Camilla
Olho mais uma vez pela pequena janela do avião. Ver a cidade bem pequenininha lá embaixo me dá um misto de ansiedade, nervosismo e medo.
Hoje faz exatamente um mês depois daquele fatídico dia, há três semanas atrás cheguei em New York. Eu sou muito grata a tudo o que a Savannah fez por mim enquanto estive em sua casa. Como prometido ela falou com Afonso e em dois dias eu já estava recebendo o meu dinheiro. Nesse meio tempo consegui falar com Luna e ela nem pensou duas vezes em me convidar para morar com ela.
Luna é sobrinha de minha falecida mãe, filha da tia Dolores, que se mudou para Porto Rico há tanto tempo que eu nem me lembro quando foi.
A minha chegada em New York, mais precisamente no Brooklyn, foi bem tranquila. Quando cheguei no aeroporto me deparei com Luna segurando um cartaz à minha espera, achei muito fofo de sua parte. Sorri abertamente e corri em sua direção, sendo recepcionada com um forte e caloroso abraço.
— Minha querida! — sou recebida com muito carinho.
— Como está? — retribuo o seu abraço forte.
— Bem e você?
— Melhor agora
— Seja muito bem vinda! — sorriu abertamente!
Foram nada mais do que 55 minutos de ônibus do aeroporto até a sua casa. O lado ruim é que foram algumas horas de voo, tantas que literalmente me perdi no tempo e espaço, ainda mais na classe econômica toda apertada, então estava com o corpo destruído. O lado bom é que tive a oportunidade de conhecer parte da cidade e isso realmente foi muito legal.
Meus pais tiraram o meu visto quando eu ainda era muito pequena, eu deveria ter doze, quase treze anos, então a minha autorização para permanecer no país está expirando, tenho no máximo mais um mês e meio. Porém, não é isso que vai me fazer voltar para Cuba, eu vou ficar aqui, nem que seja como imigrante ilegal. Luna me disse que depois de estar dentro do país é só tomar certos cuidados que está tudo certo.
Quando chegamos em sua casa, fiquei realmente encantada, ela não era grande, mas era confortável. Eu teria um quarto apenas para mim, nele cabia uma cama de solteiro, um armário pequeno e nada mais, mas pra mim, já era o suficiente.
Luna está sendo incrível comigo, disse que não preciso me incomodar com nada por enquanto, que era apenas me instalar e tirar ao menos uma semana para me adaptar ao lugar.
Na semana em que cheguei, ela me levou para conhecer alguns bairros e dar uma turistada por aí. O lugar em que ela mora não é chique, em nada parece com New York, mas é o seu lar, a sua casa. Ela disse que mora em uma parte mais barra pesada, nada que eu me acostume em breve, e é aquilo, se não mexer com ninguém, ninguém mexe com você.
Quando eu vim, trouxe o restante que sobrou da minha rescisão, com o qual ajudei a minha prima com as primeiras despesas. Ela não quis aceitar logo de cara, mas não era justo estar em sua casa e não ajudar com absolutamente nada.
— Prima, eu preciso arrumar um emprego — a encarei durante o jantar.
— Sim, se você realmente pretende ficar, necessita arrumar uma ocupação.
— Eu quero ficar! — estava decidida. — Não é justo ficar aqui usufruindo da sua boa vontade e bondade comigo, preciso ter o meu próprio dinheiro, conseguir te ajudar com as contas e comprar as minhas próprias coisas.
— Fica tranquila, prima, você não incomoda! — ela sorriu verdadeiramente ao tocar em minha mão por cima da mesa.
Não demorou mais do que uma semana para que ela conseguisse um trabalho pra mim em um mercadinho, eu ajudava um senhor com a organização do estabelecimento. Não ganhava muito, apenas pouco mais de 3 dólares por hora. Não era nada certo, era apenas provisório para ajudá-lo no estoque.
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Love Unfamous
FanfictionJá ouviu uma música que diz "Amor é um fantasma que você não consegue controlar"? Essa facilmente poderia ser a trilha sonora da história de Camilla e Bruno. Camilla saiu de Cuba, sua terra natal, para NY, disposta a mudar de vida. Bruno é um pai so...