monsters - parte 1

1.5K 243 114
                                    

O crepitar da fogueira era acolhedor para o grupo de amigos. A floresta era silenciosa, mas a impressão de serem vigiados era incessante.

Obviamente não eram os únicos seres da noite naquele território. Foi preciso uma noite e um dia adentrando a floresta profunda para que chegassem no ponto de encontro.

Era ideia de Lena Luthor. Jack havia informado que os guardas de Lex iam para o bar em dias alternados e eles não andavam pela trilha, mas cortavam caminho por dentro da floresta. Em algum momento, eles estariam por perto e o grupo conseguiria pegar ao menos um desprevenido para ser questionado.

O guarda não iria falar, mesmo se forçarem, então o grupo precisaria de uma ajuda extra. Por carta, Andrea recebeu o pedido de ajuda de Lena. A bruxa indicou para a aguardar perto da nascente do rio e que em pouco tempo, estariam todos reunidos.

Streaky relinchou, quebrando o silêncio. Kara foi a única a se assustar, os vampiros estavam focados em ouvir a floresta. A égua parecia compartilhar o mesmo sentimento de Kara. O lugar era sinistro demais.

Os vampiros estavam com as pupilas dilatadas e olhavam em diferentes direções. Ficaram um bom tempo assim até Brainy encarar Lena. Era hora.

- São dois. - Ele sussurrou.

- Estão perto. - Nia inclinava a cabeça na direção do som. - Três quilômetros.

- Vamos. - Sam sussurrou e num piscar de olhos, os três desapareceram na vegetação.

Lena encarava a fogueira, mas sua atenção estava nos amigos. Parada como uma estátua, a vampira não deixava nada passar.

Kara era incapaz de se manter parada. Andava de um lado para o outro, com a mão apoiada na espada. Esperar era a pior parte. Os amigos iriam capturar um membro da guarda dos Luthor, um guerreiro treinado e nada misericordioso, contando apenas com a sorte do ataque surpresa. A probabilidade de aquilo dar errado era alta.

Lena levantou a cabeça de repente e então sumiu nas sombras da noite sem dizer uma palavra sequer.

Kara esperou por seu retorno, mas dois, três minutos se passaram e nada. Apreensiva, segurou a espada com força ponderando se deveria ficar ou ir atrás.

Um grito agudo ecoou não muito longe do acampamento. Sem pensar duas vezes, Kara correu na direção do som gritando por Lena. Por sorte era uma noite de lua cheia, então estava tão iluminado quanto o dia.

Procurando por qualquer som, pela primeira vez grata por ser um lugar silencioso, Kara ouviu grunhidos de luta. Com o coração batendo forte em seu peito, a camponesa correu até a fonte do barulho.

Lena erguia uma mulher pelo pescoço usando apenas uma mão. Mostrava os dentes com um sorriso raivoso em ameaça. A bochecha direita tinha um corte, nada profundo, mas ainda sangrava.

A mulher se debatia em vão, pois sua espada estava jogada entre as folhas secas e a calça suja de sangue ainda úmido.

Kara pisou num galho seco e as duas mulheres olharam em direção do som. A camponesa se petrificou ao reconhecer quem Lena segurava.

- É só uma humana. Luta muito bem, quase conseguiu... Kara, você está ficando verde. Está bem?

Kara não estava. A boca do seu estômago ardia e seus joelhos tremiam. Achava que ia desmaiar.

- O quanto a machucou? - Kara sussurrou. A espada escorregava de suas mãos suadas.

Lena franziu o cenho, confusa com a reação. Estava Kara enojada por presenciar o primeiro relance do monstro que a vampira era? Não. A mulher encarava a camponesa como se estivesse vendo um fantasma. Se conheciam e pela expressão, se conheciam muito bem.

Desejo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora