O Demônio

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  "Non videmus manicae quod in tergo est"  

(não podemos ver a carga que carregamos nas costas)

        ─ Caio Valério Catulo (84-54 a.C.)

Kassandra

Algumas luas mais tarde...

As mulheres foram separadas dos homens, eles seriam distribuídos para os mais diversos setores e os que restarem seriam vendidos para a aristocracia assiriana, encontrava – me ao lado de Andreyna, sendo analisada pelos olhos atentos de um homem muito bem vestido.

─ Apsu quero aquelas duas para o castelo ,são as mais apresentáveis, tem todos os dentes e estão em perfeito estado. ─ Falou o homem que entendi que se chama Tuah e é o responsável pela manutenção do castelo de Assur. Estremi fraca e senti a mão trêmula de Andreyna tentando confortar – me.

─ Calma Sandra, posso te chamar assim? ─ Apenas fiz que sim com a cabeça.

─ Calma pelo menos não seremos vendidas, vai dar tudo certo eu tentarei sempre estar com você tu lembra – me minha irmã mais moça, e a ti tentarei proteger.─ Sentia a voz de Andreyna exalando aconchego e um acalento quase que maternal, ela tomou para si a missão de me fazer sentir confortável dentro daquele inferno e eu estava muito grata, porque sentia verdade e bondade vinda daquela mulher de olhos solares que pareciam guardar dores profundas.

─ Apsu quero elas limpas o imperador está no palácio, não quero que veja-as imundas desse jeito, as mandarei para Ninsina, quando terminar mando-as servi o nosso soberano. ─ Falou retirando – se. Ninsina pude ver que era uma mulher já de certa idade trabalhava há anos no castelo, e parecia – me ser amável e gentil.

─ Como é o nome de vocês?

─ Eu sou Andreyna e ela é Kassandra.

─ É um prazer conhecê – las.─ Disse Ninsina com um sorriso reconfortante.

─ O prazer é nosso. ─ Dissemos em unissono.

─ Venham meninas entrem na tina é água quente, vocês vão gostar.─ Falava a amável senhora num tom delicado.

─ Obrigado senhora, mas se me permite perguntar o que vamos vestir? ─ Perguntou apreensiva.

─ Não se preocupem já providenciei isso.─ Disse sorrindo e esfregando as minhas costas carinhosamente se continuasse assim eu poderia conseguir viver em paz e quem sabe poder ser um pouco feliz.

Minutos depois estávamos devidamente limpas e arrumadas, a senhora ficou impressionada com a nossa suposta beleza, sempre ressaltando o quanto tínhamos uma beleza exótica e mística, senti um tom de preocupação em sua voz, e percebi que ficou um pouco tensa. Depois de tudo devidamente em seu lugar o senhor Tuah mostrou onde seriam nossos aposentos e explicou o que deveríamos fazer dentro do palácio, o Imperador Mardok era um homem exigente e cruel com quem não o servia direito e esse conhecimento fez minha garganta fechar de temor.

─ Já sabem o que vão fazer, você Kassandra servirá as comidas e ficará para servir diretamente o Imperador e você Andreyna servirá as bebidas para os convidados.

─ Certo.─ Quase minha voz não saia tamanho era o meu medo, servir diretamente o imperador o homem mais cruel que já tinha ouvido falar causava – me calafrios.

─ Certo senhor Tuah, mas não vou tolerar que toquem em mim. ─ Disse Andryena encarando o senhor Tuah séria.

─ Não se preocupe não farão nada na frente do imperador e assim que ele se retirar vocês também se retirarão.─ Não conseguia sentir firmeza nas palavras do senhor e assim que olhei para Andreyna percebi que nem ela. Respirei fundo, pois querendo ou não teria que encarar o meu destino.

Da guerra ao AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora