beyond the screen

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Este não será meu ano, retiro o que disse.

Comecei o primeiro dia do ano escutando berros da cozinha, adivinhem.

— Bom dia, família querida e unida! - exclamei ironicamente enquanto adentrava à cozinha.

Peguei uma maçã e voltei ao meu quarto, me jogando na minha cama.

Fechei os olhos tentando amenizar minha dor de cabeça, tinha dormido muito tarde noite passada, combinando detalhes com Jimin.

É hoje, finalmente.

Por que o tempo passa tão devagar quando estamos animados para algo?

Para esquecer minha ansiedade para o dia, decidi jogar. Ganhei boa parte das partidas, acho que peguei o jeito nesse jogo.

Se meu objetivo era passar o tempo, funcionou. Em um piscar de olhos minha mãe já me chamava para almoçar.

Meus olhos brilharam ao ver os restos da maravilhosa comida de ontem sendo servida como almoço.

— O Ano Novo já acabou, de volta para a dieta.

Meu sorriso desmanchou com a fala da minha mãe. Sentei à mesa com aquele prato sem graça de alface, e comi (na força do ódio).

— Vou sair daqui a pouco, tudo bem?

— Sair? Para onde? - minha mãe questionou.

— Para, é... Por aqui perto, não vou muito longe. - gaguejei.

— Para quê? - foi a vez de meu pai perguntar.

— Só vou andar um pouco, esclarecer a mente, respirar ar puro. Só quero começar o ano saindo de casa, sozinha.

Meus pais concordaram, mesmo desconfiados. Depois que terminei minha salada, corri para o meu quarto.

Tomei um banho, arrumei os cabelos e passei rímel nos meus cílios. Escolhi uma roupa aceitável: um vestido solto e delicado, e já estava pronta. Me arrumei rápido, estava ansiosa demais.

O relógio marcava 14:30.

Chegou a hora.

Coloquei uma máscara e calcei meus tênis.

Antes de sair, enviei uma mensagem para Jimin:

"Estou saindo."

×

Andei por alguns quarteirões até chegar ao local combinado. Era movimentado, óbvio, não sabia o que esperar. Não sou tão ingênua assim. Era uma rua simples, com algumas casinhas. No lugar que combinamos, tinha uma casa aparentemente abandonada. Atravessando a rua, tinha uma sorveteria, fechada, infelizmente, por conta da pandemia.

Esperando por ele, mordia meus lábios continuamente, sorte que estava de máscara. Observava o movimento da rua, e vigiava as esquinas para ver se via um garoto loiro vindo ao meu encontro. Nada.

 Ele vem mesmo?

— Você é mais alta do que pensei - disse uma voz masculina, a qual reconheci de imediato.

Era Jimin, vindo em minha direção. Eu não podia acreditar.

Ele é mesmo quem dizia ser, nunca estive tão aliviada.

— Você veio.

— Eu não perderia isso por nada.

Ele andou até mim, mas parou antes de me alcançar.

— A recomendação é ficar a dois metros de distância - disse ele, sutilmente.

— É, acho que nosso abraço gostoso vai ter que ficar para uma próxima - comentei o fazendo rir.

VIRTUAL - PARK JIMINOnde histórias criam vida. Descubra agora