eu digo aos prantos e ele me encara confuso, até que percebe o livro no meu colo e a preocupação em seu rosto é substituída por um meio sorriso. Ele estava se segurando para não rir da minha cara.

— Alicia, eu não acredito que você tá chorando por que um personagem fictício morreu! — Ele fala, não conseguindo conter sua risada. Eu dou um tapa em seu ombro e ele tenta ficar mais sério, não conseguindo.

— Mas eu gostava muito dele, Paulo! Eu não quero mais ler. Por que essa escritora vagabunda fez isso? Eu vou matar essa mulher! — Eu falo indignada, arrancando mais algumas risadas do Guerra.

— Toma. — Ele tira um lado do seu fone de ouvido e me entrega, fazendo-me olhá-lo confusa. — Você disse que não quer mais ler, então escuta música comigo!

Eu o encaro por alguns segundos bastante surpresa, mas pego o fone de ouvido da sua mão e o coloco na minha orelha, com um pequeno sorriso no rosto.

Tocava 'Patience' do Guns N' Roses, o que fez meu sorriso se alargar.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~Oi gente! Espero muito que vocês tenham gostado desse primeiro capítulo e continuem por aqui
acompanhando a história!

Com muito carinho, R.

Maybe it's love - Paulicia Onde histórias criam vida. Descubra agora