Quarta-feira.
Deitei em minha cama e encarei o teto.
Desde aquele dia da biblioteca, Jimin não sai da minha cabeça. Algo estava diferente nele naquele dia, não sei bem o que é.
Algo no olhar dele era peculiar, além do jeito que ele encarava o meu rosto, os elogios... Talvez não seja nada disso, talvez eu só esteja surpresa. Não estou acostumada em receber tanta gentileza de um homem.
Virei a cabeça para o lado, olhando para o sobretudo dele que estava pendurado na cadeira da minha escrivaninha. Foi aí que eu lembrei: é hoje!
Olhei o relógio e vi que já estava atrasada. Coloquei meus sapatos rapidamente e corri em direção a casa. Cheguei ofegante, Jimin já estava lá.
— Está quinze minutos atrasada. - ele disse, se apoiando na parede.
— Desculpa, eu perdi a hora. Ah, t-toma. - falei gaguejando - ainda me recuperando da corrida - enquanto entregava a ele seu sobretudo.
— Vamos começar? Estou tão animado, quase não consegui dormir esta noite.
Ri com o comentário e concordei. Decidimos começar com a pintura. Discutimos um pouco sobre como iríamos fazer e separamos o necessário.
Com as tintas abertas e com os pincéis em mãos, ficamos em frente à parede, hesitantes.
— Tem certeza que podemos fazer isso? Será se... É proibido?
— Eu não sei... - respondi. No fundo eu também estava preocupada.
Nos olhamos, um pouco confusos.
— Mas, quer saber? - disse mergulhando meu pincel na lata de tinta verde - Só se vive uma vez.
Assim que terminei de falar, passei o pincel na parede, deixando um rastro verde. Jimin me olhou chocado, mas logo ficou entusiasmado. Mergulhou seu pincel e fez o mesmo.
Começamos a pintar a parede aleatoriamente, enquanto ríamos constantemente de absolutamente nada.
Com o tempo, fomos ficando um pouco sufocados com as máscaras, e decidimos nos arriscar ainda mais. Revelamos nossos rostos radiantes, deixando as máscaras de lado. Pela primeira vez eu pude ver o rosto de Jimin de perto, pessoalmente, ao vivo e em cores. Devo admitir que não me orgulho de ter ignorado as medidas de segurança, mas aquele momento foi... mágico.
Enquanto pintávamos de maneira bagunçada já outra parede, senti uns respingos voarem em meu rosto. Jimin tinha jogado tinta em mim com seu pincel.
Olhei para ele com uma feição de choque, enquanto o olhava cair na risada.
Agora é guerra.
Mergulhei meu pincel na tinta e fiz o mesmo. Desta vez, eu caí na risada enquanto ele me olhava perplexo. Logo, ele começou a rir ainda mais enquanto jogávamos tinta um no outro, esquecemos completamente da parede.
— Minnie! Espera! - disse já sem fôlego de tanto gargalhar - Isso não vai sujar nossas roupas?
Paramos com a bagunça por uns instantes. Jimin mais uma vez espirrou tinta em mim, desta vez direto na minha roupa. O olhei com os olhos arregalados, mas não consegui conter a risada.
— Só se vive uma vez. - ele disse, começando a "guerra" novamente.
Depois de um bom tempo espirrando tinta um no outro, decidimos voltar a pintar a parede. Depois de não muito tempo, terminamos.
— Vamos assinar nossos nomes? - sugeri.
Ele concordou. Pegamos o spray preto que eu havia levado e formamos nossas iniciais.
J + M
Sorrimos orgulhosos com o resultado. Sentamos em frente à parede, perto das latas de tinta, um do lado do outro. Naquele momento nós esquecemos do distanciamento.
Na verdade, nós esquecemos de tudo.
Esquecemos do mundo.
Era apenas nós.
Minnie mergulhou o dedo indicador na tinta vermelha e tocou meu nariz, deixando uma manchinha ali. Ele sorriu, até que lentamente seu sorriso se desmanchou. Seu rosto estava próximo do meu. Agora sua feição sorridente era uma expressão concentrada. Olhei em seus olhos e percebi que faziam um percurso pelo meu rosto descoberto. Aquele olhar da biblioteca. O mesmo olhar, as mesmas sensações.
Desta vez, seu rosto também estava à mostra, sem máscara. Aproveitei a oportunidade e, assim como ele, viajei em seus detalhes. Seus olhos marcantes, os cabelos loiros caindo em sua testa, os lábios carnudos e vermelhos, as bochechas coradas que denunciavam sua timidez. Mergulhei meu dedo na tinta e repeti o que ele fez. Estávamos muito próximos, e bruscamente nos separamos e desviamos o olhar, tentando disfarçar o nervosismo e a timidez que insistiam em aparecer sem dizer o porquê.
Droga, Park Jimin! O que é isso que você causa em mim?
Já era início da noite quando voltamos à realidade e saímos dali. Eu sabia que tinha que voltar para casa, assim como ele, mas eu simplesmente não queria. Eu o tive comigo a tarde inteira, mas é como se não fosse o suficiente; não queria deixá-lo.
— É melhor eu ir... — falei em tom desanimado e meio triste.
Jimin assentiu e disse o mesmo.
Levantei uma de minhas mãos para acenar em sinal de despedida, até que fui surpreendida. Jimin segurou meu pulso e me puxou para perto de si, me envolvendo em um abraço. Fiquei surpresa e paralisada de início, mas não demorou para que eu o abraçasse de volta e relaxasse a cabeça em seu peito.
— É assim que melhores amigos se despedem, Marinna.
Sorri.
Pela primeira vez em muito tempo, recebi afeto pelo toque. Pelo calor. Uma sensação nova que não trocaria por nada.
Essa sensação, não quero deixar que ninguém a tire de mim.
Nem um vírus, nem uma regra, nada.
Eu a quero pra sempre.
Suspirei ao lembrar o que eu teria que encarar quando chegasse em casa. Ali estava tão confortável, seguro. Eu não queria sair, queria ficar ali, só por mais um tempinho.
Nos separamos depois de um tempo, cada um indo para suas moradias.
Não vejo a hora de encontrá-lo de novo.
Não vejo a hora.
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Oioii!
O capítulo de hoje foi mais curtinho, mas eu amei esse momento entre eles dois! ^^
Perdão pela demora em atualizar, estou em semana de provas (forças, guerreira).
Não esqueçam de deixar uma estrelinha para dar um apoio, muito obrigada por estarem acompanhando. Até mais! <3
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VIRTUAL - PARK JIMIN
FanfictionO ano era 2040, e o mundo se encontrava infectado por um vírus desconhecido. Agora, tudo está parado, todos estão isolados, as ruas estão vazias e os estabelecimentos fechados. Sabe quando sente-se solitário e exausto da intensa e repetitiva rotina...