Jardim do Entardecer

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"Amor perditus, cum reaedificatur, multo pulchrior, solidior et grandior crescit

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"Amor perditus, cum reaedificatur, multo pulchrior, solidior et grandior crescit." (E um amor arruinado, ao ser reconstruído, cresce muito mais belo, sólido e maior.)

William Shakespeare

Siclo* medida de peso usada na Mesopotâmia 550 siclos são são mais ou menos 6,237 Kg.

Nuri* cigana no antigo dialeto mesopotâmico.

Mardok

Kassandra era a coisa mais preciosa que eu tive o prazer de encontrar. Tão pura e doce, doce como ambrosia, como o mel que seu corpo expelia quando chegava ao seu prazer.

Sentia essa mulher em meu sangue, sob a minha pele, cravada em meus ossos como uma canção antiga. E isso era assustador como o inferno.

A possessividade que meu demônio tinha em relação a jovem cigana poderia ser minha morte, eu sabia que seria minha morte um dia, precisava lutar contra isso, mas não conseguia. Não queria lutar, não agora, e talvez nunca de fato o fizesse.

Meu demônio se contorcia em satisfação e luxúria, seu anseio de sangue transfigurado em desejo pungente pela menina a minha frente.

Pela menina mulher que humilhei, violei e destratei.

Tão jovem e vulnerável, tão indefesa presa a um demônio hostil e cruel.

Um arrependimento fugaz bateu em minhas estruturas internas por possui - la de forma vil, mas eu não sabia fazer de outra forma.

Fui forjado no sangue e na violência, meu pai me esculpiu na tortura, tendo que matar para não ter meu corpo mastigado e cuspido, violado e ferido.

O Imperador Mardoc Uard I no segundo em que respirei nesse mundo hostil me viu como um assassino, a escória rastejante que matou sua joia preciosa. Eu o entendia de certa forma, agora mais do que nunca eu o entendia.

Oh, doce cigana, que tipo de magia manipulas para ter a mim e ao meu demônio enredado em suas pequenas e doces mãos?

Ajude - me a decifrar esse turbilhão de emoções que me alvejam como uma devastadora tempestade do deserto, pequena feiticeira.

Guie - me em seu véu de mistério, pequena nuri, doce feiticeira. Deixe. - me decifra - la, permita - me conhecer os segredos dos seus olhos.

Mantive meu rosto impassível observando a ninfa a minha frente sob o véu do entardecer.

- Ah, então estas se escondendo aqui, olhos de mar. - Kassandra levantou o olhar me hipnotizando quase que sem querer. Isso era antinatural, inferno!

Ela não deveria ter esse poder sobre mim, sobre meu corpo e minhas entranhas.

Não podia permitir que ela e os outros percebessem ou que as coisas se aprofundassem mais entre nós, porém não encontrava forças suficientes no momento para me afastar.

Da guerra ao AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora