Capítulo 37.

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Eu estava me escondendo
Até você chegar
E me mostrou onde eu pertenço
Você me encontrou

── The Evil.

***

Seoul, Capital da Coréia do Sul

Quinta-feira,
01:00 AM.

Sae encontrava-se completamente desnorteada em sua cama, com os braços repletos de curativos por conta dos arranhões e alguns cortes causados pelos acontecimentos perturbadores que haviam ocorrido horas atrás, a garota ainda processava todas as informações com certa lentidão já que queria entender tudo entre os mínimos detalhes, por mais que seu pai tivesse contado absolutamente tudo para si a garota não conseguia se lembrar do falecimento de sua mãe, muito menos das lembranças entre mãe e filha em suas memórias mais antigas. Tudo era um conjunto de lembranças perdidas e vagas, sem nenhum nexo significativo.

Wang estava deitado ao seu lado, com a respiração uniforme enquanto dormia profundamente, com o braço em cima da barriga da garota fazendo uma espécie de carinho acolhedor em sua saechon para que deixasse claro que o mesmo estava ali para o que Kwon necessitasse, a bruxa suspirou e em seguida se levantou com cautela, calçando suas pantufas e saindo do quarto dando de cara com a escuridão do extenso corredor do devido andar onde estava, sentiu um calafrio percorrer seu corpo e só agora havia percebido o quanto a moradia estava dentro de uma bolha silenciosa e mortífera, desceu os degraus da escada aos poucos temendo que seu pai estivesse na sala-de-estar por mais que fosse tarde da noite, contudo, logo se tranquilizou após avistar o ambiente vazio.

Aproveitou a oportunidade para se aproximar de onde tudo havia ocorrido, o local onde tinha visto os corpos de Hyeon Baek e Areum pela última vez só restava pequenos resquícios de pó que brilhavam de acordo com que a luz do luar cintilava, sentiu seus olhos se encherem de lágrimas e se ajoelhou diante das coisas que via, arrepiando-se por inteira. A mesinha de centro havia sumido juntamente com os cacos de vidro que estavam estilhaçados pelo chão, igualmente aos pingos de sangue de seu progenitor e a faca que estava jogada no chão, tudo havia mudado a partir de agora, e Saeron sabia disso mais do que ninguém. Dedilhou os curativos e engoliu em seco, sentindo alguns deles arderem por conta do leve contato e mordeu o lábio inferior contentando-se em não chorar, não queria mais chorar já que tudo estava acabado, o fim da linha de Hyeon Baek e Areum havia chegado para ambos.

Sentiu-se traída, enganada, enfeitiçada, triste, enraivecida e todos os outros tipos de sentimentos completamente negativos que habitam suas células, todos os seus nervos estavam à flor da pele, entretanto não tinha mais nada para ser feito, seu próprio appa havia dado um fim naquela situação em um piscar de olhos. E foi nesses pensamentos que Kwon entreabriu os lábios carnudos e arregalou os olhos, estudando as imagens de horas atrás que passavam como flashbacks em sua mente a todo momento, agora ela possuía total conhecimento de que seu pai, Kwon Joon Jae era capaz e o tanto de poder que o homem possuía, era algo assustador mas ao mesmo tempo interessante e peculiar.

Como um homem com tanto poder conseguia se camuflar entre as pessoas normais? Como ele teve tamanha sanidade de matar indivíduos que ele mesmo criou e conviveu durante anos e anos? Essas eram as perguntas que habitavam a cabeça da jovem coreana de cabelos longos, olhou para as suas próprias mãos e deu-se conta de que tremia com certa intensidade que mesmo tentando não era capaz de controlar. Aquele cenário era algo totalmente diferente e anormal para a garota que horas atrás não fazia a mínima ideia do verdadeiro motivo de ser o que é.

── Eu... eu sou uma ômega e uma bruxa...  ──  murmurou, a voz rouca e falhada. A garganta doía deixando evidente a consequência de seus gritos sôfregos.

The Evil | ᴊᴊᴋOnde histórias criam vida. Descubra agora