Capítulo IV

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Bruno

Acordo sentindo um movimento na minha cama. Um movimento não, um terremoto, mas sei exatamente do que se trata, se trata de um mini terremoto que acordou na minha frente.

— Acorda papai! — ela sorri e durante um pulo se desequilibra e cai sobre mim.

— Cuidado meu amor, vai se machucar! — sorrio e beijo o seu rosto. — Bom dia minha princesinha, dormiu bem?

— Uhum! Você chegou muito tarde, eu não te vi chegar e você não foi me dar boa noite! Queria que tivesse me chamado. — disse fazendo um bico.

— Hey, calma mocinha, uma coisa de cada vez — sorri. Acariciei os seus cabelos encaracolados e dourados enquanto ela me olhava curiosa. — Papai chegou muito tarde, você estava dormindo como a Bela Adormecida, então papai resolveu te deixar dormir e não interromper o seu sono, entende?

— Você sempre diz que é o meu príncipe, então deveria ter me acordado! — ela se senta e cruza os braços. Minha geniosa.

— Sempre serei o seu príncipe e por isso, como um bom príncipe, eu sei que preciso deixar a minha princesa descansar para estar bem disposta para ir para a creche das princesas! — digo a pegando no colo e levantando em seguida, a fazendo sorrir.

A coloquei para tomar banho enquanto fazia o nosso café da manhã. Escolhi a sua roupa e arrumei a sua mochila para a creche. Após o banho, penteei os seus cabelos da forma que mais gostava: bagunçado, apenas com uma tiara. Ela vestia uma calça jeans, uma camisa de algodão branca com uma camisa de flanela sobreposta e tênis. Eu sei, não é uma roupa muito feminina, mas me dá um desconto, eu não sei escolher vestidos e ela desde mais nova sempre gostou de usar esse tipo de roupa, então, apenas unimos o útil ao agradável.

Já passava das oito quando saímos de casa. Caminhamos por duas quadras até o ponto de ônibus mais próximo. Pensei em comprar um carro, mas acabei desistindo da ideia, ganho muito pouco, mal dá para arcar com o aluguel, luz e mercado, piorou a creche da Hope. Tem mês que eu preciso me desdobrar para não deixar faltar absolutamente nada para a minha filha, ela não pediu para vir ao mundo e muito menos para passar por tudo o que estamos passando. Por isso trabalho dia e noite para conseguir dar-lhe tudo o que merece e deseja.

Poderia muito bem deixá-la ir de ônibus escolar, porém sou medroso demais, zeloso demais e protetor demais para deixá-la ir sozinha.

A deixo na creche por volta de oito e meia. Tenho menos de meia hora para chegar na loja antes do meu horário, se chegar um minuto depois do horário, o Ed é capaz de me enforcar, por isso prefiro chegar o mais cedo possível. Caminho por cerca de 25 minutos até a loja, não pego outro ônibus, pois preciso economizar dinheiro. A grana extra que ganho tocando no bar não passa de 600 dólares por mês e aqui no Ed, ganho em média 12 dólares a hora, então preciso trabalhar muito para conseguir deixar tudo em dia.

Por sorte tudo dá certo e bato ponto no meu horário. Cumprimento a todos lhes oferecendo o meu bom dia e começo o meu dia de trabalho.

O meu dia foi bem longo e cansativo. Simplesmente uns três clientes me pegaram para cristo hoje e quiseram arrumar problema por conta de várias coisas. Dou graças a Deus por ser bem paciente e também por ter uma filha para saber que não posso me dar ao luxo de ficar trocando de emprego. Aqui eu ganho pouco, mas parado em casa vou ganhar absolutamente nada.

Olho no relógio de cinco em cinco minutos, sinto o peso do dia em minhas costas, estou acabado, realmente muito cansado. Como é sexta-feira, foi dia de arrumar o estoque, então passei boa parte do dia levantando e abaixando. Conclusão: estou morto.

Love UnfamousOnde histórias criam vida. Descubra agora