Before the storm - Livro 4, A Garota Corvinal

Homenagens

Caroline dormiu até o dia seguinte, acordando lá pelas nove horas da manhã. Tinha o corpo todo tenso e dolorido, se lembrava de bem pouco do dia anterior, se lembrava do corpo de Alisson, sabia que aquilo entraria para as coisas impossíveis de se esquecer, se lembrava da visita até a casa dos Roberts e das fotos que tinha ganhado da mãe de Alisson, e se lembrava de Tonks a mandando de volta para casa, mas não se lembrava de nada depois que chegou em casa.

Olhou ao redor, e viu que estava sozinha no quarto, a não ser por Ravena que estava sentada na beira da cama a observando atentamente com os olhos amarelos, como se não fosse deixá-la ir a lugar algum.

-Bom dia, Ravena – Carol disse jogando as pernas para fora da cama e gemeu colocando a mão na cabeça, estava com uma enxaqueca horrível.

Se esforçou para descer até o andar de baixo com Ravena acompanhando cada passo seu. O cheiro de alguma coisa cozinhando confirmava que ela não estava sozinha, e ao entrar na cozinha se deparou com Jorge se servindo de uma xícara de café.

-Bom dia – ele disse com um sorriso, mas Carol o conhecia bem demais para saber que ele estava também preocupado.

-Bom dia – ela respondeu indo em direção a mesa, também se servindo de café – Estou com uma dor de cabeça horrível...

-Deve ser porque você está sem comer a algum tempo – Jorge respondeu colocando um prato de ovos e torrada na sua frente, e tirou a caneca de café da sua mão – , e talvez seja melhor dar uma pausa na cafeína por hoje.

Caroline nem se deu o trabalho de reclamar, realmente seria bom dar uma pausa na cafeína.

-Que horas são? – ela perguntou olhando para o relógio e xingou quando viu que já eram 9:15 – Estou atrasada para o trabalho!

Ela fez menção de se levantar, mas Jorge pegou sua mão a puxando de volta.

-Quim te deu uma folga hoje, disse que era para voltar só quando estivesse boa – Jorge explicou.

-O que aconteceu? – Caroline perguntou preocupada – Eu me lembro de Tonks me mandando vir para casa, mas não me lembro de chegar aqui e o que eu fiz...

-Você teve uma crise de pânico e choro – Jorge contou em voz baixa e empurrou o prato para Carol, um pedido silencioso para que ela comesse – Quim me avisou que você estava mal e pediu para que eu viesse ver você, quando cheguei você estava debaixo do chuveiro, chorando e se debatendo.

-Me desculpa – Carol disse envergonhada, detestava imaginar que ele tivesse a visto daquele jeito – Eu não queria... Só foi muita coisa para digerir ver Alisson morta, e depois falar com os pais dela...

-Eu imagino, não precisa se desculpar, Lizzy – ele disse segurando sua mão por cima da mesa.

-Quando eu falei com os pais dela, meus avós me vieram na cabeça – ela contou e olhou para Jorge – Sabe, os pais da minha mãe, eles eram trouxas, não consigo imaginar a dor que deva ser para uma mãe perder o filho. E também pensei sobre Alisson ter a nossa idade, poderia ter sido qualquer um de nós ali, poderia ter sido o seu corpo...

-Mas não foi Lizzy – Jorge disse carinhosamente – Óbvio que o que aconteceu com Alisson foi triste, ela era nova e tinha uma vida pela frente, mas não quero que você fique se culpando pelo que aconteceu com ela. Você não tem culpa de nada, pelo ao contrário, sei que vai dar tudo o que tem e até o que não tem para descobrir quem foi o verdadeiro culpado.

-Obrigada – ela disse baixinho e sorriu de leve, apertando a mão dele – Obrigada por ficar comigo, e por ontem.

Ela não se lembrava do que tinha acontecido, mas sabia que Jorge tinha cuidado dela, como ele sempre fazia.