Capítulo 17

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Estou ligeiramente ansiosa quando desço com minha mala para esperar Steve.

Os três dias que antecederam o Natal foram um tanto bizarros, para dizer o mínimo.

Por causa da onda de boatos (a banca de apostas continuava pegando fogo até ontem. Pelo que eu tinha observado, graças a Deus, ninguém teve a audácia de incluir o nome de Steve), eu fugi dele como o diabo foge da cruz.

Não que fosse fácil. Steve parecia estar em todos os lugares e meu desejo de tornar verdadeiras as fofocas sobre as minhas transas quentes em locais
inusitados na empresa era imenso. Sem contar que só conseguia me lembrar de suas últimas palavras sobre quando estivéssemos na casa de seus pais, onde teríamos permissão para sermos noivos com tudo que tínhamos direito.

Eu sentia necessidade de me abanar toda vez que pensava nisso, apesar da temperatura estar quase zero em Londres.

No momento estou arrastando minha mala até a porta e verifico o relógio, ansiosa.

Ele enviou uma mensagem ontem dizendo que era para eu esperá-lo às 10h e quase nem dormi pensando em como ia ser. Nunca esperei tanto por um Natal, nem quando era criança e ainda acreditava que o Papai Noel ia descer pela nossa chaminé e deixar a casa da Barbie para mim.

Eu só esperava que esse Natal não fosse uma decepção como aqueles de quando era criança, pois minha mãe riponga sempre dava um jeito de me presentear com brinquedos artesanais, como uma casa da bruxa feita de pano de cortina (minha avó ficou puta, porque minha mãe destruiu a cortina da sala), ou pedras mágicas que ela encontrava nas ruas.

O carro elegante estaciona e tento conter a onda de alegria descabida quando abro a porta e entro.

Meu sorriso morre no rosto quando percebo que não é Steve que está dirigindo.

E sim seu cunhado, Scott.

— Scott?

— Bom dia, Natasha?

— Cadê o Steve?

— Steve teve um imprevisto e não pôde te buscar, ele só vai à tarde — responde dando partida.

— E mandou você vir em seu lugar? — Aquela história estava muito esquisita.

— Eu estava na cidade e ele pediu que eu a levasse.

“Justo você?” quero questionar, meio malcriada, mas decido ficar em silêncio. A verdade é que, de todos os familiares de Steve, aquele com quem me sentia menos à vontade era Scott.

Sempre parecia me encarar como se tivesse certeza que eu era uma farsa. Ele não poderia saber, não é? Ou poderia?

Prosseguimos em silêncio por um tempo, até que resolvo puxar assunto.

— Que tipo de imprevisto Steve teve?

— Você não sabe? — Ele levanta a sobrancelha.

Ah, merda. Como noiva de Steve eu deveria saber dessas coisas, né?

— Ele não teve tempo de me contar, ao que parece. Sabe como ele é… — Jogo no ar, tentando parecer convincente.

— Ele foi até uma feira de discos em Liverpool. Disseram que lá encontraria o tal que está caçando há tempos.

— Ah, Sex Pistols. — Eu me recordo de Steve contando que estava à procura de um álbum da banda quando descobri seu vício em vinil. Ao que parecia ele era mesmo aficionado, para ter se abalado até outra cidade em plena véspera de Natal.

— Sim, esse mesmo.

— Espero que ele encontre, já está procurando faz tempo — arrisco um conhecimento que não tenho para me exibir para Scott.

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⏰ Última atualização: Dec 19, 2024 ⏰

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