done all wrong

2.6K 433 75
                                    

Lena sabia exatamente quanto tempo estava presa. Seu cativeiro era nada mais que um buraco no chão selado com uma grade de ferro ensopada de água benta. Tentar fugir era uma sentença de morte, ficar resultaria o mesmo.

Com pensamentos divididos entre encontrar Nia e voltar para Kara, Lena ficara distraída e acabou caindo numa idiota emboscada.

Os dias eram fáceis de contar, por conta do sol iluminando o espaço ao decorrer do dia. Quando capturada, haviam quatro vampiros ali, agora havia apenas Nia Nall e ela. Durante o dia apenas metade do buraco recebia sombra, espaço para apenas três pessoas. Foi assim que dois vampiros morreram queimados pelo sol, as cinzas ali no chão ainda. O último vampiro restante estava fraco demais para se mover e no primeiro raio de luz se juntou aos outros no chão.

Nia e Lena lutaram juntas para se salvarem nas sombras. Os outros morreram facilmente por individualismo, vampiros não se dão bem quando reunidos em grupos.

Apesar da ocasional água benta pingando e queimando a sua pele. Lena estava tranquila, seus piores temores não haviam se concretizado, afinal Nia estava viva e pouco ferida.

A jovem vampira era a sua protegida e o mais próximo de família que tinha. Elas se conheceram há quase meio século atrás e o único momento que estiveram separadas foram nos últimos meses.

Nia finalmente voltava para casa quando foi capturada por um descuido. Ela estar ali era culpa de Lena e essa jamais se perdoaria por causa disso.

As marcas de tortura de Nia cicatrizavam lentamente. Com a alimentação escassa tinha pouca força para se curar.

Lena, apesar de estar ali por menos tempo, foi torturada com mais vigor.

A vampira odiava seu maldito sobrenome. Por causa da sua poderosa família, Lena era um dos principais alvos entre seus inimigos. Quando descobriram quem ela era, fizeram questão de embebedar o chicote em água benta.

Suas costas ardiam, ainda em carne viva. O tecido do vestido grudara na pele rasgada junto com o sangue, qualquer movimento trazia uma dor inimaginável.

Lena já estava com muita sede mesmo antes de se esbarrar em Kara, não se lembrava qual foi a última vez que tinha se alimentado. Se curar de um ferimento grave como aquele requeria tempo e sangue.

Durante a noite a segurança era rígida. Vários guardas as vigiavam e só relaxavam assim que o sol nascia. Os guardas diminuíam, afinal, as vampiras não iriam ousar fugir de dia.

Eles eram definitivamente caçadores de vampiros. O padrão da sessão de tortura, interrogatório, experimento e a recusa a as alimentarem os denunciavam, porém não eram tão experientes.

Para fugir, paciência era a chave. Em algum momento eles iriam falhar.

No décimo segundo dia presa, algo mudou.

Nia olhava para o céu, os ouvidos atentos a qualquer som.

- Não estou escutando os dois guardas da entrada. - A jovem vampira disse numa voz rouca.

- Não ouço os batimentos do guarda do telhado também. - Lena se levantou atenta.

Segundos depois um cheiro atingiu-as tão forte quanto um vento numa tempestade. Sangue. Lena sentiu seu corpo agir por conta própria tentando escalar o buraco, mal se importando com a água benta queimando seus dedos.

Contudo, algo maior que a sede sobressaiu: a sobrevivência. Foi o suficiente para que ela agarrasse naquele fio que prendia o seu controle.

Nia estava fora de si, faminta demais para pensar.

Desejo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora