Consequences

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Seher deu um suspiro de alívio quando trancou a porta de vidro. Era terça feira, seu dia de fechar o restaurante, o que significava que ela só saía de lá depois das 21 horas.

Com um aceno, ela se despediu de sua colega garçonete e se distanciou do estabelecimento. Sua casa ficava apenas a dois quarteirões, então ela sempre percorria o caminho a pé.

Enquanto atravessava a calçada, ela procurou o celular em sua bolsa. Como naquele dia ela chegaria tarde, sua vizinha havia se disponibilizado para ficar com Yusuf. Ele e sua filha, a pequena Eda, haviam desenvolvido uma amizade instantaneamente. Seher agradecia a Deus pela existência dessa menina, pois apenas ela conseguia distrair Yusuf.

O menino sentia muita a falta de seu tio. Já haviam passado três meses desde sua fuga, e mesmo assim não tinha um dia em que Yusuf citava o nome dele. Sempre comentava como iria contar tudo o que acontecia na escola para seu tio quando o reencontrasse.

Seher não sabia como reagir a isso, então sempre se mantinha calada. Não queria ser tão direta com a criança e dizer que ele nunca mais iria vê-lo, porque falar isso significava falar a verdade, e a verdade não poderia ser dita tão cedo. Ele era muito pequeno para saber que o homem que ele mais confiava era o responsável pela morte de sua mãe.

Quando finalmente pegou o celular, ela notou que ele estava desligado. O movimento no restaurante naquele dia estava tão alto que ela tinha esquecido de ligar e conferir se estava tudo bem com seu sobrinho.

Ao ligar o aparelho, ela se deparou com 10 chamadas não atendidas de sua vizinha, fazendo seu coração dar um salto de preocupação.

Com as mãos trêmulas ela retornou a ligação, que caiu direto na caixa postal. Com medo que algo tivesse acontecido com Yusuf, Seher apressou o passo e chegou na sua rua rapidamente.

Havia uma movimentação anormal na frente de sua casa. Um carro da polícia estava lá e ela reconheceu Firat de longe.

Ela não sabia se era possível, mas seu coração acelerou ainda mais. Ela percorreu o caminho da esquina até sua casa correndo e parou na frente de seu irmão.

— O que aconteceu? — ela falou ofegante.

— Seher, calma. — Firat falou, mas isso só a fez ficar mais nervosa.

Sua vizinha estava no portão de sua casa e estava aos prantos.

— Seher... me desculpe. — ela falou aos prantos. — Eu deixei as crianças por 2 minutos sozinhas no quarto para ir ao banheiro e quando voltei... Yusuf não estava mais lá.

— O que? — Seher se sentiu tonta com a notícia e Firat teve que segurar seu braço para apoiá-la.

— Já montei uma equipe para ir atrás dele, ele não pode ter ido muito longe. Não se preocupe, nós vamos encontrá-lo. — seu irmão tentou acalmá-la.

— Firat, e se alguém pegou ele? — ela sentia suas lágrimas escorrendo pelo rosto. — E se...

Imaginando até onde os pensamentos de sua irmã estava indo, Firat respondeu.

— A amiguinha de Yusuf, Eda, falou que ele saiu por conta própria pela janela. Ela disse que ele queria ver o tio, mas não se preocupe com isso, já mandei uma viatura até a mansão. Se Yusuf estiver lá, o traremos de volta. Agora vamos entrar, você precisa se acalmar.

Ele guiou sua irmã até a entrada da casa, apesar de seus protestos.

Não muito longe dali, um homem sentava no escuro de seu carro e observava as estrelas pela janela. A brisa fria do mar bagunçava seus cabelos, fazendo-o estremecer levemente com o frio.

Histórias Independentes (SehYam)Onde histórias criam vida. Descubra agora