Capítulo 9

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Steve


Espera.

Natasha Romanoff está dizendo que não vamos mais transar?

Fico olhando para seu rosto impassível, tentando entender que porra ela está pensando. Nunca quis tanto ler o pensamento de alguém como quero ler o dela neste momento.

É exatamente o que eu quis dizer quando a chamei de imprevisível!

Como assim ela está desistindo?

Depois de colocar todas aquelas ideias sacanas na minha cabeça, ideias que tinham permeado meus pensamentos o dia todo, mesmo depois de deixá-la em casa e me reunir com minha família, todos muito encantados com "minha noiva". Mesmo quando eles se desmanchavam em elogios, Hope dizendo que já previa que seriam ótimas amigas e minha mãe oferecendo o seu próprio vestido de casamento, enquanto Florence perguntava quando seria o grande dia e até meu pai entrou na onda casamenteira perguntando quando iríamos conhecer a família da "minha noiva".

Porra! Eles não cansavam de tanta insistência? Eu passei a tarde fingindo concordar com seus planos mirabolantes, quando na verdade só conseguia pensar em tudo o que iria fazer com Natasha na minha cama naquela noite.

Em que momento minha falsa noiva tinha se tornado uma pequena obsessão?

Quando ela ergueu o queixo e disse que queria uma noite comigo sem vergonha alguma, me fazendo imaginar desde quando nutria aquela atração por mim, se me seguia pela empresa, arquitetando maneiras de chamar minha atenção quando eu nem fazia ideia de sua existência?

Será que o fato de ela estar no meu carro na outra noite foi armação?

E eu me importava?

Merda, não!

Eu só pensava que tinha sido tão consciencioso ontem à noite, quando deveria tê-la colocado embaixo de um chuveiro gelado, lhe dado café quente e a acordado com minhas mãos. Ou minha boca.

Porra. Só de pensar no que podia ter acontecido, no que com certeza ainda iria acontecer, me deixou com uma baita ereção inadequada o dia inteiro.

Eu só pensava em buscá-la e terminar logo com aquilo.

Então quando a vi na porta do apartamento, usando o lindo vestido que pedi à Hope para escolher para substituir o que havia perdido na festa, com seus olhos brilhando de antecipação, um alarme piscou como uma sirene do esquadrão antibombas em minha mente.

Eu me lembrei que ela não era apenas muito desejável. Ela era divertida. E provocadora de um jeito que me exasperava e me deixava vivo.

E me dei conta de que estava desejando aquela garota imprevisível de um jeito que nunca tinha desejado ninguém antes.

E ela era uma funcionária da DBS.

E minha falsa noiva.

E com certeza tinha alguns parafusos a menos na cabeça.

Além de poder ser uma perseguidora sexual psicopata, se eu levasse em conta todas as coisas malucas que vinham acontecendo desde que a conheci.

Natasha Romanoff estava pirando minha cabeça.

Exatamente como as perseguidoras sexuais psicopatas faziam naqueles programas de TV sobre crimes passionais.

Porra!

E então eu tentei me conter. Voltar a ser o que deveria ter sido desde que propus aquele acordo. Frio como gelo.

Foi justamente o gelo que me traiu, quando a conduzi pela pista de patinação sentindo seu perfume incrível e seu sorriso perfeito.

Dali para o beijo foi um pulo.

E então me dei conta que não importava que fosse uma perseguidora sexual.

Eu a queria.

Merda, eu estava fodido.

Quando ela me encarou com aquele olhar que dizia sem palavras que todo o desejo que estava me sufocando era recíproco, senti novamente aquele medo me assolar.

Disfarcei dizendo que a beijei apenas para reforçar nossa farsa.

Afinal, embora estivesse disposto a fazer algumas coisas bem sacanas com Natasha Romanoff, seria só isso.

Sexo.

E ela voltaria a ser apenas uma funcionária qualquer da DBS na segunda-feira.

Não mais minha noiva de mentira.

Ou meu objeto de desejo.

Agora ela está jogando um balde de água fria nos meus planos.

E de novo tento entender o que se passa na sua mente psicopata.

Só isso para explicar a mudança brusca. Porque não era possível que ela não tivesse sentido o mesmo que eu quando a beijei.

Respiro fundo tentando manter o foco.

- E posso saber o motivo dessa mudança de planos? - indago com a voz mais fria que encontro.

Ela dá de ombros.

- Não estou mais interessada.

- Como é?

- Isso mesmo. Não quero mais transar com você.

- Por quê? - Tento manter a voz impassível.

- Olha, Steve, não quero ferir seus sentimentos, porém não senti nada quando me beijou.

O quê?

- Está mentindo.

Ela ri.

- Não estou. A verdade é que seu beijo é péssimo!

Desta vez sou eu que rio.

Ela só pode estar de brincadeira!

- Isso não é verdade.

- Se quer pensar assim...

Minha família se aproxima em peso, encerrando nossa discussão.

- Vamos embora? - meu pai diz. - Já está tarde, crianças.

- Sim, vamos embora. - Puxo Natasha pela mão até o carro, ignorando seu rosto fechado.

Quando entramos no carro, ela me encara.

- Talvez nem seja necessário que eu durma na sua casa...

- Vai dormir lá, sim. Minha família espera por isso. - Não vou deixá-la se safar tão fácil.

Dou partida, arrancando com o carro.

Estou furioso.

Natasha Romanoff me provocou.

Ela me desafiou.

Ela não faz ideia onde se meteu.

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