Dia da ruína - Ciclo terra

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Todoroki permaneceu ao meu lado em todo ciclo de fogo, e nosso amor, apesar de improvável, era sublime, intenso e, contra todas as expectativas, puro. Conversamos e rimos muito juntos, e meu amado acabou por confessar que tinha tantas dúvidas sobre mim quanto eu sobre ele.

Quando o pior ciclo se findou concordamos de nos encontrar onde batizamos de "nossa cerejeira". E mal podia esperar para vê-lo com asas. De repente, um vento forte bagunçou meus cabelos.

Ao virar-me pude ver a corrente de ar vindo de seu bater de asas, em nítida provocação.

- Está tão lindo – elogiou-me ainda no ar.

- Não tem vergonha de sair voando sem camisa assim? – indagei com uma pitada de irritação.

- Enciumado? – devolveu a pergunta com um sorriso provocante.

- E se eu estiver?

- Não haverá em todo universo ser mais feliz que eu – respondeu com aquele semblante meigo maravilhoso.

Mordi o lábio.

Tão logo ele pousou, uma pena desprendeu-se, vindo até mim, impelida pelo seu poder, e acariciando-me. Depois de desfrutar do toque o quanto pude, peguei a pena a cheirei, estava impregnada com seu perfume.

- Eu deveria prendê-lo, como fez comigo da última vez.

- Não sabe o quanto estou esperando por isso.

Nesse momento, ordenei aos ramos que o envolvessem, trazendo-o ao chão e deixando-o de joelhos. A seguir, criei pequenas flores aveludadas e iluminadas, espalhando-as por todo ar, impelindo-as a rodeá-lo, a acaricia-lo e a tocá-lo em meu lugar.

Todoroki se entregou ao toque das flores, parecia extasiado, vê-lo tão a minha mercê trouxe à tona meus instintos. Sem perceber, meus olhos não se desviavam do peitoral perfeito e torneado, vislumbrando quase hipnotizado a parte sensível intumescida.

Ordenei às flores que roçassem em seu falo, e no mesmo instante, ele gemeu, estremeceu-me por completo.

- Ah! Assim, meu amor – suplicou e seu tom estava sobremodo sensual.

Dei-me conta do quanto estava ultrapassando os limites, maneei a cabeça e o libertei.

- Izuku, não.

- Shoto, perdoe-me. Havíamos concordado em não nos desejarmos assim, é muito forte e extremamente doloroso para nós.

Todoroki exalou um suspiro pesado, depois levantou-se e se forçou a sorrir.

- Izuku, isso é normal. Nós nos amamos, o estranho seria se não nos desejássemos – afirmou e, visivelmente, continuava obrigando-se a sorrir.

Acabei rindo da sua lógica, com meu riso, um sorriso espontâneo também emergiu dele.

Em seguida, deitei sob a cerejeira, Shoto bateu as asas e se acomodou num dos galhos bem acima de mim, também se deitando, de maneira a permitir que pudéssemos permanecer olhando um para o outro. Mal havia se ajeitado e passou a fazer caretas engraçadas para me fazer rir, no fundo, ele ainda temia uma fuga minha. Sorri para tranquilizá-lo. Seus olhos, eram simplesmente magníficos. Seu cabelo comprido voava com o vento oeste... era um momento perfeito.

Entretanto, inesperadamente, como se a maldição enfim tivesse nos alcançado, o galho no qual Shoto havia se reclinado, rompeu-se, e ele despencou. Num milésimo de segundo, Todoroki abriu suas asas e planou ao mesmo tempo em que eu, em um reflexo, criei uma barreira de vergônteas para impedir nosso contato.

Mesmo assim, ele chegou tão perto que pude sentir sua respiração ofegante em meu rosto. Quando enfim abandonamos a inércia, vislumbramos nossos dedos se tocando.

Mas não foi só.

A terra passou a tremer em abalos violentos, os céus se escureceram, e a realidade começou a distorcer a nossa volta, como se todas as vidas, em todo universo, não tivessem passado de um ligeiro sonho.

Quando conseguimos, enfim, raciocinar Shoto bateu as asas e voou um pouco mais alto, distanciando-se de mim. Só então tudo pareceu voltar ao normal.

- Todoroki Shoto e Midoriya Izuku o que pensam que estão fazendo? – a pergunta veio de All Might, o deus do espaço.

- Ficaram loucos? – a segunda pergunta sobreveio de Mirai Sasaki (vulgo Sir Nighteye), o deus do tempo.

- Não foi nada, foi apenas um acidente e não voltará a acontecer – Shoto brandava.

"Meu Deus, o que fizemos! " – pensei sobremaneira assustado.

- Midoriya, eu não lhe avisei? É proibido aproximar-se de Todoroki! – repreendeu-me o deus do espaço.

Ao dar-me conta de que quase havíamos extinguido tudo, lágrimas acabaram rolando, amargas e culpadas.

- Não, Izuku. Foi só um acidente, não tornará a acontecer – Shoto insistia, já tomado pelo desespero.

- Midoriya, vamos agora! – impôs All Might, um dos mais velhos seres imortais.

Levantei resignado e segui o deus do espaço enquanto ele abria um portal de volta ao templo.

- Izuku, não, por favor – suplicava me amado.

Voltei-me na direção de Shoto e usei meu poder para que uma flor iluminada chegasse até suas mãos. Após, transpassei a abertura e, mesmo já em outro lugar no espaço-tempo, ainda pude ouvir o seu brado.

- NÃÃÃÃÃOOOOOOO!!!! 

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シ︎

𝙴𝚜𝚙𝚎𝚛𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚝𝚎𝚗𝚑𝚊 𝚐𝚘𝚜𝚝𝚊𝚍𝚘 𝚍𝚘 𝚌𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘, 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚊̃𝚘 𝚜𝚎 𝚝𝚒𝚟𝚎𝚛 𝚊𝚕𝚐𝚞𝚖 𝚎𝚛𝚛𝚘 𝚘𝚛𝚝𝚘𝚐𝚛𝚊́𝚏𝚒𝚌𝚘.
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Deuses dos quatro elementos - TodoDekuOnde histórias criam vida. Descubra agora