Voltei à casa abandonada para deixar alguns enfeites velhos que vi no porão da minha casa. Para minha surpresa, haviam mais coisas desde a última vez que vim. Marinna esteve aqui. Percebi que o post-it que tinha deixado para ela sumiu. Junto às coisas que Minna trouxe, havia um recado, em um post-it rosa:
"Achei isso aqui na garagem, vamos deixar tudo com a nossa cara.
— Minna ♡"
Sorri ao ler o recadinho, principalmente ao ver o coração ao lado de sua assinatura, tão clichê.
...
Acordei cedo, mesmo sendo fim de semana. Levantei, coloquei em meu celular minha música favorita para ouvir enquanto lavava meu rosto em frente ao espelho. Meu corpo involuntariamente se mexia ao ritmo da música, e meu rosto manifestava um leve sorriso.
O motivo?
Eu estava me sentindo bem, depois de tanto tempo.
A vacinação está acontecendo, eu e Jimin nos encontramos regularmente e estamos nos divertindo muito com a arrumação da casa "abandonada". Mesmo com todos os impasses que tenho enfrentado nesse período de isolamento, que tem me afetado muito, eu ter conseguido levantar da minha cama e cumprir minha rotina com um bom humor já é uma grande conquista, e me enche de esperança de que minha sorte irá mudar.
Soltei meu cabelo, fazendo os fios caírem sobre meus ombros. Arrumei minha franja e encarei meu reflexo no espelho. Fiz algumas caretas e poses, como se estivesse em uma sessão de fotos. Eu estava me sentindo... bonita?
Faz tanto tempo que não me sinto assim, é como se fosse a primeira vez que eu me vejo com afeto e admiração.
Vesti um vestido folgado acinturado que marcava minhas pequenas curvas e saí de casa (não podia deixar meus pais arruinarem meu humor ao acordarem). Percebi que alguns estabelecimentos já estavam abrindo as portas novamente. Fui até meu lugar favorito: a biblioteca que ficava bem perto da minha casa. Sorri ao ver as portas abertas e pessoas (mascaradas) entrando e se acomodando, é como se o mundo que estava em caos, agora se esforçava para voltar ao que era antes. Um funcionário mediu minha temperatura (com um aparelho que nunca tinha visto antes) e borrifou álcool em minhas mãos. Entrei, e observei as prateleiras com atenção. Fui até minha categoria favorita: os romances.
Fiquei surpresa ao ver que tinha lido boa parte dos livros, tive até vontade de reler alguns. No final, peguei um clássico que me chamou a atenção, "Razão e Sensibilidade". Peguei um Macchiato na cafeteria e sentei-me em uma mesa próxima a uma janela, que permitia a entrada da brisa fria de uma manhã nublada em Aléia. Respirei fundo, com os olhos fechados, e a pele arrepiada por conta do frio.
Momentos como este, fazem-me sentir viva.
Abri o livro e comecei a lê-lo, enquanto tomava goles da bebida quentinha que combinou direitinho com o clima do dia. Por outro lado, a roupa que escolhi não teve a mesma sorte; digamos que um vestido de manga curta não é lá a escolha apropriada para se proteger do frio. Ignorei e continuei a ler. Após ler boa parte da literatura, decidi aproveitar o resto da manhã para caminhar um pouco. Fui até a estante para devolver o livro.
Percebi que no outro lado da estante, havia uma pessoa que observava atentamente as opções ali expostas. Finalmente achei a lacuna onde se encaixaria o livro que queria devolver, olhei por ela e, para minha surpresa, meu olhar se encontrou com outro. Um olhar masculino, estranhamente familiar. O estranho sorriu para mim com os olhos (isso é possível, não é?) e logo senti meu coração palpitar como se quisesse sair para fora do meu peito.
— Jimin? - falei em tom bem baixo, como um murmúrio, com medo de ter me enganado e confundido.
— Eu mesmo.
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VIRTUAL - PARK JIMIN
FanfictionO ano era 2040, e o mundo se encontrava infectado por um vírus desconhecido. Agora, tudo está parado, todos estão isolados, as ruas estão vazias e os estabelecimentos fechados. Sabe quando sente-se solitário e exausto da intensa e repetitiva rotina...