No dia seguinte, meu pai saiu para trabalhar e graças a Deus o Sangyeon tinha que ir resolver alguns problemas com a sua mãe, então terei a tarde toda apenas para mim.
Não que tenha muito para mim fazer nesse lugar, mas eu posso tentar aproveitar a minha própria companhia já que é a única que eu tenho. Peguei um dos meus quadrinhos e um copo de suco de melancia e fui para o quintal, me sentei no chão e deixei a leve brisa bater no meu rosto enquanto lia.
Os barulhos nas árvores voltou e eu já tinha me acostumado com isso, olhei para cima disfarçadamente e vi o garoto estranho atrás das árvores, não estava me observando e sim parecia ocupado olhando alguma coisa no chão todo entretido. Eu deixei o quadrinhos de lado e me levantei, andando em passos silenciosos até o menino.
Assim que eu estava bem próximo, ele sentiu minha presença e começou a correr, eu não sei porquê mas corri atrás dele também enquanto pedia para que ele parasse e não tivesse medo. Ele era muito rápido mas em um pequeno momento de distração ele tropeçou na raiz de uma árvore e caiu no chão.
— Ei, você está bem? — Pergunto finalmente conseguindo me aproximar do menino.
Ele não disse nada, apenas começou a choramingar e segurar o seu pé direito, eu olhei de longe e pude ver que nessa queda tinha se machucado, estava vermelho, ele torceu o tornozelo e parecia estar doendo muito.
— Eu te ajudo a te carregar até a casa do meu pai, ok? Aí a gente cuida do seu tornozelo — Conto e nem espero por uma confirmação, apenas me aproximo conseguindo o levantar e carregando ele até a casa do meu pai.
Ele não disse nada até o caminho, ainda chorava, o rosto vermelhinho por conta das lágrimas que ainda saíam. Eu o deixei no sofá da sala e liguei o rádio para alguma música tocar enquanto cuidava do tornozelo dele. Fui até a cozinha e peguei alguns cubos de gelo da geladeira e os enrolei dentro de um pano, voltei para a sala e me sentei no chão, de frente para o menino e segurei o seu pé, colocando o pano no seu tornozelo inchado.
— Isso é... Gelado — O menino disse fazendo bico e eu ri da sua cara de criança emburrada.
— Você fala... E sim, isso aqui é gelo, vai melhorar o seu tornozelo — Ele ficou quieto de novo e eu resolvi puxar assunto — Então... Por que você sempre foge de mim?
— Hyungs dizem que eu não posso falar com estranhos.
— Que hyungs?
— Os meus, eles dizem que é perigoso.
— Se é perigoso falar com estranhos então por que que te vejo direto aqui perto da casa?
— Porque você é adolescente também, hyungs falaram que não tinha ninguém da minha idade por aqui mas aí eu vi você, só não me aproximei porque estava com medo.
— Mas e o Sangyeon? Ele mora aqui há alguns meses e é adolescente.
— Ele nunca está perto da floresta então eu só o vi uma vez.
— Entendo — Eu puxei uma cadeira e deixei sua perna apoiada nela, só sai por um tempinho para pegar um remédio de dor e um copo de água — Toma isso aqui, vai melhorar.
— Eu não vou tomar isso, e se você me matar?
— Por que eu te mataria? Eu só quero que você melhore logo.
— Eu nunca tomei isso quando estava doente, meus hyungs fazem chá para melhorar — Ele cruza os braços e por um pequeno momento achei que estava lidando com uma criança birrenta.
— Ok... Quantos anos você tem? — Pergunto enquanto voltava a cozinha.
— 17 anos — Ele respondeu depois de alguns segundos pensando.
— Você é mais velho, eu tenho 16 — O rádio começou a tocar uma música da Sarah Vaughan e eu cantarolava enquanto me sentava na cadeira e segurava o pano contra o tornozelo do menino.
— O que é isso? — Eu o olhei confuso — Que está tocando.
— Sarah Vaughan, você nunca ouviu? — Ele balança a cabeça negativamente — É Jazz, o melhor estilo musical que existe.
— É legal — Ele ficou olhando para o rádio enquanto eu continuava com o trabalho e cantarolava a música sem vergonha se ele estava prestando atenção ou não — Qual o seu nome?
— Ji Changmin, e o seu?
— New — Eu o olhei surpreso e ao mesmo tempo confuso, que raios de pais colocam o nome do filho de New?
— É o seu nome mesmo ou um apelido?
— É assim que os hyungs me chamam.
— Quem são esses hyungs que você tanto fala?
— Eles cuidam de mim desde que me acharam desacordado na floresta, são como irmãos mais velhos — Ele ficou quieto ouvindo a música mas logo ficou ansioso e começou a se mexer no sofá querendo levantar, mas eu não deixei — Eu preciso voltar para os hyungs, eles vão ficar preocupados.
— Você não pode sair com o tornozelo assim.
— Eu preciso ir, senão eles vem atrás de mim e vão achar que você é menino mal.
— Eu te ajudo então — Eu levei o pano para a cozinha e voltei para o segurar pela cintura, o ajudando a andar numa perna só.
Não foi uma tarefa fácil conseguir sair de casa e entrar na floresta com ele assim, eu fiquei surpreso ao ver que ele morava dentro da floresta e não no meu bairro como achava. Ele andava olhando para o chão e as vezes gemendo de dor por causa do tornozelo.
Eu escutei barulho de passos se aproximando e eu olhei envolta mas não vi nada, continuamos andando até o barulho ficar mal alto e dois homens aparecerem na nossa frente.
— Hyungs — New grita querendo se soltar de mim e correr na direção dos dois homens que me encaravam com o mais puro ódio que já vi.
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Garoto Da Floresta // NyuKyu
Fanfiction{🖼} Changmin odeia passar as férias na casa do seu pai pelo simples fato dele morar no fim do mundo, como o próprio menino dizia. Já previa todo o tédio que passaria naquela casa mas ao ver a floresta acabou se deparando com a figura de um menino j...