monsters - parte 2

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A caverna era úmida, pequena e cheirava à planta morta. Com o vampiro desmaiado no chão, cabia apenas Andrea e Kara que ficavam levemente curvadas por causa do teto baixo. Brainy, Sam e Nia ficaram na entrada em proteção.

Kara amarrava o vampiro com a corda ensopada de água benta. Fazia nós complicados nas mãos e pés do vampiro que para escapar, ele precisaria de muita força.

Andrea misturava numa cumbuca um punhado de terra com um líquido fedido que tirou de um frasco na bolsa de couro que carregava junto ao corpo.

- Vou precisar de todo o seu foco. - Andrea advertiu olhando a camponesa de esguelha. - Esqueça o lado de fora por um momento.

Kara balançou a cabeça concordando e voltou para sua tarefa, mas não conseguia manter os olhos longe de Lena e Lucy que conversavam.

Andrea respirou fundo.

- A outra é sua ex certo? Não é preciso poderes para sentir a tensão.

Kara se certificou que o vampiro estava bem amarrado e se aproximou de Andrea.

- Acho que Lena está com raiva.

Os olhos verdes de Andrea escureceram mesclando com o a maquiagem preta.

- Está enganada, Lena tem medo.

Kara riu frustrada.

- Medo do quê? Eu já disse para ela que a amo!

A bruxa olhou na direção de Sam.

- Amor não é o suficiente para uma relação. - Andrea viu Sam se afastar até ficar fora de vista, claramente ouvia a conversa. - É preciso paciência, confiança e apoio também.

- Foi isso que aconteceu com vocês? - Kara disse percebendo a cena. O coração de Sam foi partido por Andrea.

Andrea ergueu os ombros uma vez.

- É complicado para gente. Nosso estilo de vida é diferente demais... Não que isso vá acontecer com você e Lena - Andrea se corrigiu quando Kara uniu as sobrancelhas em preocupação. - Olha, eu não conheço você, mas conheço Lena e ela hoje não é nada parecida com a vampira que conheci.

- Você dá a impressão de que ela era ser terrível.

Andrea encolheu os ombros.

- Todos somos monstros terríveis, Kara. A linha que separa nós e o inimigo é tênue. A única diferença é que tentamos ser pessoas melhores todos os dias. - Andrea passou com dois dedos a mistura da cumbuca na testa do guarda. - Lutamos com uma batalha interna frequentemente, contrariando o lado sombrio de nossa natureza. Lena está conseguindo dominar isso e, pela a energia que sinto vindo dela, é o amor que tem por você.

Kara sentia mais forte também, a última vez que tinha se sentido assim foi em seu treinamento com Lucy. Quando o pai nunca mais voltou para casa, havia uma parte do coração da camponesa que tinha a esperança de que Jeremiah atravessaria a entrada da fazenda assoviando como sempre fazia, mas os dias passavam e a esmagadora certeza que ele jamais voltaria a jogava no calabouço escuro do luto outra vez. Agir era o que mantinha sua mente ocupada.

Atualmente, sua força ia além. Kara tinha o apoio incondicional da vampira e com isso, ela se sentia mil vezes mais leve. O peso sobre suas costas havia finalmente desaparecido, pois agora tinha alguém para compartilhar todas as suas alegrias e angústias.

Andrea colocou uma mão no ombro de Kara e sorriu brevemente.

- Se contarem que sou uma bruxa boa, arrancarei suas línguas - Andrea avisou, olhando inclusive a figura sorridente de Brainy e Nia guardando a entrada. - Minha cota de drama por hoje está no limite. Vamos ver o que esse aqui tem para nos dizer.

Desejo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora